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Thiago Gonçalves

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Como surge um buraco negro? Novo método identifica 'bebês' em galáxias anãs

Imagem do Hubble da galáxia anã Henize 2-10, que contém um pequeno buraco negro - NASA/ESA/Zachary Schutte/Amy Reines/Alyssa Pagan
Imagem do Hubble da galáxia anã Henize 2-10, que contém um pequeno buraco negro Imagem: NASA/ESA/Zachary Schutte/Amy Reines/Alyssa Pagan

03/06/2022 04h00

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Graças à divulgação recente da imagem do buraco negro central de nossa galáxia, vimos um interesse enorme por esse tipo de objeto nas últimas semanas. Embora ainda misteriosos, agora conhecemos até a aparência do nosso Sagitário A*.

No entanto, cientistas ainda buscam resolver um problema até agora sem solução: como esses buracos negros supermassivos, com milhões ou até bilhões de vezes a massa do Sol, surgiram?

Sabemos que eles têm de crescer junto com sua galáxia hospedeira. Afinal, sabemos há mais de 20 anos que, quanto maior a galáxia, maior o buraco negro no seu interior. Assim, para encontrar suas origens, devemos buscar os menores objetos nas menores galáxias.

O grande problema é que os buracos negros menores também são menos brilhantes.

A emissão luminosa de um buraco negro vem da matéria na sua proximidade, que forma um disco de gás e poeira quente, emitindo radiação. É o que vemos também na imagem de Sagitário A* —mas quanto menor o buraco negro, menos emissão.

Agora, uma equipe liderada por Mudgha Polimera, da Universidade da Carolina do Norte, desenvolveu um novo método para buscar buracos negros supermassivos.

Usando a emissão dos átomos de hidrogênio e oxigênio do gás ao seu redor, os cientistas puderam verificar que essa é uma forma mais eficiente de encontrar objetos mais fracos, em comparação com os elementos que se usavam até então.

O problema é que a emissão do buraco negro pode se confundir com a emissão de novas estrelas, por exemplo. Assim, sempre foi difícil distinguir um pequeno buraco negro de uma região de formação estelar intensa. O novo método, no entanto, consegue distinguir os dois processos muito bem.

Assim, a equipe de Polimera consegui determinar que até 3% das galáxias anãs —isto é, as menores galáxias do universo— podem abrigar um buraco negro supermassivo que está devorando o material ao seu redor e crescendo rapidamente.

Sheila Kannappan, coautora do trabalho, comenta a importância do resultado: "os buracos negros que encontramos são os blocos de construção fundamentais dos buracos maiores semelhantes ao da nossa Via Láctea".

Ou seja, com a nova descoberta, os cientistas podem ter desvendado o elo perdido da evolução de buracos negros, aqueles pequenos objetos que no futuro formam seus irmãos maiores.

É um trabalho promissor: ao encontrar novos candidatos, agora podemos examinar cada um deles com cuidado, tendo acesso a uma amostra muito mais rica do que talvez sejam os buracos negros bebês em galáxias anãs.