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Ricardo Cavallini

Zoom já era? Tem gente fazendo reunião online no game Red Dead Redemption

Cena do game Red Dead Redemption II - Divulgação
Cena do game Red Dead Redemption II Imagem: Divulgação

22/05/2020 04h00

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Tem empresa usando o game Red Dead Redemption II online para fazer reuniões. É o caso de Viviane Schwarz —autora inglesa de livros, jogos e quadrinhos— e sua equipe editorial.

Seu depoimento chamou atenção esta semana quando postou sobre a experiência no Twitter.

Muito mais divertido e inspirador discutir em volta da fogueira, no meio da floresta, do que ficar olhando para vários quadradinhos com o rosto dos colegas agredidos pela ausência da boa iluminação.

"A paisagem é incrível para que você possa caminhar e conversar, e se algum outro grupo atacar, eles só terão cinco minutos para lutar com você, o que é de fato uma pausa para o chá...", escreveu Schwarz.

Porém, esses jogos online permitem mais do que simplesmente sentar e conversar.

Fico imaginando se, numa situação de ambiente virtual, uma surra no seu chefe ou um tiro no meio das ventas do sujeito seria motivo para demissão por justa causa.

Exagerei, é claro, mas a provocação é válida. A etiqueta do mundo físico vale para o mundo virtual, mas a representação por avatares em um mundo fictício deixa essa questão mais nebulosa.

Imagine situações menos radicais.

Um heterossexual cujo avatar seja uma drag queen caricata poderia ser considerado homofóbico?

E o dress code? Estamos passando por uma evolução onde a rigidez de certas empresas vem sendo questionada. Mas os limites ainda são subjetivos. Enquanto algumas empresas entendem que casual é não usar gravata, outras permitem shorts e camisetas regatas.

Claro, na maioria delas não pegaria bem você fazer conferência sem camiseta, mas teria algum limite no mundo virtual?

O bom senso seria abstrair toda e qualquer representação? Faça esse exercício, envie essa questão aos seus colegas e veja se todos concordariam.

A discussão sobre o que é frescura e o que é sério cresceu muito nos últimos anos. Enquanto alguns criticam o politicamente correto, outros apontam para a necessidade de se acabar com atos e expressões de origem homofóbica ou preconceituosa. Do outro lado, o totalitarismo e a liberdade de expressão entram em conflito.

Enquanto evoluímos, a discussão é necessária e não é fácil. E se tornará cada vez mais complexa nos próximos anos.