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Camisa-de-vênus virou camisinha, mas por que o preservativo tem esse nome?
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Por que a camisinha tem esse nome? - Pergunta de Daniel Dias, São Paulo (SP) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.
Questionamento um tanto precoce, infante paulistano, mas vamos lá.
Para nos revestir de conhecimento sobre porque chamamos o preservativo masculino de camisinha convidei o linguista e filólogo Thomas Finbow, do Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP).
A camisinha nossa de cada dia é um diminutivo da expressão camisa-de-vênus, que, de acordo com Finbow, têm suas origens lá na Idade Média.
Começando de trás para frente: por que a tal camisa é "de Vênus" e não "de Marte" ou de outra divindade qualquer? Finbow comenta que trata-se de uma evidente associação com a deusa romana do amor.
"Além disso, as doenças ou infecções sexualmente transmitidas (DST/IST), cuja prevenção era o principal objetivo da criação dos preservativos, eram chamadas de 'doenças venéreas', ou seja, que vinham 'de Vênus'", diz.
A ideia era de que tais enfermidades eram castigos enviados pela deusa aos humanos.
E onde entra a "camisa" nessa história? "É provável que 'camisa', do latim camisia, se refira à função do preservativo de cobrir ou 'vestir' o pênis e ao fato de que, antigamente, havia preservativos feitos de linho, que era o mesmo tecido das camisas", afirma Finbow.
Ainda de acordo com o filólogo, na década de 1560, o médico italiano Gabrielle Fallopio (sim, o mesmo que nomeia as trompas ou tubas uterinas) deixou registrada a primeira descrição do preservativo de linho.
"Fallopio afirma ter testado a capa de linho em 1.100 homens e nenhum deles teria contraído sífilis, a principal preocupação dos usuários à época", completa.
Além do linho (e de qualquer associação com camisas, portanto), a humanidade testou vários materiais como barreira para evitar não somente doenças como também a gravidez. Desde a Antiguidade, diversas culturas fizeram uso de variados materiais, como papel de seda, tripas, bexiga, cascos, chifres e peles de animais etc.
Com a invenção da vulcanização, em meados do século 19, pelo americano Charles Goodyear, a borracha passou a ser mais elástica e moldável e roubou a cena. Mas o reinado da borracha só durou até os anos 1920.
O modelo de fabricação que vigora até hoje, mergulhando cilindros de vidro em uma solução de látex, criado pelo polonês-alemão Julius Fromm, resultava em um preservativo mais fino e mais elástico do que a borracha —e sem emenda ou costura!
Não à toa, o látex acabou tornando-se a principal matéria-prima na confecção das camisinhas até hoje.
O cenário, contudo, está ficando mais diverso: materiais alternativos ao látex, como o poliuretano e o poliisopreno (látex sintético) ganham espaço ao atender pessoas alérgicas ao látex e prometendo mais sensibilidade —já que conduzem melhor o calor.
Pronto, depois de mais uma dúvida devidamente desnudada, esta coluna recomenda: vista camisinha!
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