Topo

Pergunta pro Jokura

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Número no nome: por que setembro não corresponde ao mês sete no calendário?

Representação dos meses september (setembro, em português) e october (outubro) no calendário romano - Reprodução/ Flickr
Representação dos meses september (setembro, em português) e october (outubro) no calendário romano Imagem: Reprodução/ Flickr

22/02/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Por que setembro não corresponde ao mês sete no calendário? - Pergunta de Luna Dias, de Morro Cabeça no Tempo (PI) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.

O tempo perguntou pro tempo quanto tempo você tem para entender essa confusão, cara morrense. Pois saiba que quando o calendário romano foi criado —reza a lenda que pelo próprio fundador de Roma, Rômulo, em 753 a.C.— setembro era o sétimo mês, outubro era o oitavo, novembro era o nono e dezembro era, veja só, o décimo.

Esse calendário era lunar (baseado nas fases da Lua) e continha apenas os dez meses que listo a seguir:

1. Martius
2. Aprilis
3. Maius
4. Iunius
5. Quintilis
6. Sextilis
7. September
8. October
9. November
10. December

Ou seja, nessa época, o ano começava em março e não existia janeiro nem fevereiro. Julho e agosto já estavam lá, só que batizados como quintilis e sextilis —mas isso eu explico no final.

O ano durava 304 dias e o inverno meio que não contava nesses meses. Quando chegava a época mais fria, os caras acrescentavam algo em torno de 50 dias extras, fora do calendário oficial, e sincronizavam o ano com o ciclo solar para manter as estações mais ou menos na mesma época. Aí chegava 1º de março e o ano começava novamente.

Ainda de acordo com a tradição, o sucessor de Rômulo, Numa Pompílio, teria reformado a contagem do tempo 40 anos depois da fundação de Roma. Inspirado no calendário dos gregos, que era lunissolar (ou seja, conciliava os ciclos da Lua, definindo a duração dos meses, e do Sol, demarcando a duração do ano), acrescentou dois meses, que batizou de ianuarius (janeiro) e februarius (fevereiro).

Só que, de acordo com alguns historiadores, os dois novos meses foram adicionados no final do ano e setembro continuava como sétimo mês, outubro como oitavo e assim por diante.

Como ainda não havia o ano bissexto como conhecemos hoje (com um dia acrescentado em fevereiro a cada quatro anos para sincronizar os ciclos solar e lunar), os romanos tinham um 13º mês, chamado intercalaris ou mercedonius, que só aparecia no calendário de tempos em tempos, uma bagunça.

Nesses anos bissextos antigos, então, podemos dizer que setembro era o mês oito e dezembro era o mês 11, com janeiro e fevereiro sendo os meses 12 e 13, respectivamente.

Só depois de mais de 500 anos, em 154 a.C. é que janeiro passou a ser o primeiro mês do calendário romano, estabelecendo a contagem que usamos até hoje, com setembro sendo o 9º mês e dezembro o 12º.

Importante ressaltar, porém, que alguns historiadores especulam que o próprio Numa Pompílio teria colocado janeiro e fevereiro no começo da lista, ainda no século 8 a.C. Avisei que seria confuso...

Para finalizar essa contação de história, quintilis, que começou como quinto mês do ano e passou a ser o sétimo (não sabemos se no século 2 a.C. ou 8 a.C.), mudou de nome após a morte do general Júlio César, em 44 a.C, emboscado pelos senadores romanos. O próprio senado rebatizou o mês de nascimento de César como julius.

A morte de Júlio César abriu espaço para o fim da república romana e para a ascensão do primeiro imperador, que nasceu Otávio mas mudou seu nome para Augusto ao fundar o império. Com sua morte, o mês sextilis (que a essa altura era o oitavo do ano), passou a ser chamado de augustus, que virou agosto em português.

Tem alguma pergunta? Deixe nos comentários ou mande para nós pelo WhatsApp.