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Pergunta pro Jokura

Quesito: tema. Nota deeez! Que escolas de samba já homenagearam cientistas?

Monica Volpin/ Pixabay
Imagem: Monica Volpin/ Pixabay

24/02/2020 04h00

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Pergunta de Rodolfo Lia, de Sapucaí-Mirim (MG) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui

Essa mistura da arte com a ciência brasileira já foi mais prestigiada em outros carnavais, diz aí, Rodolfo. E é caso antigo: a primeira menção a um cientista em samba-enredo já faz mais de 70 anos.

Nosso quase vencedor do Nobel, o físico César Lattes, foi homenageado em 1947 com o samba "Brasil, ciências e artes". A escola pioneira só poderia ser a Estação Primeira de Mangueira, que, uma pena, foi vice-campeã no Carnaval daquele ano. E para fazer jus ao homenageado, o sambista era do mesmo quilate: Cartola compôs a canção em parceria com Carlos Cachaça. Tem até versão do Gilberto Gil para esse samba, curte aí:

O samba do Lattes foi só o primeiro de um vasto currículo que resumirei a seguir, considerando apenas escolas do grupo especial dos carnavais do Rio e de São Paulo (caro leitor folião, se souber de blocos carnavalescos que homenageiam cientistas ou de outros sambas, dessas e de outras cidades, com a mesma temática, avise lá nos comentários, faz favor):

Em 1969, a gloriosa Mocidade Independente de Padre Miguel ficou apenas em sétimo lugar ao se apresentar com "Vida e Glória de Francisco Adolfo de Varnhagen", tributo ao importante mas pouco conhecido historiador brasileiro do século 19.

Quase 20 anos depois, em 1988, foi a vez do carnaval paulistano homenagear um cientista "da gema": Paulo Vanzolini. O zoólogo e notório compositor da MPB, autor de sucessos como "Ronda" e "Volta por Cima", foi homenageado pela Mocidade Alegre com o enredo "O Cientista Poeta". A escola bateu na trave e acabou em segundo lugar. Com a morte de Vanzolini em 2003, a Vai-Vai o homenageou em 2005 com "Eu Também Sou Imortal", conquistando a quinta colocação.

Ainda em São Paulo, em 1999, a Leandro de Itaquera evocou Paulo Freire. O terceiro cientista mais citado no mundo entre autores de ciências humanas inspirou "Educação, Um Salto para a Liberdade Por Paulo Freire". A escola ficou na quinta posição.

A Mangueira repetiu, 62 anos depois do enredo do Lattes, um samba em celebração a um cientista: Darcy Ribeiro. A verde-rosa desfilou para o sexto lugar em 2009 no embalo de "A Mangueira traz os Brasis do Brasil, Mostrando a Formação do Povo Brasileiro", samba baseado em "O Povo Brasileiro", obra mais célebre do antropólogo, que também foi o idealizador do Sambódromo na Marquês de Sapucaí quando era vice-governador do Rio de Janeiro (1983-1987).

Darcy, inclusive, batizou a passarela do samba duplamente. Foi ele quem inventou o termo "sambódromo" e também é dele o nome oficial do local: Passarela Professor Darcy Ribeiro. Dá para cravar que Darcy é o cientista mais homenageado do Carnaval ou não?

Como se não bastasse, em 2020, o professor volta a ser cantado na avenida pela escola Império da Uva, do grupo de acesso do carnaval carioca, com o enredo "Darcy Ribeiro - O Homem Além do seu Tempo".

Em 2011, o ano rendeu para a ciência na Sapucaí. Primeiro, teve o desfile da União da Ilha do Governador ("O Mistério da Vida") em homenagem ao biólogo Charles Darwin, por ocasião dos 150 anos do clássico "A Origem das Espécies". O inglês, aliás, já havia sido uma das inspirações para o enredo "Metamorfoses: do Reino Natural à Corte Popular do Carnaval - As Transformações da Vida", da Unidos de Vila Isabel, que ficou na sexta colocação em 2007.

Ainda em 2001, teve também o samba "A Imperatriz Adverte: Sambar Faz Bem à Saúde", da Imperatriz Leopoldinense, sobre a saúde no Brasil, com destaque para nomes históricos da ciência médica brasileira, como Vital Brazil, Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. Como a escola ficou em sexto lugar, até hoje nenhum enredo homenageando cientistas levantou o caneco do carnaval carioca nem do paulista.

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