IA já é discussão geopolítica e global, diz presidente do Google Brasil

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A inteligência artificial não é só uma ferramenta capaz de escrever ou criar imagens como se fosse um ser humano, mas também uma tecnologia alvo de disputa entre nações poderosas. E o que decidem Estados Unidos e China, líderes nessa corrida, afeta os rumos do que ocorre aqui no Brasil.
Se isso não estava claro, o chefão para o Brasil do Google, uma das empresas na dianteira dessa disputa, deixou isso claro.
A gente está numa sociedade que toda discussão de IA passa a ser geopolítica e global
Fábio Coelho, presidente do Google no Brasil
A declaração de Coelho foi feita durante o Think with Google, um evento voltado a empresas interessadas nas ferramentas da companhia norte-americana para conectar consumidores e marcas.
Para o Google, mudaram ao longo do tempo os processos que levam uma pessoa a ser influenciada a comprar algo a partir de anúncios e outras interações.
As conclusões foram tiradas a partir de uma pesquisa da consultoria Boston Consulting Group, que identificou como norteadores dos processos de compra quatro novos comportamentos: streaming, busca online, "escrolar" e, por fim, a compra em si.
Segundo Coelho, a inteligência artificial é uma ferramenta para mapear qual é a jornada do consumidor e como criar formas mais criativas de atingir essa pessoa da melhor forma.
Mas a IA não é só uma ferramenta para elevar a receita, a eficiência ou criar produções, comenta Coelho.
O executivo não detalhou a qual discussões geopolíticas da IA fazia menção nem discorreu muito sobre o assunto, mas é fato que essa tecnologia tem se transformado em mais uma frente de batalha global.
De um lado, o governo norte-americano se apoia no alcance e poderio de suas empresas, do Google à Meta, passando por AWS (da Amazon), Microsoft e OpenAI, mas carece de uma estratégia clara e unificada para toda a indústria.
Por outro, a China tem um plano nacional bem definido, empresas gigantes e inovadoras, um mercado doméstico enorme, mas um alcance para além de seu território restrito.
Correndo por fora, mas ainda no páreo, a União Europeia possui tecnologia regulatória de ponta, mas vista por quemuitos como restritiva para a inovação.
"Qual o papel do Brasil nesse trabalho?", pergunta Coelho.
"A gente acredita que precisa ter IA de forma ousada e responsável, acredita que precisa ter desenvolvimento local, rápida adoção de coisas globais, mas sobretudo a gente acredita que, em ambientes como esses o que vai tornar a sociedade melhor, um dos pilares disso é uma sociedade comercial melhor."
O Google está para inaugurar seu segundo centro de engenharia no Brasil, que ficará no IPT (instituto de pesquisas tecnológicas), em São Paulo. A visão do Google é criar aqui ferramentas que solucionam problemas globais, já disseram funcionários da empresa à coluna.
Ter em vista que a discussão da IA não é apenas local parece ser um recado de Coelho endereçado aos processos que ocorrerão no Brasil e miram a tecnologia da vez. Em breve, a Câmara dos Deputados discutirá o Marco da Inteligência Artificial e o ECA Digital, já aprovados pelo Senado.
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