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Felipe Zmoginski

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Com big techs, China bate EUA pela 1ª vez em lista de maiores empresas

A cada ano, mais empresas chinesas vão surgindo no mais respeitado ranking de negócios do mundo - Razvan Chisu/ Unsplash
A cada ano, mais empresas chinesas vão surgindo no mais respeitado ranking de negócios do mundo Imagem: Razvan Chisu/ Unsplash

19/08/2022 04h00

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A revista americana Fortune que, por sua origem, é insuspeita de adotar critérios que beneficiem as companhias chinesas, publicou esta semana seu tradicional ranking anual das 500 companhias mais valiosas e lucrativas do mundo. Na edição de 2022, algo inédito aconteceu. Pela primeira vez na história do estudo, publicado no formato atual desde 1995, um país superou os Estados Unidos em lucro reportado por suas empresas. Trata-se da China, naturalmente.

De acordo com a Fortune, as companhias chinesas incluídas na lista de 500 maiores empresas do mundo contribuíram com 31% do lucro apurado pela publicação. Em segundo lugar aparecem as empresas americanas, com uma contribuição de 30%. Empresas de todo o resto do mundo respondem pelos outros 39%.

Os nomes que compõem o ranking são velhos conhecidos do mundo dos negócios: Amazon, Apple, Walmart, Volkswagen, Coca-Cola... Mas ano após ano, os leitores da lista observam a gradual adição de nomes chineses no ranking.

No total, são 145 empresas chinesas (incluindo Taiwan) na lista Fortune Global 500. As mais importantes companhias da China são empresas de energia. State Grid, China National Petroleum e Sinopec Group ocupam, respectivamente, a 3ª, 4ª e 5ª posição na lista.

As big techs com origem na China, no entanto, brilham na lista —com JingDong, de e-commerce, em 46ª; Alibaba em 55ª; Huawei em 96ª e por aí vai—, apesar do cenário de tempestade perfeita que enfrentaram no último ano.

Por tempestade, entenda-se bloqueios no exterior e regulação doméstica. Com receio da ascensão chinesa, o governo americano desencadeou uma série de punições, banimentos e restrições no acesso a fornecedores internacionais.

O caso mais famoso, porém não único, é o da Huawei, que teve até uma de suas mais importantes executivas, a filha do fundador da companhia, presa no Canadá, por pressão americana.

No ambiente interno, por receio do excessivo poder que as empresas de tecnologia vinham acumulando, o governo chinês aplicou novas e duríssimas regras regulatórias. Não por outra razão, diversas estrelas do mundo tech chinês, como a DiDi (que controla a 99 no Brasil) e a ByteDance (dona do TikTok) até hoje não realizaram sua esperada abertura de capital.

O baque, é claro, foi sentido: a taxa de crescimento no lucro destas companhias se desacelerou. Mas nada que as impedisse de seguir crescendo e contribuir, decisivamente, para um registro que pode ter apenas caráter simbólico, mas serve de registro: a ultrapassagem das empresas chinesas sobre as americanas no mais respeitado ranking de negócios entre os cidadãos... americanos.