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Felipe Zmoginski

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Com 5G, celular na China poderá enviar arquivo sem usar WhatsApp ou WeChat

Sede da Unicom, em Pequim - Divulgação
Sede da Unicom, em Pequim Imagem: Divulgação

06/10/2021 04h00

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Email inválido

A interrupção que afetou o WhatsApp em todo o mundo ao longo de 7 horas na segunda-feira (4), revelou a dependência que mais de 2 bilhões de usuários têm deste app de mensagens instantâneas. Na China, o serviço equivalente é o WeChat, que contabiliza 1,2 bilhão de usuários, segundo dados do Statista.

A dependência de aplicativos para troca de mensagens de texto, vídeo, fotos e documentos deve diminuir à medida que as atuais redes 4G sejam substituídas pelo padrão 5G. Na China, onde 951 milhões de usuários acessam o 5G diariamente, a nova geração de conectividade deverá permitir, a partir deste mês, o uso de funções como troca de arquivos diretamente entre os telefones, sem a necessidade da instalação de um mensageiro, como o WhatsApp, por exemplo.

O anúncio foi feito esta semana por Huang Changjian, diretor da China Unicom durante uma feira de telecomunicações em Pequim. De acordo com o Changjian, as operadoras chinesas devem liberar a funcionalidade de trocas de arquivos diretamente entre dispositivos 5G ao longo das próximas semanas.

A tecnologia permitirá ainda o envio de dinheiro entre dispositivos, eliminando a necessidade de aplicativos intermediários de pagamento.

De acordo com Changjian, há muitas vantagens associadas ao novo recurso. A primeira delas é permitir a plena conexão entre usuários de dispositivos móveis. Se hoje, para mandar um arquivo por Telegram ou WhatsApp você precisa que o "receptor" também tenha este app instalado em seu dispositivo, com o novo recurso qualquer usuário de 5G é elegível para receber seus arquivos —independente de ter conta em qualquer plataforma.

O maior nível de segurança é apontado como um diferencial. Como o envio de arquivos é atrelado ao dispositivo físico 5G e seu chip de conexão, não adianta um terceiro "hackear" a senha ou fazer "login" com sua conta em outro dispositivo.

Atualmente, por exemplo, são comuns fraudes em que o golpista obtém —frequentemente por engenharia social— a senha de WhatsApp de um usuário e passa a mandar mensagens se passando por um terceiro. Com o novo método, o "golpista" precisaria furtar o dispositivo físico do usuário e, de quebra, conseguir reproduzir sua biometria, como digitais ou desenho do rosto.

Esta tecnologia, quando disseminada, retiraria de plataformas como o WhatsApp ou, no caso da China, o WeChat, o enorme poder que possuem de praticamente "monopolizar" a conexão entre usuários.

Naturalmente, a medida em que tal recurso avance, os desenvolvedores de mensageiros devem se desdobrar em criar novas "features" para manter suas aplicações relevantes e, com isso, manter sua base de usuários conectada a seus serviços.