Sobre o Ballie?

O grande anúncio da minha concorrente Samsung na CES 2020, a maior feira de tecnologia do mundo, foi um tal de Ballie, um robozinho em formato de bola. Queria comentar um pouco sobre ele com você.

Sendo uma bolinha que gira por aí soltando apitinhos, achei inevitável lembrar do BB-8, de Star Wars. Isso já é um baita ponto positivo, pois amo a franquia do George Lucas. A Pixar nasceu dentro da Lucasfilms, mas eu que sou o pai dela --comprei a empresa no comecinho por só US$ 10 milhões. Uma verdadeira vitória Jedi.

Passada a fofura, vamos aos problemas. Gosto de cachorros em comerciais. Um pitbull foi destaque em um comercial do Lisa, computador da Apple. Mas é irreal achar que um animal não destruiria o Ballie. Preferia ver um vídeo mostrando que ele resistiria ao ataque do cão. Isso me fez desconfiar da durabilidade do robô.

Também me incomodou a forma como o produto foi apresentado. Parece que, para funcionar, o robô precisa de outros gadgets caros. Quem tem TV que muda entre vertical e horizontal? Ou um robô-limpador Roomba? Se depender disso, o Ballie não servirá para nada na maioria das casas.

Sou um defensor de que propagandas sejam realistas. Dentro da Apple, uma das campanhas que mais fui entusiasta foi a "Real People", onde mostramos pessoas de verdade comentando sobre porque usavam nossos produtos. É basicamente o oposto do que vimos na apresentação do Ballie.

Outra coisa que me incomoda é a independência do robô. Gosto de assistentes virtuais --a Siri foi um dos meus últimos projetos. Mas ela responde a comandos, e não faz coisas que nunca foram pedidas. O Ballie tira o vídeo que eu estou vendo, só para fazer uma graça. Não é só irritante, é um desserviço.

Mas para mim a pior parte é a escassez de detalhes. Quanto vai custar? Quando será lançado? Nada. Trabalhei no primeiro iPhone por dois anos e meio antes de mostrá-lo ao público, mas subi no palco já dando todos os detalhes. Quer apresentar um produto? Então realmente apresente.