Sobre o iPhone SE?

Em plena pandemia, a Apple resolveu lançar um novo aparelho, apesar de lembrar bastante alguns modelos antigos. Acho que preciso comentar um pouco sobre o novo iPhone SE.

iPhone SE foi o título escolhido para batizar um modelo da Apple lá em 2016. Acho confusa a repetição. Além disso, me traz más lembranças: após eu ser demitido da Apple, em 1985, um dos primeiros lançamentos da marca foi justamente o... Macintosh SE.

No preço a Apple acertou. Sei que no Brasil está caro de qualquer forma, mas nos EUA o celular sai por US$ 400 dólares, e esse é o melhor aparelho nessa faixa. Nas minhas apresentações sempre gostei de reforçar valores baixos, era o que mais trazia aplausos.

O valor em conta para o público internacional é bem importante. A expectativa é que conseguiremos capturar algumas pessoas que, até agora, só usavam Android. Isso é sensacional. Cheguei a dizer que aumentar a base de usuários do iPhone "beneficia tanto a Apple quanto os donos dos aparelhos".

Mas o novo SE usa o mesmo desenho do iPhone 8. Confesso que isso me incomoda um pouco. Quando estava na Apple, tinha instituído um sistema de revisão de design semanal. Pegar algo pronto há anos me soa simplesmente preguiçoso.

A vantagem é que retornamos para um modelo um pouco menor. Eu era fissurado em celulares maiores, mas há uma importância em ser compacto. Quando lancei o iPod em 2001, cravei: "Esse incrível pequeno dispositivo guarda milhares de músicas e cabe no meu bolso. Isso é revolucionário".

Outro diferencial é o processador. O A13 Bionic é o mesmo dos iPhones 11 e permite que o SE receba novas versões do iOS por bastante tempo. Eu disse uma vez: "Se você comprar produtos de empresas que te apoiam, como a Apple tenta, você receberá anos de serviços úteis e satisfatórios".

A câmera não possui modo noturno, o que é péssimo, mas consegue fazer bons retratos mesmo tendo uma só lente. Amo fotografia. No casamento do meu amigo Larry Ellison, em 2004, assumi o papel de fotógrafo oficial da cerimônia. Seria legal poder brincar com o modo retrato na ocasião.

A bateria do SE aguenta menos da metade de modelos mais novos da Apple. Poderiam ter entregue um carregador melhor. Mas não, estão enviando modelos de 5V, e já produzimos peças melhores. Lembra quando eu dizia que o Flash, da Adobe, acabava com a bateria? Então não focar nisso parece incoerente.

Eu aprovo. Para um celular de US$ 400, a minha maçãzinha está mandando incrivelmente bem, com um aparelho com alguns erros - mas que soma muito mais acertos. Pode ser uma boa em tempos de recessão. Só fico triste porque no Brasil, com os impostos e a alta do dólar, talvez nem sintam esses benefícios