Como a roupa dos astronautas evoluiu ao longo da história?

Arte/UOL
Imagine um astronauta. Como é essa roupa espacial? Branca ou laranja? Tem detalhes em azul? O visor é dourado? Imaginar o traje pode ser difícil, porque não existe um modelo único. Ao longo das décadas, eles evoluíram e mudaram drasticamente de visual. A seguir, veja como foi esse avanço --e como as roupas devem ficar no futuro.

Trajes Mercury: 1959-1963

Trajes Mercury: 1959-1963

O primeiro dos modelitos espaciais foi o Mercury. Tão brilhante quanto à roupa foi a ideia de sua confecção: o prateado do look vem da mistura de Nylon com alumínio no exterior da roupa, o que garantia o isolamento térmico necessário no espaço. As roupas, criadas a partir de vestes para pilotos de caça, também impedia que a falta de pressão do espaço atrapalhasse os astronautas. Seis astronautas chegaram a usar a Mercury.

Trajes MOL: 1963-1966

Trajes MOL: 1963-1966

Sigla em inglês para Laboratório Orbital Habitado, o MOL era um satélite com pessoas dentro, pelo menos no papel. Pensado entre 1963 e 1966, o plano nunca foi concretizado e acabou cancelado devidos aos altos custos --e também por que concluíram que satélites sem humanos conseguiam atingir os mesmos objetivos. Durante esses três anos, os pesquisadores chegaram a desenvolver o traje da foto, que nunca foi usado fora da Terra.

Trajes Gemini: 1964-1966

Trajes Gemini: 1964-1966

A missão Gemini foi a primeira da Nasa cujo objetivo era manter uma tripulação fora da Terra por um tempo. Foram 14 dias longe da nossa órbita, o que exigiu dos trajes algo que a Mercury não tinha: conforto. Para isso, a vestimenta recebeu até suporte para um ar condicionado portátil, que podia ser utilizado para resfriar os astronautas por baixo das várias camadas de nylon.

Trajes Apollo: 1965-1975

Trajes Apollo: 1965-1975

O tal do pequeno passo para o homem exigiu um trabalhão da humanidade. O traje da Apollo precisava ser muito mais resistente que os anteriores. As roupas não podiam rasgar com os milhares de cristais afiados que cobrem a superfície da Lua. Também foram introduzidos os visores folhados a ouro (até então, a melhor tecnologia para proteger astronautas da radiação). As medidas protetivas foram tantas que o modelo pesava 80 kg --a Gemini era metade disso.

Traje ejetável Shuttle: 1981-1982

Traje ejetável Shuttle: 1981-1982

Em 1981, a Nasa lançou os ônibus espaciais. Diferentemente dos foguetes anteriores, eles não se desmontava por completo --só descartavam os tanques de combustível, então havia um receio sobre a segurança das naves. Por isso, a Nasa desenvolveu um traje que servia para que astronautas pudessem ejetar (caso ainda não tivessem deixado nossa órbita)

EMU: 1982- Atualmente

EMU: 1982- Atualmente

As missões com ônibus espaciais tinham uma grande diferença em relação às suas antepassadas: os astronautas cotidianamente saiam da nave para fazer explorações e serviços de reparação. Para isso, foi criada a EMU, sigla em inglês para Unidade de Mobilidade Extraveicular. Com ela, os astronautas podem ficar até 8 horas fora do foguete. Foram criados 18 trajes, dos quais 11 são usados até hoje.

ACES - 1993 - 2011

ACES - 1993 - 2011

ACE é sigla em inglês para Traje Especial para Fuga da Tripulação. É filhote do traje ejetável, mas aqui a intenção não é que seus ocupantes usem a roupa para sobreviver fora da nave. Vestida sempre em lançamentos, seu objetivo é manter os tripulantes bem, caso haja alguma despressurização.

Sokol: 2015 - atualmente

Sokol: 2015 - atualmente

A Nasa aposentou os ônibus espaciais em 2011. Desde então, quando quer mandar alguém para espaço compra um assento nos foguetes russos. Naves russas, regras russas. Ou seja, para entrar ou sair do planeta os americanos devem usar os trajes dos donos do foguete. O Sokol tem exatamente a mesma função do ACE, com um visual marcado pelas linhas azuis.

xEMU - 2024

xEMU - 2024

Ainda não foi usada, mas será. A xEMU permitirá mais conforto e flexibilidade para seus usuários. A ideia é que a roupa seja usada na missão Artemis, em 2024, quando teremos a primeira astronauta da história a pisar na Lua.

OCSS- 2024

OCSS- 2024

Para as missões de Artemis, a Nasa inaugurará uma linha de espaçonaves próprias, chamada Orion. Isso significa que o fim da Sokol. A substituta é a Orion Crew Survival System (Sistema de Sobrevivência para Tripulação da Orion, em português), que mantém a função de garantir o bem estar dos astronautas em caso de despressurização tanto no lançamento quanto no pouso da nave.
Publicado em 18 de fevereiro de 2020.
Texto: Felipe Germano

Edição: Fabiana Uchinaka

Arte: Micaele Martins