Álcool em gel

A história do item nº 1 da pandemia

Ele está em todo lugar, mas, acredite se quiser, o álcool em gel não existia da forma atual há até poucos anos. A história de sua invenção tem mistérios e lendas urbanas.

Guilherme Zamarioli/UOL

Antiguidade

O uso de álcool como antisséptico é velho: desde o Egito Antigo é usado para desinfectar ferimentos, o que permaneceu ao longo dos séculos. Mas, a ideia de esterilizar as mãos para se livrar de germes invisíveis estava longe da mente humana.

Avançando para 1875...

Foi aí que surgiram evidências científicas do álcool como esterilizador. O cientista Leonid Bucholz publicou um estudo que apontava que o etanol eliminava germes ao mirar e enfraquecer a barreira de células de bactérias.

Novo século, mais evidências

Em 1911, um pesquisador notou que o álcool 70% era mais efetivo. Duas décadas depois, outro cientista disse que o álcool isopropílico era mais eficiente como antisséptico que o etanol. Até então, a substância era mais usada em hospitais. Até que...

Guarde este nome

Marido e mulher, Jerome e Goldie Lippman partiram em 1946 em busca de uma substância que limpasse as mãos sem estragar a pele. Foi aí que surgiu uma baseada no petróleo. Eles fundaram em Ohio, nos EUA, a empresa Gojo. Guarde este nome.

Nas paredes

Ao perceber que as pessoas usavam mais do que deveriam, Jerry Lippman patenteou os dispensers, aqueles estoques de álcool colocados na parede. A Gojo diz que todos os dispensers que vemos por aí hoje são uma herança disso.

Lupe Hernandez: verdade...

Aí entra em cena Lupe Hernandez, estudante de enfermagem que teria inventado o álcool gel em 1968 na Califórnia como alternativa para a falta de água com sabão. É o que diz texto do jornal The Guardian de 2012, além de livros de enfermagem desde então. Mas...

...ou mito?

Historiadores e jornalistas norte-americanos não conseguiram confirmar esse relato. A jornalista do The Guardian não se recorda onde encontrou a informação. Não há nem a confirmação de se a pessoa seria homem ou mulher. Virou "lenda urbana".

Patentes de verdade

Ao mesmo tempo, pesquisadores encontraram outros patentes na mesma época de dispositivos que desinfetem as mãos --mas nada como o álcool gel. A maioria são na verdade aparatos para colocar a mão dentro e desinfetá-la.

Gojo volta com tudo

Com o petróleo caro, a Gojo criou em 1988 o Purell, talvez o primeiro álcool em gel do mercado. É um gel espesso à base de álcool, obtido com um agente chamado acrilato. Na Europa, desinfetantes de mão com álcool também surgiram na época.

Epidemias popularizam

Nessa história de vaivéns, o álcool em gel foi ganhando mais destaque. Seu primeiro auge foi em 2009, com o H1N1. Mas nunca foi tão importante como agora, com o coronavírus. Mas lembre-se: água com sabão é tão eficiente quanto, hein?
Publicado em 24 de junho de 2020.
Texto: Gabriel Francisco Ribeiro
Arte: Guilherme Zamarioli