"Kibar", ctrl C ctrl V, e o meme do "copia, mas não faz igual". Todos significam que algo foi descaradamente copiado. Pois bem: sem meias-palavras, é exatamente isso que Immortals Fenyx Rising faz em relação a The Legend of Zelda: Breath of the Wild.
O Zelda lançado para Nintendo Wii U e Switch em 2017 é, sem sombra de dúvidas, um dos jogos mais influentes da década. A questão é que, normalmente, essa inspiração ocorre de forma sutil, só que a Ubisoft Quebec mandou às favas tudo isso ao criar o novo game de ação e aventura.
A sensação de "estou jogando um Zelda na mitologia grega" chegou nos primeiros minutos de jogo e perdurou ao longo das horas que passei me aventurando pelo divertido mundo do game com a minha Fenyx - você pode criar um personagem masculino ou feminino, algo que não é possível em Zelda. Toma essa, Nintendo!
Brincadeiras à parte, penso que se é para copiar, que ao menos faça isso de uma boa fonte de inspiração. E, nesse ponto, Immortals é um baita acerto.
O jogo que eu não sabia que precisava
O que Immortals não copia de Zelda é a forma como a atmosfera apocalíptica do game impacta no clima do game enquanto o jogador progride.
Nesse ponto, o game da Ubisoft é uma experiência infinitamente mais leve, ainda que o cenário retratado não seja dos mais promissores: uma entidade chamada Tifão está tocando o terror no mundo do game, colocou os deuses do Olimpo em situação de vida ou morte - ok, eles são imortais, mas vocês entenderam o ponto.
Cabe ao herói controlado pelo jogador livrar os deuses dessa situação, dar cabo de Tifão e, claro, deixar o mundo da forma como ele deveria ser.
Apesar do jogador, o tempo todo, ter uma visão de onde Tifão está (de maneira similar ao que ocorre com Ganon em Breath of The Wild), a ameaça se mostra muito mais caricata do que, propriamente, tensa.
Boa parte disso se dá pelos constantes diálogos entre o deus Zeus e o titã Prometeu - aqui se reflete a tradicional disputa entre os dois, com Zeus sendo "pró-divindade" e Prometeu sendo "pró-mortais".
Muitas vezes são conversas leves, que lembram um pouco linhas de filmes da Disney (em especial Hércules, de 1997). Em outras, a piada é escrachada, como quando Prometeu conta a real origem de Afrodite para Zeus - e, por tabela, parece causar uma imagem mental divertidamente traumática no pai dos deuses.
De maneira geral, esses diálogos narram a aventura de Fenyx pelo game. E, mesmo nos momentos mais complicados, eles não "pesam".
Jogar Immortals é relaxante e interessante para distrair após um ano bastante complicado
Soma-se isso com os cenários coloridos, um sistema de combate simples e um mundo que passa aquela sensação de "se eu enxergo um lugar, eu posso chegar lá" - ao meu ver, uns dos maiores méritos de Breath of the Wild - e temos uma experiência que se mostra surpreendentemente relaxante.
Nem tudo são figos do Olimpo
Se você chegou até aqui, é bem provável que esteja considerando abrir (bem) a carteira e pagar os quase R$ 300 (nos consoles) cobrados pelo jogo. Se for o caso, sugiro que leia os parágrafos a seguir.
Immortals não está imune a falhas e, por vezes, o game parece um tanto raso em seus sistemas. Para explicar o que eu quero dizer, vou retornar a Zelda: enquanto no game da Nintendo você tem aquela sensação de estar explorando camadas de jogabilidade e descobrindo meios diferentes de fazer as mesmas coisas, na criação da Ubisoft tudo é meio que "dado" de cara.
O jogador pode aprimorar equipamentos, construir itens e coisas do tipo, mas há pouca profundidade nisso.
Se por um lado isso mantém o jogador mais focado em curtir a aventura em si - suas armas, por exemplo, não quebram como em Breath of the Wild -, por outro fica a sensação de que há pouca margem de manobra quando se quer jogar o game de forma diferente.
Talvez o ponto que mais cause estranheza é a presença de microtransações para compra de itens cosméticos, assim como acontece em outros da Ubisoft, como Assassin's Creed e Watch Dogs.
Não que eles de alguma forma sejam necessários para o progresso do jogador, mas parece algo sem sentido em um game vendido a preço cheio (e bota cheio nisso) e para um jogador.
A variedade de inimigos também não é das maiores e, muitas vezes, você ficará um tanto quanto confuso no mapa, especialmente pela quantidade de ícones de missões paralelas.
Saldo positivo
São problemas pontuais que dizem mais sobre como o jogador vai encarar o game do que, propriamente, pela qualidade da obra em si.
Immortals foi jogado em um PlayStation 5 e, salvo um travamento sem causa definida, não experimentei bugs, falhas técnicas ou coisas assim, algo a ser elogiado dado algumas "cyberocorrências" nos últimos tempos.
Não nego que, provavelmente, parte considerável da minha experiência positiva com a criação da Ubisoft Quebec tenha a ver com o fato de que eu não esperava absolutamente nada do jogo, situação na qual erros são mais passíveis de perdão e acertos acabam se destacando mais.
Mesmo com esse asterisco, é seguro dizer que Immortals Fenyx Rising acumula (bem) mais acertos do que erros. É divertido, leve e cumpre sua função básica de divertir e distrair. Não traz questões filosóficas, um enredo digno de nota ou uma jogabilidade inovadora, mas cumpre aquilo que se propõe a fazer.
Immortals: Fenyx Rising
Sobre o fato de copiar na cara dura vários pontos de Zelda, como disse acima, ao menos a inspiração foi boa. E se "a imitação é a forma mais sincera de elogio", frase essa atribuída a um sem-número de autores, podemos dizer que tudo que a Ubisoft Quebec fez foi criar uma verdadeira carta de amor endereçada à Nintendo.
Lançamento: 03/12/2020
Plataforma: PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series
Preço sugerido: R$ 279 (consoles) e R$ 167,43 (PC)
Classificação Indicativa: 12 anos (Conteúdo Sexual, Linguagem Imprópria, Violência)
Desenvolvimento: Ubisoft Quebec
Publicação: Ubisoft
Jogue também: The Legend of Zelda: Breath of the Wild, Assassin's Creed Valhalla
*A cópia do jogo foi enviada ao START pela Ubisoft
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