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OPINIÃO

Astro's Playroom é #publi PlayStation com coração Nintendo

Astro é o simpático robozinho que vem se transformando em mascote PlayStation - Divulgação/Sony
Astro é o simpático robozinho que vem se transformando em mascote PlayStation
Imagem: Divulgação/Sony

João Varella

Colaboração para o START

21/12/2020 04h00

Astro's Playroom é a comissão de frente de um console novo imbuído de espírito velho. Trata-se do jogo mais popular do PlayStation 5 e sempre assim será, salvo que a Sony deixe de pré-instalar ele gratuitamente com o console. Tal um Alex Kidd no Master System, o robozinho protagonista do jogo, Astro Bot, consolida sua candidatura a mascote do PlayStation.

O personagem está em uma das mais aplaudidas experiências em realidade virtual da Sony, Astro Bot Rescue Mission, de 2018. Diversos elementos gráficos e sonoros do game foram reaproveitados em Astro's Playroom, que vai além da mera demonstração técnica das possibilidades do PS5.

É um game completo, com começo meio e fim armado para gerar a alegria dos que recém adquiriram o aparelho. A jornada mergulha na nostalgia da marca. Ou seria mais preciso chamar de marketing?

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As duas alternativas convivem em Astro's Playroom. Aliás, não só videogame lida com este dilema, a chamada indústria cultural coloca arte e mercado no mesmo balaio em qualquer linguagem.
Os que aceitarem essa manobra do capitalismo poderão desfrutar de uma jornada cheia de humor e afeto por um bom pedaço da trajetória dos videogames.

Astro's Playroom toma os signos da marca PlayStation e os usa em sua ambientação. Há um sem fim de paródias de jogos que marcaram a trajetória da marca. De Crash Bandicoot à Death Stranding, nenhum título importante foi esquecido pelas tiradas de sarro dos robozinhos. Ver um boneco com peruca grisalha, vestindo a jaqueta do Dante enquanto mantém um outro personagem no ar com tiros de uma arma de bolinhas coloridas arranca sorrisos de qualquer um que saiba o significado de Devil May Cry.

Astro's Playroom - Divulgação/Sony - Divulgação/Sony
Astro's Playroom
Imagem: Divulgação/Sony

Os desenhos dos botões (que a Sony chama sem constrangimento de "símbolos sagrados") estão espalhados feito mato nas áreas, cada uma tomando como tema algum aspecto técnico do novo console. Os temas ásperos ganham ares de fantasia e parque temático ao estilo do filme "Detona Ralph". O SSD, sistema de armazenamento que traz maior velocidade de leitura quando comparado ao HD, virou uma pista de alta velocidade de naves, por exemplo.

Para completar o clima de celebração e auto-homenagem, o jogador é estimulado a colecionar quinquilharias lançadas com a marca PlayStation, coisas que até os mais fervorosos fãs esqueceram, como o PocketStation, Buzz e tranqueiras que saíram para o PSP.

Há muito carinho nos ambientes vívidos. Os objetos e personagens em permanente clima de brincadeira reagem aos socos e pulos do herói, fazendo o clima festivo ficar contagiante.

Este "jogo na memória" é, no final das contas, um advergame, mistura de publicidade (advertising) com jogo.

Astro's Playroom - Divulgação/Sony - Divulgação/Sony
Astro's Playroom
Imagem: Divulgação/Sony

A era de ouro desse "gênero" se deu no começo dos anos 1990. O game de PlayStation 5 é descendente de Cool Spot, Yo! Noid, Chester Cheetah: Too Cool to Fool, entre outros games de mascote feitos para fins propagandísticos. Se fosse um post de influenciador digital, o novo game da Sony viria com a hashtag #ad ou #publi.

Ok, o jogo vem como brinde. Isso valida a publicidade? É o modelo de negócio viável? Grátis, porém só acessível por meio de um aparelho que custa mais de R$ 4.000. Esses elementos mercadológicos merecem ser trazidos à baila na análise do título? A labiríntica discussão não se esgota.

Nintendo, é você?

Astro's Playroom - Divulgação/Sony - Divulgação/Sony
Astro's Playroom
Imagem: Divulgação/Sony

A parte "game" funciona tão bem quanto a "adver". A movimentação de plataforma é padrão. Em essência o Astro Bot pula e soca, tal um New Super Lucky's Tale ou Sackboy: A Big Adventure — serve de tutorial para o gênero.

O que diferencia o jogo é o uso de funções específicas do Dual Sense, o controle do PlayStation 5. Astro's Playroom soa como um jogo de Wii, o console da Nintendo de 2006 que tinha como diferencial seus sensores de movimento, pedindo ações diferentes do jogador. O Dual Sense é dotado desse e outros recursos, que são explorados no game.

Em Astro's, o dispositivo introduz o tato como novo companheiro da visão e audição em termos de experiência dos videogames. Os gatilhos R2 e L2 oferecem resistência extra em alguns momentos, para puxar uma alavanca, por exemplo.

O feedback háptico, evolução dos chacoalhões presentes nos controles desde os anos 1990, oferece vibrações em intensidades e áreas precisas refinadas e localizadas. É diferente caminhar no gelo, na lama e na grama. Parte do truque está também no alto-falante integrado ao controle.

Astro's Playroom - Divulgação/Sony - Divulgação/Sony
Astro's Playroom
Imagem: Divulgação/Sony

As atividades passeiam por todo o controle conforme são encontrados equipamentos e novas habilidades. Tem corrida no touchpad, asa delta com sensor de movimento, flecha com gatilho, catavento para soprar o microfone do controle — mais uma vez, lembrando um aparelho da Nintendo, só que nesse caso o portátil DS.

O leque se abre ainda mais com misturas: com um traje de macaco a escalada se dá com o sensor de movimento e apertos alternados dos gatilhos para segurar em pedras.

A nova geração

Astro's Playroom - Divulgação/Sony - Divulgação/Sony
Astro's Playroom
Imagem: Divulgação/Sony

Além do controle, o game mostra consistência com os gráficos e carregamento rápido. Em suas três horas de conteúdo (variando conforme o interesse em troféus), Astro's oferece uma gota densa da nova geração de consoles, polida e consistente.

Depois de terminado o jogo, há alguns desafios de velocidade e ranking mundial, mas nada que vá prender a atenção por muito tempo.
A Sony é a última empresa a trabalhar firme com o conceito de geração de consoles. Há dores, como a falta de diálogo com muitos recursos do PlayStation anterior. Porém, há também prazeres, como Astro's Playroom.

Agora é aguardar conferir se essas possibilidades demonstradas no cartão de visitas do console são só marketing ou se serão usadas no futuro. Alguém aí lembra do HD rumble do controle do Switch? E do infravermelho?

Lançamento: 19/11/2020
Plataforma: PS5
Preço sugerido: Grátis
Classificação indicativa: Livre
Desenvolvimento: Team Asobi
Publicação: Sony Computer Entertainment
Jogue também: Super Mario Odyssey, Crash Bandicoot 4: It's About Time, Sackboy: A Big Adventure, Alex Kidd in Miracle World, Cool Spot

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL