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OPINIÃO

Spiritfarer faz da passagem da morte um belo gerenciamento de vida

Spiritfarer foi lançado de surpresa em agosto - Divulgação/Thunder Lotus
Spiritfarer foi lançado de surpresa em agosto
Imagem: Divulgação/Thunder Lotus

Makson Lima

Colaboração para o START

26/08/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Game indie é dos mesmo criadores de Jotun e Sundered
  • Gerencie recursos para expandir e cuidar de cômodos em seu barco
  • Com a missão de levar espíritos para o outro mundo, jogo tem histórias tocantes

A primeira coisa que se destaca em Spiritfarer é a arte feita a mão, como nos desenhos animados de décadas atrás, mas logo outras características tomam conta. Isso porque o jogo é um simulador de vida, apesar de tratar da morte.

Comandando um barco levando espíritos para o outro mundo, Spiritfarer tem elementos de sobrevivência, plataforma e um cuidado especial na apresentação de elenco de personagens únicos, com histórias tocantes e reflexões sobre o que deixamos para trás.

A Barqueira dos Espíritos

Caronte, o assustador Barqueiro de Hades na Mitologia Grega, cobra uma moeda para atravessar sua alma pelo Esfige, o rio que separa o mundo dos vivos e dos mortos.

Spiritfarer faz de seu Caronte um sujeito cansado, disposto a passar o bastão - ou melhor, o remo - para uma nova geração.

Protagonista Stella Spiritfarer - Divulgação/Thunder Lotus - Divulgação/Thunder Lotus
Stella é a nova "Caronte", mas com um barco bem mais legal
Imagem: Divulgação/Thunder Lotus

Assim, entre em cena Stella, uma garota ironicamente cheia de vida e que, ao lado de seu adorável gatinho Daffodil, assume o papel de Barqueira dos Espíritos nesse Esfige, que é todo um oceano (e o mapa do jogo), com seus próprios arquipélagos, sua própria mitologia, habitado por todo tipo de alma penada.

Nessa adaptação para videogame da viagem para o outro mundo, o barco se transforma também em morada, que pode ser expandida e melhorada.

Os espíritos encontrados pelo caminho são os hóspedes, que precisam ser alimentados e, em troca, são responsáveis em dar missões para Stella, muitas que dizem respeitos a eles mesmos, feridas que precisam ser fechadas antes de partirem de vez.

Spiritfarer é moldado nesses pequenos momentos, nos ensinamentos que a cobra Summer dá para cuidar melhor da horta, em como Gwen, a primeira passageira, é uma forma de tutorial para sabermos o básico de gerenciar todo o barco.

Quando somados, essas ações afunilam na enorme responsabilidade de cuidar de seus passageiros e da embarcação em si, suas idas, vindas e interações com todo tipo de espírito por esse vasto universo.

spiritfarer animais espíritos - Divulgação/Thunder Lotus - Divulgação/Thunder Lotus
Os espíritos que você precisa levar são todos representados por animais
Imagem: Divulgação/Thunder Lotus

Se há um defeito nesse aspecto é que, no lançamento, a única versão de Spiritfarer com suporte para português brasileiro é a de Steam, no PC.

No Nintendo Switch, Xbox One e PS4, a localização em nossa língua virá em uma atualização futura. Para aqueles que não entendem inglês, vão perder muito do que faz o jogo tão especial.

Na busca por materiais (e redenção)

Por ser um jogo de gerenciamento, em que a mecânica principal é procurar recursos pelo mapa para completar tarefas e manter o barco-hospedagem ativo, jogar Spiritfarer pode ser até uma uma experiência extenuante.

Ainda mais por ser um jogo longo: foram cerca de sessenta horas para ouvir, satisfazer e entender cada espírito passageiro.

Spiritfarer cobra música - Divulgação/Thunder Lotus - Divulgação/Thunder Lotus
A cobra Summer ensina a cuidar da horta através da música
Imagem: Divulgação/Thunder Lotus

A barqueira estará constantemente ocupada, a ponto de se sentir sobrecarregada por vezes.

Cada atividade dentro da embarcação é traduzida num minigame de fácil entendimento e assimilação, com cada novo passageiro requisitando algo específico e só capaz de ser gerado num local igualmente específico

Às vezes é preciso amassar botões para triturar sementes ou abafar o fogo da forja para criar lingotes de cobre, ferro ou prata.

E tudo isso enquanto navega até uma longitude e latitude específica do mapa - pois lá há um tesouro! - cruza tempestades, coletando raios em garrafas no processo, espera o almoço ficar pronto e atenta para que as ovelhas não comam os milhos, quase na hora da colheita.

A vida de Barqueira dos Espíritos é uma repleta de tarefas, e a cada nova habilidade aprendida, como a de planar, ou de capacidade adquirida pela embarcação, como a de navegar pela névoa, abre ainda mais o leque de possibilidades.

A última viagem

O traço de Spiritfarer combina perfeitamente com a proposta do jogo, delicada e consciente de si, mesmo abordando temas difíceis, capazes de acionar os mais diversos tipos de gatilhos para quem teve experiências assim na vida.

Spiritfarer visual - Divulgação/Thunder Lotus - Divulgação/Thunder Lotus
Imagem: Divulgação/Thunder Lotus

O último cuidado, em tentar fazer com que o momento do fim da vida de alguém que se ama seja o menos dolorido possível... para ela e para você mesmo também.

E a trilha sonora vem por consequência, atribuindo temas para cada espírito, entregando ainda mais de sua personalidade, assim como às diferentes paisagens, da bucólica engenharia oriental ao rígido frio do norte.

Spiritfarer

Spiritfarer pode funcionar como escapismo, assim como grande parte dos videogames o fazem, mas de um tipo muito específico.

Compreender o poder de um abraço, como a que Stella oferece a todos os espíritos que ela leva, é vital para enxergarmos que, no final, quando chega a nossa hora, somos todos iguais, somos todos pó de estrela na vastidão da noite.

Spiritfarer box art - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Lançamento: 18/08/2020
Plataforma: PC (via Steam), PS4, Xbox One (disponível no Game Pass) e Switch
Preço sugerido: R$57,99
Classificação indicativa: 10 anos (linguagem imprópria, drogas lícitas e conteúdo sexual)
Desenvolvimento: Thunder Lotus Games
Publicação: Thunder Lotus Games
Jogue também: Animal Crossing, Stardew Valley e Story of Seasons

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL