Resumo da notícia
- Game de ação tem influências de clássicos como Contra e Metal Slug
- Gangues urbanas e megacorporações malignas completam o cenário apocalíptico
- Gameplay explosivo é baseado em tiroteios e explosões, com chefões difíceis de encarar
É como se uma cartilha suja e em pixel fosse gabaritada, item por item: a voz soturna indicando o fim da civilização num futuro distópico e não tão distante; a criminalidade tomando as ruas, a polícia distante, amedrontada; cada gangue no seu respectivo bloco, megacorporações dominando a paisagem. Huntdown mira e atinge de forma certeira no coração do rato de locadora oitentista/noventista, e faz tudo tão bem, que não tem problema algum passar longe da originalidade.
As influências e referências aos anos 80 estão por todos os lados neste jogo de plataforma da Easy Trigger Games. De Alien a Exterminador do Futuro, de Rambo a RoboCop. Como o clima do jogo sugere: basta apertar o gatilho e ir em frente.
Fuga de Nova York - O Jogo
Huntdown é dividido em quatro estágios e suas respectivas gangues, cada um deles com cinco fases, totalizando o surpreendente número de vinte chefões, todos incríveis. Nos becos, levando uma vida degenerada, "high tech, low life", The Hoodlum Dolls (em inglês mesmo, afinal, nada de tradução para nosso idioma por essas bandas); no subsolo, controlando os metrôs, The Misconducts; as estradas e vias são dominadas pelos Heatseakers e sua sede por velocidade e vísceras; já na área mais tecnológica da cidade, Chinatown ao extremo, The No.1 Suspects. Mais The Warriors, impossível.
Há um senso de progressão natural na dificuldade. A badass, habilitada após concluir o jogo, é desafiante ao extremo, até mesmo no convidativo modo cooperativo para até dois jogadores via sofá de casa. Até mesmo nas conquistas e troféus existe aquele incentivo à experimentação, já que Huntdown oferece inúmeras possibilidades ofensivas. O arsenal vai de katanas e tacos de baseball a metralhadoras laser, escopetas de cano curto e morteiros. A arte, toda em pixel e feita à mão, quadradinho por quadradinho, aflora numa explosão de vísceras pelo asfalto, algo que um Pollock ultramodernista saberia apreciar do alto de seu sadismo.
Até mesmo nas conquistas e troféus existe aquele incentivo à experimentação, já que Huntdown oferece inúmeras possibilidades ofensivas. O arsenal vai de katanas e tacos de baseball a metralhadoras laser, escopetas de cano curto e morteiros
As gangues de Huntdown
The Duke, o poderio máximo da Nova York sitiada de John Carpenter no seminal Fuga de Nova York (e que deu origem a um tal de Snake, já ouviu falar?), até faz uma ponta. "Não cruze o caminho do Duke, todo mundo sabe disso!" Assim como a moto vermelha de Shotaro Kaneda, do anime Akira, e o fofíssimo Gizmo, de Gremlins, com direito a antiquário e tudo. É tão fofo quanto absurdo. As referências estão por todos os lados, basta saber olhar.
Mas o que importa mesmo num jogo tão arcade quanto Huntdown, onde morrer pouco e matar muito concede aquele percentual ideal no fim do dia, é controle refinado. É um sinal de respeito pela sua ficha —ou melhor, pelo seu tempo.
Estrada da Fúria (e de pixel)
Cada um dos três mercenários disponíveis correspondem a uma gama específica de referências e gameplay não tão distinto quanto se faz pensar. Anna Conda é Jackie Brown, mais nervosa do que nunca, e sua machadinha e rajada de balas em trinca combinam com seu discurso futurista. John Sawyer opta por alto calibre, partes biônicas e aquele sobretudo surrado, capaz de esconder suas vergonhas passadas. Enquanto isso, o ciborgue Mow Man e sua programação de vanguarda conversam com disparos rápidos, cadenciados com suas pequenas, porém mortais, facas de arremesso.
Hard Corps, no Mega Drive, soube explorar melhor a diversidade de seus protagonistas. Huntdown se esforça tanto em ser a imagem de suas influências, que é estranho quando um ou outro deslize invariavelmente acontece. Excesso de graxa misturada com sangue, talvez?
Quem só quiser correr e atirar, sem muitas preocupações com o amanhã, até porque não temos nada a perder, vai se sentir em casa
Um choque inicial, principalmente para os seguidores de Metal Slug: não é possível mirar para cima ou para qualquer outra direção que não para frente. Experimentei o funcional sistema de cobertura e me deparei com inimigos cada vez mais capacitados. Os chefões, cheios de personalidade, alguns deles beirando o grotesco, sempre oferecem uma dose extra de desafio e precisam ser pensados e repensados.
Huntdown tem um ritmo de ataque constante, e só se torna estratégico nas dificuldades mais altas. Quem só quiser correr e atirar, sem muitas preocupações com o amanhã, até porque não temos nada a perder, vai se sentir em casa. Alvo eliminado, recompensa coletada. Quem é o próximo?
O epítome do arcade
É admirável pensar que Huntdown foi realizado por alguns poucos artistas. É o jogo de estreia da sueca Easy Trigger Games e só poderia ter sido concebido por quem viveu intensamente a era de ouro dos fliperamas. É tão fácil imaginar Huntdown num canto escuro de bar, envolto por uma espessa fumaça de cigarro, que o gabinete foi feito de verdade. Apenas dois protótipos foram construídos e um deles está no Stockholm Musem of Games. Uma viagem até lá, só para jogar algumas partidas, me parece tão distópico quanto o estado da sociedade em Huntdown? Sim.
Assim como alguns poucos jogos o fizeram numa memória recente, como Cuphead, Huntdown promove o resgate de um gênero bastante específico de videogames, o de atirar e correr, sem muito (ou nenhum) espaço para personalização, camadas interpretativas na narrativa ou algo que o valha. É videogame na sua forma mais bruta, mesmo que absurdamente bem lapidado no que tange controles, gráficos e trilha sonora. Dá até para imaginar os pontinhos dados em antigas revistas de videogame. No quesito diversão, a pontuação seria máxima, não tenho dúvida.
Huntdown promove o resgate de um gênero bastante específico de videogames, o de atirar e correr, sem muito (ou nenhum) espaço para personalização, camadas interpretativas na narrativa ou algo que o valha
Lançamento: 12/05/2020
Plataforma: PC (via Epic Games Store), Switch, PS4 e Xbox One (onde foi avaliado)
Preço sugerido: R$ 74,95
Classificação indicativa: 14 anos (violência, conteúdo sexual, drogas)
Desenvolvimento: Easy Trigger Games
Publicação: Coffee Stain Publishing
Jogue também: Valfaris, Cuphead, Metal Slug, Contra
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