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Ele foi para dentro do game fotografar uma final de campeonato

Bruno Alvares já fotografou eventos internacionais de League of Legends - Divulgação/Riot Games
Bruno Alvares já fotografou eventos internacionais de League of Legends
Imagem: Divulgação/Riot Games

Siouxsie Rigueiras

Colaboração para o START

31/05/2020 04h00

Enquanto KaBuM e Flamengo disputavam o título do Campeonato Brasileiro de League of Legends, o fotógrafo Bruno Alvares não estava carregando seus equipamentos e muito menos tirando fotos. Afinal, devido ao isolamento social, pela primeira vez a decisão do CBLoL era online: sem palco, sem torcida, com cada time jogando de casa.

Para ele, não havia muito o que fazer. A não ser que...

Surge uma ideia

Bruno pensou em "entrar" no game e capturar as cenas da partida como se estivesse dentro do mapa, observando os personagens. Parte da inspiração veio de outros "fotógrafos de games", como Leo Sang, que usam ferramentas avançadas nos jogos para conseguir imagens impressionantes. Com criatividade e um pouco de tecnologia, foi isso o que ele fez.

CBLoL Comparativo - Reprodução/Bruno Alvares/Riot Games - Reprodução/Bruno Alvares/Riot Games
Acima: visão tradicional de uma partida de League of Legends, com câmera aérea e informações de todos os times. Abaixo: dentro do jogo, Bruno teve um ângulo privilegiado, como se estivesse dentro do mapa com os personagens
Imagem: Reprodução/Bruno Alvares/Riot Games

No caso de League of Legends, era necessário ter acessos especiais, coisa que o fotógrafo, que cobriu seu primeiro CBLoL em 2013, obteve com a Riot Games, desenvolvedora do jogo e organizadora da competição. "Consegui o acesso ao servidor de torneios, e peguei os replays com o pessoal de League Ops", explica. A partir daí, foram duas etapas: anotar os principais lances das três partidas e mergulhar nos replays para encontrar os melhores "cliques".

Por mais desacreditado que você esteja com o seu trabalho, em achar que não irá conseguir dar a volta por cima durante a pandemia, acredito que sempre tem um lado criativo capaz de contornar a situação
Bruno Alvares, fotógrafo

Final CBLoL 1 - Bruno Alvares/Riot Games - Bruno Alvares/Riot Games
O novo jeito de registrar momentos deixou uma marca especial no fotógrafo
Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

Mais difícil do que parece

Porém, não foi tão fácil assim. Segundo Bruno, "não eram todas as jogadas que funcionavam". Afinal, um lance taticamente relevante na transmissão ao vivo nem sempre tem o mesmo efeito quando congelado numa foto. Além do ângulo certo, é preciso identificar os atores na cena: quem são os personagens? O que eles estão fazendo agora?

O resultado foi um álbum que ilustra a vitória de 3 a 0 da KaBuM, reproduzido abaixo. No lugar dos pro-players, os personagens que eles usam; em vez das arquibancadas cheias e bandeiras de torcida, os cenários épicos de Summoner's Rift, o mapa do jogo, com suas rotas, florestas e criaturas. São cenas mais plásticas e contemplativas que as tradicionais cenas de League of Legends, sempre carregadas de dezenas de ações, efeitos e detalhes a cada segundo.

Tropas - Bruno Alvares/Riot Games - Bruno Alvares/Riot Games
Tropas liberadas: os famosos "minions" de LoL indo para a batalha
Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

Ao comparar os registros fotográficos nos estúdios do CBLoL, mostrando bastidores e o dia a dia de casters e equipes, Bruno acredita que são estilos completamente diferentes de trabalho. "A única relação, ao meu ver, é o meu olhar de fotógrafo que serve para as duas modalidades, e o meu conhecimento sobre o jogo, pra saber o momento certo do que capturar", admite.

Usei a ferramenta de criação de vídeos do Skin Spotlight para conseguir mover a câmera livremente durante a partida e capturar os momentos. Com os tempos em mãos, sincronizava com os replays e criava as cenas a partir daí.
Bruno Alvares, fotógrafo

Final do CBLoL 2020 - Primeira Etapa

A queda de Summoner's Rift

Foi a primeira vez, desde a chegada de LoL no Brasil em 2012, que a comunidade acompanhou uma final de torneio totalmente online. Devido ao isolamento social vigente, a Riot precisou mudar os planos, já tradicionais, de eventos com show de abertura, milhares de torcedores e, claro, os times frente-a-frente.

Em quase sete anos fotografando oficialmente o torneio, Bruno ficou preocupado com a situação da pandemia. Não apenas por conta de ser freelancer, mas também porque faz parte do grupo de risco — portador de asma e bronquite — o que dificultava mais ainda o trabalho do profissional.

CBLoL - Bruno Alvares/Riot Games - Bruno Alvares/Riot Games
Efeitos da pandemia: as finais do CBLoL, com palco e torcida, deram lugar a uma disputa online em 2020
Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

Com a paralisação do CBLoL no início da pandemia de coronavírus, o fotógrafo confessa que "se sentiu perdido". Segundo ele, surgiu a preocupação de ficar sem renda nos próximos meses por conta da quarentena e, além disso, já estava aceitando que o trabalho de fotografia "seria impossível de ser feito na crise atual".

No fim, essas imagens mostram muito mais do que o game em si. Elas provam que sempre há uma forma de lidar com as dificuldades.

Por mais desacreditado que você esteja com o seu trabalho, em achar que não irá conseguir dar a volta por cima durante a pandemia, acredito que sempre tem um lado criativo capaz de contornar a situação
Bruno Alvares, fotógrafo

CBLoL 2020 - Bruno Alvares/Riot Games - Bruno Alvares/Riot Games
Antes do isolamento social: jogadores no estúdio, com fotógrafos acompanhando cada movimento
Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

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