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Patapon 2 Remastered é uma aventura tribal que tem muito a ver com Carnaval

É só aprender o ritmo e seguir o bloco! - Divulgação/Sony
É só aprender o ritmo e seguir o bloco!
Imagem: Divulgação/Sony

Bruno Izidro

Do START, em São Paulo

27/02/2020 04h00

É fácil olharmos para qualquer jogo da série Patapon e associá-lo a cultura de tribos antigas, com as missões envolvendo as criaturinhas circulares de um olho só saindo para caçar ou guerrear contra outros povos. Tudo isso realmente está presente em Patapon 2 Remastered, que chegou ao PlayStation 4 agora em 2020.

Parece que não há muito o que se esperar de um simples jogo de ritmo, ainda mais de uma remasterização de algo lançado há mais de dez anos, para o portátil PSP. Porém, entre um "pata, pata, pata, pon" e outro, é possível enxergar também muito da nossa festa de Carnaval, com direito a escola de samba e desfile na Sapucaí. Duvida? Então, vem comigo.

Haka virtual

No filme Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw, o personagem de Dwayne "The Rock" Johnson se prepara, junto com seus companheiros da ilha de Samoa, para o combate final contra os soldados do vilão vivido por Idris Elba. Hobbs clama para que os deuses e ancestrais lhes deem força para a guerra, realizando uma espécie de dança ritual, como o Haka da cultura maori, que ficou famosa após ser usada por times esportivos da Nova Zelândia antes de partidas importantes.

A jogabilidade traduz de forma lúdica tradições de centenas de anos, em que povos indígenas e tribos nativas usavam da música como ritual para eventos grandiosos

Da mesma forma, a tribo de Patapons pede para que jogador, visto por eles como uma divindade, guie a tribo antes de cada fase do jogo, o que é feito de forma quase literal, já que o grupo de guerreiros só se movimenta, ataca ou defende se o jogador realiza uma sequência de comandos que formam uma música.

Sempre usando os quatro botões principais da face do controle do PlayStation, o game traduz: Quadrado ("pata"), círculo ("pon"), triangulo ("chaka") e xis ("don") em sons para motivar o grupo na tela da TV.

Assim, a sequência:

Quadrado, quadrado, quadrado e círculo ("pata", "pata", "pata" e "pon"): movimentar o grupo para frente, por exemplo.

Já triângulo, triângulo, quadrado e círculo ("chaka", "chaka", "pata" e "pon"): modo de defesa.

Essa é a mecânica básica de Patapon 2, assim como era no primeiro jogo. Ainda há magias que podem ser conjuradas para fazer chover e, assim, revelar um inimigo escondido na névoa; ou ventar na direção para que as flechas sejam desviadas para alvos mais distantes.

Essa primeira percepção que todo mundo tem ao jogar Patapon, o elemento de culturas ancestrais, é interessante porque a jogabilidade traduz de forma lúdica tradições de centenas de anos, em que povos indígenas e tribos nativas usavam da música como ritual para eventos grandiosos.

Eu não sei vocês, mas para mim, derrotar o grande Manboroth nas terras geladas de Patapon 2 ou a gangue high tech de Idris Elba em Velozes e Furiosos são momentos realmente dignos de celebração com músicas em ritmos de percussão.

Carna, Carna, Carna, Val

Patapon 2 Remastered - Divulgação/Sony - Divulgação/Sony
Vai dizer que não parece um bloquinho de Carnaval?
Imagem: Divulgação/Sony

Para quem não sabe, existe uma justificativa para Patapon ter esse nome. "Pata" significa marchar e "Pon", tocar bateria. Ambas são onomatopeias japonesas, local onde todos os games da série foram desenvolvidos, e transmitem a ideia de marcha militar em batalhas contra inimigos, o que realmente fica bem claro ao jogar Patapon 2 Remastered.

Porém, é possível fazer paralelos também ao Carnaval. Em especial, aos desfiles das escolas de samba.

Sem os sons dos instrumentos, os personagens do game ficam parados, ou quando uma nota é tocada errada, eles tropeçam e ficam mais expostos em um ataque

Apesar de o Carnaval não ser uma festa criada no Brasil, as Escolas de Samba e o desfile que hoje é tão conhecido surgiram, sim, por aqui. Foi no Rio de Janeiro, na década de 1930. Essas agremiações carnavalescas têm como características a composição por alas, que exercem funções específicas nos desfiles.

Tem a comissão de frente, os carros alegóricos, a bateria... essa última, em particular, é importante para conduzir o ritmo do desfile. Ou seja, quanto mais forte e rápido a bateria toca, mais rápido os integrantes da Escola desfilam.

Substitua os integrantes da Escola de Samba por Patapons e o conceito permanece o mesmo. Em Patapon 2 Remastered, o jogador é a bateria da escola de samba. Sem os sons dos instrumentos, os personagens do game ficam parados, ou quando uma nota é tocada errada, eles tropeçam e ficam mais expostos em um ataque, por exemplo.

Patapon 2 Unidades - Reprodução - Reprodução
Na concentração antes de começar o espetáculo
Imagem: Reprodução

Por outro lado, realizar sequências de sons no ritmo certo causa o estado "fever", em que os ataques e movimentação das unidades de Patapons no grupo recebem bônus. É o momento do ápice dentro dessa Sapucaí que é cada fase do jogo.

Os patapons, seguindo um caminho sempre reto, à frente, estão em um desfile para completar a missão. Eles contam até mesmo com uma porta-bandeira, o hatapon, que segura um estandarte e que, se morrer, resulta na falha instantânea da missão.

Há também uma comissão de frente na forma da unidade do herói, a principal novidade da continuação, que pode ser modificado para qualquer outra classe disponível e que possui um ataque único e poderoso. Ele surge primeiro e causa impacto com suas coreografias únicas.

E o samba-enredo? Bem, esse não vai ganhar nenhum 10 dos jurados. Patapon 2 segue a mesma história iniciada no primeiro game. Após naufragarem no navio que eles construíram na aventura anterior, os patapons se deparam em uma terra que descobrem ser a terra-natal deles, Patapolis.

Agora, eles precisam expulsar os invasores da tribo que tomou o local, os Karmen. Toda a narrativa serve mais para uma desculpa para entrar nas fases do que querer contar uma história emocionante.

Todo carnaval tem seu fim

Patapon 2 Fortaleza - Reprodução - Reprodução
Fortalezas inimigas poderiam muito bem serem carros alegóricos nas Escolas de Samba
Imagem: Reprodução

Apesar de ser muito bom ver jogos antigos recebendo esse tratamento de atualização como a Sony vem fazendo com jogos de PSP nos últimos anos, como o primeiro Patapon, LocoRoco e agora Patapon 2, não dá para ignorar o fato de o pacote se mostrar pouco atrativo para quem já jogou a versão original.

Patapon 2 Remastered entrega o mesmo jogo lançado no portátil. Agora em 4k, é verdade, mas sem outros atrativos que poderiam dar mais valor para o relançamento, como artes conceituais, alguns conteúdos extras ou mesmo funcionalidades diferentes.

A nova versão de Patapon 2, por exemplo, não possui mais a função de multiplayer do original. O modo Patagate ainda está presente, mas agora os outros patapons são controlados por inteligência artificial. Está aí uma oportunidade perdida.

Apesar de algumas falhas, principalmente por ser um relançamento sem grandes atrativos extras, Patapon 2 Remastered é um verdadeiro carnaval. O jogo exige habilidade, timing e, pelo menos, pode durar bem mais do que os dois dias de desfiles no carnaval de verdade.

Para quem pensa que quem joga videogame não gosta da maior festa popular do planeta, está aí um jogo, vindo do Japão, em que é possível achar muito mais do que imaginávamos de Carnaval.

Patapon 2 Remastered

Patapon 2 Cover - Divulgação/Sony - Divulgação/Sony
Imagem: Divulgação/Sony
Plataforma: PlayStation 4
Lançamento: 30/01/2020
Preço sugerido: R$ 62,50
Classificação indicativa: Livre (Linguagem Imprópria)
Desenvolvimento: Sony Interactive Entertainment JAPAN Studio
Publicação: Sony Interactive Entertainment
Jogue também: LocoRoco, Wattam, LittleBigPlanet

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