Topo

Ídolo no "LoL", Kami anuncia retorno e avisa: "Estou com outra cabeça"

Kami tem dois títulos do CBLoL e já foi um dos melhores jogadores brasileiros - Arte/UOL
Kami tem dois títulos do CBLoL e já foi um dos melhores jogadores brasileiros Imagem: Arte/UOL

Bruno Izidro

Do START, no Rio de Janeiro*

11/09/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Gabriel "Kami" Bohm foi campeão brasileiro com a paiN Gaming em 2013 e 2015
  • Ao se afastar dos torneios no final de 2017, ele passou a estudar aviação, uma de suas paixões
  • Mais maduro e depois de viver novas experiências, ele pretende assumir um papel de líder na equipe

Aos 16 anos ele saiu de casa para jogar League of Legends profissionalmente, e aos 17 foi campeão brasileiro. Agora, aos 23 anos e depois de uma pausa na carreira de pro-player, Gabriel "Kami" Bohm diz que está mais maduro para voltar a jogar em alto nível.

"Eu estou voltando com uma outra cabeça", disse o jogador da paiN Gaming em entrevista ao START, momentos antes da final entre Flamengo e INTZ, no Rio de Janeiro, no último sábado (7). "Eu sou o Kami ainda, mas com outra cabeça".

O sucesso precoce

Como é comum no cenário competitivo de LoL, Kami se tornou pro-player muito cedo, com 15 anos. Aos 16 ele saiu de Florianópolis (SC) para morar na gaming house da paiN Gaming, em São Paulo, onde teria treinos intensivos e mais proximidade dos torneios oficiais.

Nesse período ele se transformou em um dos maiores ídolos de "League of Legends" no país, conquistando milhares de fãs e sendo considerado um "deus" por jogadores como seu ex-companheiro de paiN, Gabriel "brTT" Gonçalves, hoje no Flamengo.

Kami foi campeão duas vezes do CBLoL, em 2013 e 2015, e chegou a participar do Mundial 2015, realizando uma das melhores campanhas de um time brasileiro no torneio. A paiN (por pouco) não passou da fase de grupos, mas venceu times estrangeiros como Flash Wolves e Counter-Logic Gaming (CLG), surpreendendo torcedores do mundo todo. Isso tudo ele conquistou com menos de 20 anos.

Com o tempo, porém, ele começou a se sentir desgastado com o ambiente de gaming house, em que os jogadores moram e treinam no mesmo lugar. "É um negócio que te drena muito mentalmente, não é um estilo que é muito sustentável por muito tempo", diz Kami, que hoje é abertamente contra esse modelo.

Inclusive, ele admite que uma das razões que o fizeram voltar a jogar profissionalmente agora foi a paiN ter mudado para o modelo gaming office, que é somente centro de treinamento e não residência dos jogadores. Para ele, esse estilo "preza muito mais pela saúde mental do jogador".

Kami paiN Mundial - Riot Games/Divulgação - Riot Games/Divulgação
Kami com a paiN Gaming no Mundial de 2015, em Paris
Imagem: Riot Games/Divulgação

Pagando os boletos

Kami CBLOL 2015 - Divulgação/Riot Games - Divulgação/Riot Games
Kami na época em que foi campeão do CBLoL 2015
Imagem: Divulgação/Riot Games

Kami também sentia que precisava dar um tempo em League of Legends como profissional para conseguir amadurecer como pessoa e ter experiências que não teve, mesmo as mais banais, segundo ele.

Eu queria ter um apartamento, poder pagar minhas contas e ter que lavar louça. Eu precisava de um tempo para ter uma vida normal

Agora que Kami pagou os boletos, lavou a louça e passou por outras experiências, seja comentando algumas partidas do Circuito Desafiante ou apresentado um reality show em busca de novos talentos para o LoL, ele se vê bem mais maduro e com outra mentalidade para competir. Ser uma figura de liderança e uma voz mais ativa tanto dentro quanto fora do jogo estão nos planos desse Kami mais experiente e com uma nova cabeça.

Kami Faker - Divulgação/Riot Games - Divulgação/Riot Games
Kami já foi comparado a Faker, coreano que é considerado o melhor do mundo
Imagem: Divulgação/Riot Games

"Eu pretendo melhorar nesses aspectos que vêm um pouco com a experiência mesmo, de questão de idade e vivência, de ter que pagar as contas. Acho que isso te ajuda realmente, você evolui como pessoa, sua cabeça fica mais madura e isso reflete dentro do jogo"

Ele só lamenta não ter essa mentalidade antes, em momentos que hoje ele considera falhas pessoais, como a final da Segunda Etapa do CBLoL 2017, quando a paiN perdeu o título para a Team One.

A paiN tinha tudo a seu favor: a torcida no estádio do Mineirinho, jogadores mecanicamente melhores, mas parece que o time teve um apagão, como o próprio Kami admite. "Eu me senti muito mal depois, porque eu tenho certeza que tinha e tenho a capacidade de ser essa pessoa que puxa a responsabilidade". É o tipo de situação que ele não quer deixar se repetir em seu retorno.

O que a aviação pode ensinar para o LoL

Kami é apaixonado por aviação, e ele também aproveitou esse período afastado do LoL para estudar e tentar virar um piloto profissional. Ele diz que ainda não tem licença para voar, mas realizou algumas provas práticas.

Kami também se surpreendeu com alguns paralelos inesperados entre jogar "League of Legends" e pilotar um avião. "Quando eu parei de jogar pra voar, eu descobri que a comunicação na aviação é extremamente parecida com a comunicação que a gente precisa ter em um nível de jogo competitivo de alto nível".

Dá pra você trazer treinos de comunicação de aviação pro treino de LoL

Como o CBLoL só retorna em 2020, vai demorar para revermos Kami em ação. Mas depois de voar alto, pagar as contas e se aventurar em outras atividades, ele parece finalmente preparado mental e psicologicamente para voltar a ser a melhor "mid" do Brasil.

paiN Campeã Brasileira Allianz Parque - Riot Games/Divulgação - Riot Games/Divulgação
Em 2015, no Allianz Parque, em São Paulo, a paiN comemora o título que daria início à jornada para o Mundial
Imagem: Riot Games/Divulgação

*O jornalista viajou a convite da Riot Games

SIGA O START NAS REDES SOCIAIS

Twitter: https://twitter.com/start_uol
Instagram: https://www.instagram.com/start_uol/
Facebook: https://www.facebook.com/startuol/
TikTok: http://vm.tiktok.com/Rqwe2g/
Twitch: https://www.twitch.tv/start_uol