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Relembre a carreira de Takeshi, o eterno "Capitão" de League of Legends

Takeshi terminou sua carreira na Team One - Divulgação/Riot Games
Takeshi terminou sua carreira na Team One Imagem: Divulgação/Riot Games

Gabriel Oliveira

Colaboração para o START

10/09/2019 13h53

Um dos mais antigos e respeitados jogadores de "League of Legends" do Brasil, Murilo "Takeshi" Alves se aposentou do cenário competitivo com a reverência da comunidade de eSports. Mesmo sem ter conquistado títulos nacionais, depois de bater cinco vezes na trave, o jogador enfrentou altos e baixos, esbanjou dedicação e tornou-se exemplo de resiliência diante da alcunha de "eterno vice", conquistando respeito e admiração.

Takeshi anunciou a aposentadoria dos palcos virtuais durante a final do Campeonato Brasileiro de "LoL" (CBLoL), no último sábado (7), que teve vitória do Flamengo, e recebeu o carinho de fãs, colegas de trabalho e profissionais dos eSports. E não é para menos, já que Takeshi fez muito pelo Brasil. O START conta a seguir as passagens e conquistas dessa histórica carreira.

Uma longa história

Takeshi Costas - Reprodução - Reprodução
Takeshi teve uma das carreiras mais longas do cenário brasileiro de LoL
Imagem: Reprodução
Nascido em Taguatinga (DF), Takeshi iniciou a carreira quando tudo ainda era mato em Summoner's Rift. Ele, hoje com 26 anos, começou a jogar em 2010, antes mesmo da primeira temporada competitiva de "League of Legends", e passou a competir em outubro de 2011.

No primeiro time que defendeu, o Awake, Takeshi jogou ao lado de amigos que conheceu em "Ragnarok" e que também se destacaram no game: os cyber-atletas Pedro "LEP" Marcari e Daniel "Danagorn" Drummond, e o hoje comentarista Gustavo "gstv1" Cima.

O cenário não era profissional como hoje, e os campeonatos, disputados pela internet, davam "Riot points" (moeda virtual do "LoL") e equipamentos como prêmio.

Os quatro, juntos de Victor "Piru" Pontes, outro conhecido do "Ragnarok", participaram do primeiro campeonato brasileiro de "LoL", promovido pela Riot Games em 2012 e realizado na Brasil Game Show (BGS), em São Paulo. Defendendo a Insight eSports, ficaram na 4ª colocação.

OS TIMES DE TAKESHI

2011 - 2012: Awake
2012 - 2013: Insight eSports
2013: Nex Impetus
2013 - 2014: CNB e-Sports Club
2014 - 2017: Keyd Stars/Vivo Keyd
2017 - 2018: paiN Gaming
2018 - 2019: Team oNe eSports

Profissionalização

Em 2013, Takeshi se mudou para a Nex Impetus. Com vitórias nas competições online da época, a equipe se destacou e chamou a atenção da CNB e-Sports Club, sendo contratada pelo clube. Foi o início da era da profissionalização, com o jogador recebendo as primeiras ajudas de custo mensais e tendo estrutura, como local para treinamentos e computadores de alta performance, para participar de campeonatos presenciais.

Na CNB, Takeshi fez parte do lendário elenco com Whesley "Leko" Holler, André "manajj" Rocha, Leonardo "Alocs" Belo e Danagorn. Uma line-up que é lembrada até hoje e exaltada pelos torcedores que acompanharam o início do cenário competitivo.

Kombi CNB - Divulgação - Divulgação
Takeshi participou de uma das melhores formações da CNB
Imagem: Divulgação

Na sujeira

Por conta do ótimo desempenho nas partidas de filas ranqueadas do "LoL" e dos ataques surpreendentes aos adversários, Takeshi recebeu o apelido de "sujo". Ele costumava se esconder nos pontos cegos do mapa para abater os outros jogadores em emboscadas.

A primeira final

Logo no primeiro ano como profissional, em 2013, Takeshi e os companheiros da CNB chegaram à final do campeonato brasileiro. É esse evento que Takeshi costuma citar como aquele em que percebeu que o joguinho tinha se transformado em oportunidade de trabalho. O World Trade Center (WTC) Golden Hall, em São Paulo, ficou lotado, com 7 mil espectadores presentes em três dias de disputas.

A CNB começou vencendo a decisão, mas levou a virada da paiN Gaming, no primeiro vice da carreira de Takeshi.

Takeshi primeiro vice - Divulgação/Riot Games - Divulgação/Riot Games
Takeshi foi vice-campeão do CBLoL pela primeira vez em 2013
Imagem: Divulgação/Riot Games

Cinco vices

Viriam outros vices. Muitos outros! No total, o jogador chegou a cinco finais de competições nacionais oficiais e perdeu todas. Além de 2013, ficou na 2ª posição com o CNB na Final Regional Brasileira de 2014 e com a Vivo Keyd nos 1º splits do CBLoL de 2015, 2016 e 2017. Em outros campeonatos, não organizados pela Riot, presenciais e online, Takeshi também amargou tropeços em finais, convivendo com a fama de eterno vice.

Mas tantos vice-campeonatos assim, vendo pelo lado bom, significam que o jogador se manteve sempre em alto nível, disputando as primeiras colocações dos principais torneios do cenário brasileiro, sendo referência na rota do meio, posição na qual atuou em praticamente toda a vida competitiva.

Calma, Takeshi conquistou títulos importantes, como o Desafio Internacional, em 2013, pela CNB, e o Rift Rivals da América Latina, em 2017, quando jogava pela Keyd. Ou seja, o jogador venceu competições latino-americanas sem nunca ter levantado um troféu no Brasil.

Takeshi Titulo - Divulgação/Agência X5 - Divulgação/Agência X5
No Desafio Internacional, em 2013, a CNB, de Takeshi, venceu a paiN na final
Imagem: Divulgação/Agência X5

Rivalidade com Kami

Takeshi protagonizou com Gabriel "Kami" Bohm, da paiN Gaming, outro precursor do "LoL", a maior rivalidade entre jogadores profissionais brasileiros. Os dois, por terem se destacado na rota do meio e se enfrentado muitas vezes, chamaram a atenção do público. Iniciou-se a discussão mais acalorada da história: quem era melhor? Kami ou Takeshi? Takeshi ou Kami?

Takeshi Keyd Stars - Riot Games/Divulgação - Riot Games/Divulgação
Takeshi à frente da Keyd Stars, uma das primeiras organizações de LoL do Brasil
Imagem: Riot Games/Divulgação

Nova posição

Na janela de transferências para a temporada 2018, a paiN surpreendeu ao anunciar a contratação de Takeshi como topo. Ele deixou a rota na qual se consagrou para atuar em uma nova posição. Não deu certo: a equipe decepcionou na Primeira Etapa do CBLoL 2018, terminou em último lugar e acabou rebaixada para o Circuito Desafiante, o campeonato da 2ª divisão.

Takeshi Pain - Divulgação/Riot Games - Divulgação/Riot Games
Takeshi mudou de posição e não teve boa fase na paiN Gaming
Imagem: Divulgação/Riot Games

Volta por cima

No mesmo ano, Takeshi transferiu-se para a Team One, onde voltou à posição de origem. Ele continuou na 2ª divisão e não conseguiu voltar à elite na Segunda Etapa de 2018. O retorno só ocorreu no campeonato do primeiro semestre deste ano, por meio do qual a equipe dourada se classificou para a disputa da Segunda Etapa. Foi o renascimento de Takeshi como cyber-atleta. Depois de figurar por cinco anos entre os melhores do Brasil, o jogador teve de jogar no segundo escalão e, com muito esforço, reconquistou espaço no CBLoL, demonstrando uma persistência que arrebatou de vez o respeito do público de "LoL".

Última queda

Mas as coisas não saíram conforme o desejado, e a Team One fez uma campanha ruim e acabou rebaixada na Segunda Etapa do CBLoL 2019, com 6 vitórias e 15 derrotas. Takeshi, que sempre disse que continuaria jogando enquanto tivesse paixão, começou a entregar os pontos ao admitir, em entrevista coletiva, que não saberia se continuaria no cenário profissional como jogador. Após tantos altos e baixos, ele preparava o terreno para pendurar o mouse.

Emoção na aposentadoria

A confirmação de aposentadoria veio durante a transmissão da final do CBLoL entre INTZ e Flamengo. Na Jeunesse Arena lotada e diante de milhares de pessoas que acompanhavam o evento pela internet, Takeshi anunciou que estava parando de jogar. Emocionado, ele ficou com a voz embargada ao comunicar a decisão, sendo ovacionado pelos aplausos e pela reverência do público.

A Riot Games fez um vídeo de homenagem a Takeshi, com passagens marcantes da carreira dele e declarações elogiosas de ex-companheiros.

Capitão Murilão

Nas redes sociais, personalidades e anônimos publicaram homenagens a Takeshi, conhecido pela dedicação e pelo profissionalismo. Não é por acaso que ele exerceu o cargo de capitão nas equipes pelas quais passou. Tinha liderança e respeito dos companheiros e era visto como exemplo. Marcou história no "League of Legends" do Brasil.

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