Saiba por que os filmes e "GT" nunca existiram na história de "Dragon Ball"
A data é 31 de janeiro de 1996 e o anime de "Dragon Ball Z" chega ao fim. Se, com isso, os fãs da franquia poderiam se sentir 'órfãos', a boa notícia à época é que esse hiato duraria apenas uma semana. No dia 7 de fevereiro daquele ano, "Dragon Ball GT" iria ao ar, dando continuidade à série e, supostamente, retomando a história a partir de onde "Dragon Ball Z" parou.
Quer dizer, mais ou menos: apesar de essa ser a forma mais simples de enxergarmos "GT", ela não reflete totalmente a realidade. E a razão para tal vem de uma palavra frequentemente repetida em fóruns e páginas de discussão com fãs da obra de Akira Toriyama: "cânone".
Apesar de contar com a participação de Toriyama na criação do design dos personagens e também na supervisão do trabalho, "GT" não seguiu o mesmo rito de "Dragon Ball" e "Dragon Ball Z". Ou seja, não se tratou de uma adaptação para os animes de um mangá escrito por Toriyama. Ao contrário disso, "GT" nasceu e viveu como anime, tendo percorrido o caminho contrário em 2014 quando ganhou uma versão em quadrinhos.
Essa poderia ser uma mera explicação técnica sobre "GT" não fazer parte de uma suposta cronologia oficial de eventos - o tal cânone - de "Dragon Ball". Isso, claro, se essa tal cronologia fosse totalmente respeitada, já que mesmo em "Dragon Ball" e "Dragon Ball Z", há inúmeras inconsistências entre mangá e anime ou até mesmo entre momentos ocorridos dentro de uma mesma mídia.
Quer exemplos? Na luta de Goku contra a Red Ribbon Army, o protagonista vai atrás das dragon balls antes do período de um ano necessário para elas voltarem a funcionar. Em "Dragon Ball Z", há um desencontro sobre há quantos anos o planeta Vegeta foi destruído por Freeza: enquanto Raditz, ao chegar na Terra, diz que o planeta foi destruído há três anos, posteriormente ficou decidido que isso havia ocorrido há 24 anos, quando Goku recém-nascido foi enviado à Terra. O próprio Freeza afirma, durante a luta em Namekusei, que destruiu o local "há 30 anos". Ou seja, uma bela confusão.
O que o 'pai' de "Dragon Ball" tem a dizer?
Se há uma pessoa que poderia colocar um fim nessa discussão é Akira Toriyama, o 'pai' de "Dragon Ball". E ele, de fato, afirmou algo sobre esse ponto.
O depoimento veio em uma espécie de carta de agradecimento contida em um box de DVDs de "Dragon Ball", chamado "Dragon Box". Essa coletânea foi lançada em 2005 e trazia todos os episódios da série reunidos.
Nesta carta, Toriyama define o que foi "Dragon Ball GT". Após agradecer os compradores, ele conta que ficou feliz em ter terminado "Dragon Ball Z" e ter "se livrado da pressão de fechamento dos capítulos". Ele aponta, porém, que a equipe do anime (no caso, a Toei) gostaria de ir um pouco além com a série, mas que ele não conseguiria fazer isso. E que, então, ele deixou o anime, incluindo a história, na mão da equipe de produtos para a TV. E assim nasceu "Dragon Ball GT".
Em seguida, ele explica a sigla "GT" ("Grand Touring" ou grande viagem, em referência à exploração espacial do início da trama) e também sua participação, como a criação da imagem do título e do visual dos personagens iniciais. "O restante ficou com a minha excelente equipe e eles fizeram tudo muito bem, a ponto de eu mesmo não saber se fui eu quem fez os desenhos". Ele cita como exemplo o visual do Super Saiyajin 4, que ele imita na ilustração dessa carta.
Por fim, ele afirma o ponto que mais interessa: "'Dragon Ball GT' é uma grande história paralela do 'Dragon Ball' original". Ou seja: trata-se de uma obra à parte da história principal.
E os filmes?
A situação dos filmes segue quase a mesma lógica do que ocorreu com "GT": tratam-se, em sua maioria, de episódios paralelos. O "quase" fica por conta de algumas peculiaridades: dentro dos 19 longas produzidos, os dois mais recentes ("A Batalha dos Deuses" e o "Renascimento de Freeza") acabaram sendo incorporados na história principal da série e integram o início de "Dragon Ball Super" (essa, sim, uma obra com participação direta de Toriyama).
Já quando o assunto são capítulos especiais para TV, dentre os quatro lançados, é possível dizer que dois deles fazem parte da história de "Dragon Ball". O primeiro, que data de 1990, conta a história de Bardock, o pai de Goku - não confundir com "The Episode of Bardock", uma verdadeira 'adaptação da adaptação' - que posteriormente foi revisada em um mangá chamado "Dragon Ball Minus", mas, ainda assim, traz aspectos do cânone de "Dragon Ball" e não deve ser descartado totalmente. Já o segundo, que foi ao ar no Japão em 1993, retrata a linha temporal do Trunks do futuro, mostrando a batalha dele e de Gohan contra os andróides 17 e 18.
Os demais especiais se tratam de um capítulo envolvendo a história de "Dragon Ball GT" e o outro, um crossover entre "Dragon Ball Z", "One Piece" e "Toriko".
"Dragon Ball Super", a verdadeira continuação
Com o ocorrido em "GT" e nos filmes sendo um material praticamente descartado, a história de "Dragon Ball Z" tem sua verdadeira continuação em "Dragon Ball Super". Atualmente no ar, o anime começa um pouco antes de onde "Z" terminou, tanto em termos cronológicos quanto em relação ao visual dos personagens.
Apesar disso, não seria surpresa vermos referências a essas histórias "que nunca existiram" nessa nova série. Isso, porém, deverá ocorrer mais de forma sutil - como a transformação de Kale que lembra o visual do vilão Broly - do que de maneira mais direta - alguém se transformando em Super Saiyajin 4, por exemplo.
O desenrolar da história de "Dragon Ball Super" tem novos episódios nas noite de sábado aqui no Brasil, onde o anime é transmitido pelo serviço de streaming Crunchyroll.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.