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Mãe de um dos melhores pro players do Brasil faz cosplay de "LoL"

Barbara Gutierrez/UOL
Imagem: Barbara Gutierrez/UOL

Barbara Gutierrez

Do UOL, no Rio de Janeiro*

23/05/2017 11h53

Gabriel "Kami" Bohm é considerado um dos melhores pro players de “League of Legends” no Brasil. Com um contrato de R$ 1 milhão pela equipe paiN Gaming, o jovem está no auge de seus 21 anos. Para jogar, o jovem saiu cedo de casa - aos 15 anos - para seguir seu sonho em São Paulo, deixando saudades em sua mãe, Sandra Bohm.

Para acompanhar o filho, a funcionária pública de 53 anos sempre arranja uma maneira de deixar sua cidade, Florianópolis, para participar dos eventos de “LoL” realizados Brasil afora.

“Eu sinto muita falta do Gabriel até hoje. Ir nos eventos foi uma forma que eu achei de andar atrás dele”, diz Sandra enquanto traja um cosplay impecável da Lux, personagem do mesmo jogo em que seu filho é profissional.

“É por isso que eu faço cosplay. Foi ideia do meu filho! Ele escolheu esta campeã, esta é minha terceira skin dela”, comenta enquanto aponta para si mesma, com suas vestes de Lux Elementalista.

Kami mãe - Reprodução - Reprodução
“Eu já fiz também de Lux Feiticeira e Lux Guardiã Estelar (foto). Não vou parar mais, pretendo continuar por muito tempo nos cosplays. Desde o primeiro evento que eu fiz já interajo bastante com o público, tiro várias fotos... E alguns sabem que sou mãe dele e aí mandam abraço pro Kami, mandam beijo (risos). É muito legal.”
Imagem: Reprodução

Sandra começou com seu primeiro cosplay em 2015 e, desde então, já marcou presença em diversos eventos. Durante o Mid-Season Invitational 2017, realizado no Rio de Janeiro, diversos fãs pediam para tirar fotos com a cosplayer.

Além dos adolescentes e jogadores de “LoL”, a funcionária pública também atende muitas perguntas de pais.

“É uma preocupação muito grande dos pais, porque os filhos jogam muito. Eles vêm me perguntar isso. Eu no começo também brigava com o Gabriel, também acordava no meio da noite com o barulhinho do teclado.”

Ela explica que, apesar de seu filho ter sucesso, ela alerta que não são todos que têm essa sorte. “Eu tive que brigar, eu tive meus problemas igual os outros pais, mas a diferença é que o Kami deu certo. Nem todos conseguem, igual jogar futebol.”

“No início foi um pouco chato, ele falou que tinha que interromper os estudos. Ele estava no último ano do ensino médio, achei que era melhor ele estudar, terminar os estudos.”

Mas com muita conversa entre os dois, finalmente mãe e filho decidiram que seria o melhor para Kami ir atrás do que queria.

“Ele falou que tinha que ser naquele momento, eu não podia interromper o sonho dele. Daí ele foi, com uma mala e o computador debaixo do braço. E tá lá até hoje, não voltou. O negócio foi mais sério do que eu pensava e logo alavancou muito rápido.”

Sandra ainda dá um conselho para os pais: “Uma coisa que eu sinto, é que meu filho me chamava pra jogar, me chamava pra ver desenho ou então assistir filme e eu nunca tinha tempo. Qualquer cinco minutinhos que os pais forem lá ver o que o filho está fazendo, eles vão entender o que ele anda fazendo e jogando. E quem sabe gostar também!”

Quando fala sobre seu filho jogar profissionalmente, a funcionária pública até sorri.

“League of Legends foi uma bênção nas nossas vidas. O Kami mudou muito, ele era triste, ia pra escola de cabeça baixa e voltava de cabeça baixa, não conversava com ninguém e não tinha vida social.”

"Isso não muda nada na vida de vocês", diz Kami sobre ser gay

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Quanto ao jogador se declarar como gay - para sua própria família quanto para seus fãs de “LoL”, Sandra trata o assunto com naturalidade.

“O Kami era bem tímido e eu sentia que ele sofria muito. Agora que ele falou para mim e para a comunidade, eu sinto ele como outra pessoa. Ele é super bem resolvido, então isso é página virada, vejo ele assim super feliz e nem lembro desse fato."

Pronta para tirar mais fotos com os fãs no evento, ela diz: "Com quem ele dorme ou deixa de dormir, para mim pouco importa. O importante é a felicidade dele e ele é muito feliz. Nem se compara ao que ele era antes e agora.”

“Eu imagino assim, se o Kami não tivesse hoje jogando profissionalmente, ele provavelmente ainda estaria naquele quarto trancado jogando com aquela timidez. Eu estou feliz porque ele está feliz.”

*A jornalista viajou a convite da Riot Games.