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Nova expansão de "The Witcher 3" mostra lado sombrio de contos da cavalaria

Victor Ferreira

Do Gamehall, em São Paulo

10/05/2016 12h00

Está quase na hora de dizer adeus a Geralt de Rívia.

No mundo dos games, pelo menos.

Após virar um ícone nacional da Polônia com os livros de Andrej Sapkwoski, ganhar espaço com os dois primeiros games da produtora CD Projekt, e finalmente conquistar a crítica e público com o aclamado “The Witcher 3: Wild Hunt” - eleito Jogo do Ano pelo voto popular de UOL Jogos -, o bruxo está pronto para pendurar suas botas e deixar a vida de aventureiro e intriga política para trás.

Antes disso, porém, a CD Projekt preparou uma aventura final para o herói: “Blood and Wine”, última expansão de “The Wild Hunt” que levará Geralt a uma região inédita dos games, mas conhecida por fãs dos livros de Sapkowski, onde deverá desvendar uma conspiração e, no caminho, reencontrar amigos inesperados.

UOL Jogos teve chance de jogar as primeiras horas da expansão, e experimentar o que há de novo neste capítulo final do Lobo Branco.

Witcher 3 -Toussaint - Divulgação - Divulgação
A região de Toussaint terá o mesmo tamanho das ilhas de Skellige em "Wild Hunt"
Imagem: Divulgação

Mundo de fantasia

Em “Blood and Wine”, Geralt responde ao pedido da duquesa Anna Henrietta - figura já conhecida dos livros, e antiga amante do bardo Dandelion - para investigar uma série de misteriosos assassinatos na região de Toussaint.

Para quem jogou “Wild Hunt”, é impossível não perceber as influências do folclore do leste europeu no game, desde os personagens e criaturas até mesmo ao visual de prédios e castelos em Novigrad e Velen. Da mesma forma, as ilhas de Skellige tem claros traços escandinavos, com uma pitada de Irlanda em alguns pontos.

Toussaint, por sua vez, tem uma estética bem mais familiar para o público, lembrando as histórias clássicas de contos de fada e cavalaria, repleta de cavaleiros errantes, castelos elaborados, e bigodes majestosos.

“Na primeira expansão, ‘Hearts of Stone’, expandimos o mapa, mas ainda era o mundo familiar de ‘The Witcher’”, explicou o designer de missões Alex Boiret. “Agora fizemos o completo oposto, ao colocar Geralt e o jogador em um lugar estranho com pessoas desconhecidas”.

No lugar dos terrenos desolados e melancólicos do jogo original, por exemplo, estão pradarias verdejantes e grandes vinhedos espalhados pelo mapa, com principal inspiração de regiões do norte da Itália e sul da França - uma experiência única para Boiret, um francês que hoje vive na Polônia.

“A primeira vez que cavalguei em Toussaint à noite, com o barulho dos grilhos - era o som da minha infância”, explicou. “Eu sou um cara francês que mora na Polônia - minha esposa é polonesa, e tenho vivido lá por muitos anos. Então eu sei certas coisas da região, mas minhas principais influências são francesas, e em ‘Witcher 3’ meu trabalho era adaptar este folclore”.

“Então o legal, em ‘Blood and Wine’, foi ver os poloneses - que ainda representam 70% do estúdio - ficarem fora de sua zona de conforto ao trazer esta cultura da Europa ocidental, e várias vezes me perguntavam ‘Ei, Alex, precisamos de um nome para esse lugar, pode ajudar a gente com isso?’”

É claro que nem tudo são rosas: Geralt deve, afinal de contas, desvendar o mistério por trás dos assassinatos de pessoas importantes para a sociedade da região, mortos por uma criatura conhecida apenas como “A Besta de Touissant”.

Como nada é muito simples no mundo de “The Witcher”, porém, durante a aventura Geralt e o jogador descobrirão que há mais sobre a tal “Besta” e suas vítimas do que a história original indica.

Mais do que isso, de acordo com Boiret, a expansão deu chance para a CD Projekt brincar com histórias clássicas, desde contos do Rei Artur - como Sapkowski já havia feito nos livros - como até uma brincadeira com um momento clássico de “Dom Quixote”.

“Olhamos para várias histórias e pensamos ‘OK, como podemos fazê-las ao estilo ‘The Witcher’”, comentou. “É sempre divertido pegar estas histórias clássicas e torná-las ainda mais escrotas”.

Jogadores da versão original do game também notarão uma série de mudanças na interface de usuário, desde menus até o acesso de livros e anotações não-lidas. O sistema ainda não é o ideal de intuitividade, mas certamente é um passo na direção certa.

Witcher 3 - Campo - Divulgação - Divulgação
O ar de serenidade de Toussaint esconde diversos perigos
Imagem: Divulgação

Uma casa no campo

A CD Projekt planeja seguir com a saga de “The Witcher” sem Geralt, mas pelo menos a empresa pretende aposentar o bruxo em grande estilo com Corvo Bianco, uma mansão que serve como QG para o herói em “Blood and Wine”.

Inicialmente em péssimo estado (para dizer o mínimo), a casa pode ser reformada pelo jogador por uma certa quantia de dinheiro. A partir daí, o jogador pode decorar a residência com quadros e até armas e armaduras, ou até livros que você adquiriu durante todo o jogo.

“Nós costumamos ser nossos primeiros e principais críticos”, declarou Boiret. “Por exemplo, no jogo principal, há uma quest para definir o novo rei de Skellige, e como prêmio Crach te dá uma espada que está na família dele há gerações. E eu, logicamente, vendi ela por ser menos poderosa do que a minha atual”.

(Já eu, de coração mole, deixei a minha para sempre no inventário).

“Então começamos a pensar ‘Bom, se vamos dar uma casa para o Geralt, por que não dar opção para decorá-la com os itens que você encontrou durante o jogo?’”, continuou o designer. “Não adiciona nada em termos de mecânicas, mas é algo importante”.

Corvo Bianco também tem uma série de equipamentos especiais para benefício do jogador, desde uma cama que, além dos benefícios da meditação normal, dá bônus a certas habilidades de Geralt, até uma mesa de alquimia capaz de transformar mutágenos de monstros em suas versões mais básicas.

“Queríamos criar uma casa de repouso para o Geralt descansar depois de tanta tragédia e aventuras”, declarou Boiret.

Witcher 3 - Monstro - Divulgação - Divulgação
Os dias de caçar monstros estão quase no fim para Geralt
Imagem: Divulgação

Fim de uma era

Depois de “Blood and Wine”, a CD Projekt planeja investir completamente em projetos futuros, começando com “Cyberpunk 2077” e… o que quer que venha pela frente.

Após jogar um pouco da expansão, porém, a produtora quer fazer uma despedida digna para o jogo, trazendo o que já havia de excelente no produto original, e procurando retrabalhar seus pontos fracos.

A expansão (provavelmente) não vai convencer jogadores que não gostaram do estilo do game a tentá-lo de novo, mas fãs encontrarão um prato cheio, com até 30 horas de conteúdo em uma nova região e até um novo deck de Gwent para testar.

“Blood and Wine” será lançado em 31 de maio no PC, PS4 e Xbox One.