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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

NBA no Gaules: vitória do cenário e quebra de paradigma no esporte

Gaules NBA - Reprodução/Gaules
Gaules NBA Imagem: Reprodução/Gaules

Colunista do UOL

02/06/2021 14h00

Ignorar o tamanho dos esportes eletrônicos já se tornou uma missão extremamente difícil para quem não gosta do assunto. Cada vez mais, torna-se natural que campeonatos de diversos games estejam presentes na grande mídia - seja em matérias na TV aberta ou transmissões ao vivo na fechada. Nesta semana, a maior quebra de paradigma do cenário aconteceu por meio de um streamer. Alexandre "Gaules" agora tem os direitos de transmissão de partidas exclusivas da NBA.

Em um primeiro momento, há quem pensa: "Ué, mas o que tem a ver? Um especialista em games transmitindo um campeonato de basquete?". Cada vez mais, o setor de streaming em plataformas como a Twitch mostra que vai muito além dos jogos eletrônicos. O próprio Gaules já havia feito isso - transmitindo algumas partidas de futebol. Diversificar o próprio conteúdo é um caminho inteligente. Com uma liga do tamanho da NBA, em meio aos playoffs, é uma movimentação genial.

O profissional representa não somente a si mesmo, em uma caminhada que transformou ele próprio em uma empresa de enormes proporções, mas toda uma comunidade. Basta observar o post acima e notar o engajamento das organizações de eSports com a conquista. Gaules é muito mais do que um streamer que cresceu. É a representação de que os games podem, sim, fazer barulho no entretenimento geral e atrair novos públicos.

"Ainda não caiu a ficha!! Acho que nem vai cair! Às vezes passamos tempo demais ralando que nem dá pra entender tudo que acontece! A Tribo cresceu e me falta palavras pra descrever o orgulho que tenho! O que posso dizer e resume muita coisa é: Nós Somos o Impossível!", escreveu Gaules, comemorando o feito.

Obrigatoriamente, haverá fãs da NBA que ainda não tinham contato com o universo dos streamers ou dos esportes eletrônicos passando por este processo de imersão. Sabemos que os eSports já caminham com as próprias pernas, mas o processo de validação é constante. A #NBAnoGaules é um aviso: as modalidades tradicionais estão cientes de que renovar o próprio público e não sentar em cima do comodismo é estratégia de sustentabilidade para o futuro.

É claro que haverá uma camada de fãs nativos da NBA que questionará essa estratégia - especialmente pelo fato de haver jogos exclusivos para o canal do Gaules. Ainda assim, cada vez mais o streamer mostra sua magnitude perante o ecossistema como um todo. Na semana passada, já havia conseguido o direito de fazer uma watch party do VALORANT Masters - em um movimento inovador por parte da Riot Games Brasil. A expansão de contatos (e também de fãs) é cada vez maior.

É necessário observar como funcionarão essas estratégias a longo prazo e como o mercado responderá a isso. A tendência, tal qual patrocínios não-endêmicos, é que eventuais concorrentes ou iniciativas do mesmo setor tragam para a mesa propostas que façam sentido na estratégia de divulgação. A NBA não precisa concorrer com os eSports, mas pode ser uma forte aliada deles.

Gaules já provou isso com o automobilismo, ajudando a alavancar a Fórmula 1 de diversas formas no país. O fato é que estamos falando de um dos streamers mais assistidos do mundo. Ainda que, por motivos óbvios, em um país socialmente desigual, a televisão aberta tenha audiência massiva, as formas de entretenimento acessíveis a novos públicos evoluem a cada semana. Gaules não é só mais um streamer. É um canal. Uma empresa. Uma forma de entreter. E a apenas uma conexão de internet de distância.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL