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OPINIÃO

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R$ 10 milhões e muita história: Invitational prova Brasil como país do R6

Ninjas in Pyjamas Rainbow Six Siege - Divulgação/Ubisoft
Ninjas in Pyjamas Rainbow Six Siege Imagem: Divulgação/Ubisoft

Colunista do UOL

26/05/2021 14h00

O Six Invitational é o campeonato mais prestigiado do cenário competitivo de Rainbow Six Siege. Uma vez por ano, os melhores times do mundo se encontram para disputar não só o troféu em formato de marreta, a maior honraria para quem joga o FPS da Ubisoft profissionalmente, mas também bolsas milionárias. Neste ano, foram US$ 3 milhões em premiações - na cotação atual, quase R$ 16 milhões - dos quais, cerca de R$ 10 milhões ficaram nas mãos de brasileiros. Acredite: o Brasil é o país do Rainbow Six.

Tratava-se de um sonho antigo para o R6 nacional. O Invitational começou a ser disputado em 2017, e batemos na trave diversas vezes. A Ninjas in Pyjamas ficou a apenas um mapa da glória na decisão do ano passado, diante da Spacestation Gaming. Antes, equipes brasileiras haviam chegado, no máximo, à semi. Dessa vez, cravamos os três primeiros colocados. Uma decisão 100% nacional. E afinal, como chegamos a esse ponto? Por que o Brasil é tão forte nesse jogo?

Inicialmente, é necessário entender a tradição do país nos jogos de tiro em primeira pessoa. Há toda uma geração que cresceu em lan houses jogando games desse tipo - especialmente o Counter-Strike, um precursor de tantos títulos que viriam depois. O Rainbow Six Siege é o reflexo da evolução neste sentido - fruto de investimento da Ubisoft, das organizações e, principalmente, da dedicação de jogadores que entregaram tudo para chegar a este ponto.

Para uma comparação palpável: já foi extremamente simbólico para os fãs brasileiros de futebol ver Palmeiras e Santos, dois gigantes nacionais, disputando a final da Taça Libertadores da América, um torneio continental. Assistir a três times brasileiros dominarem o topo do planeta é uma conquista que reforça o poder do país não só no R6 ou no FPS, mas no ecossistema do esporte eletrônico como um todo - simbolizado pelas palavras e pelo choro do narrador André "Meligeni", voz do Rainbow Six desde o início do cenário.

"O título mostrou pro mundo toda nossa batalha, dedicação e sacrifícios que estamos fazendo a cada dia pra conseguir chegar onde chegamos. Ele representa esperança de que todo nosso esforço não está sendo em vão, seja da comunidade, da equipe de transmissão e das organizações de eSports, que se dedicam para nosso cenário Brasileiro. Colocamos nosso nome na história ao atingir a marca de top 1, 2 e 3 de melhores mundo, mostrando que o nosso cenário continua sendo um dos mais fortes para se competir. Somos referência mais do que nunca no mundo dos eSports", contou o profissional.

Há uma peculiaridade interessante a ser observada em relação ao Rainbow Six Siege. Trata-se de um jogo pago, o que acaba, inevitavelmente, restringindo uma camada de potenciais jogadores. Ainda assim, o trabalho a longo prazo e a lapidação dos talentos fez com que o Brasil chegasse aonde chegou. Não à toa, das seis organizações com elencos brasileiros no Invitational, três são de estrangeiros que investem no país: Team Liquid, FaZe Clan e a própria Ninjas in Pyjamas. Isso é muito simbólico.

À parte disso, a audiência do R6 vem crescendo cada vez mais no país. Foram 116 mil espectadores simultâneos na transmissão brasileira na decisão do Invitational. É inevitável que, cada vez mais, se olhe com carinho para o que está sendo feito no cenário nacional. O torcedor brasileiro, historicamente, gosta de acompanhar representantes que batam de frente à altura com estrangeiros e coloquem o verde e amarelo no topo. O UFC é uma grande prova disso.

A vitória da NiP e a grande campanha das outras equipes, especialmente da vice Team Liquid e da terceira colocada MIBR, são o triunfo do público. O Brasil tem um potencial imenso para os eSports e prova isso a cada dia. O esporte eletrônico pode e deve ser o entretenimento do futuro de diversas maneiras. Certamente, esse é só o começo para todos nós. E para quem acha que é só um joguinho... Bom, acho que R$ 10 milhões nos bolsos de times brasileiros são argumento suficiente, não é mesmo?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL