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OPINIÃO

Middle-Earth: Shadow of Mordor traz imersiva narrativa em Senhor dos Anéis

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Luiz Hygino

do Gamehall

08/10/2014 08h00

Assim que as primeiras imagens de jogabilidade de "Middle-Earth: Shadow of Mordor" foram apresentadas, o jogo se tornou alvo de diversas comparações e acusações. Uns diziam ser uma cópia descarada de "Assassin's Creed". Outros apontavam muitas semelhanças com a série "Arkham", de Batman. O reboot de "Tomb Raider" e "Far Cry 3" também foram lembrados como possíveis inspirações.

O fato é que nenhuma das comparações é injusta ou exagerada. "Shadow of Mordor", de fato, bebeu muito na fonte de todos os jogos supracitados. Tanto que, mais do que tentar incorporar alguns desses elementos de modo furtivo, o jogo parece não ter vergonha nenhuma em assumir ser uma colcha de retalhos, unindo diversas características em um só jogo, mas fazendo isso com excelência técnica e criativa.

O trunfo de "Shadow of Mordor" foi, em parte graças ao poder da nova geração, poder reunir todos os elementos inspiradores apenas como coadjuvantes, que ajudam a abrilhantar o Nemesis System, esse sim original, e o grande diferencial do jogo.

Poder misturar toda essa receita à mitologia de J. R. R. Tolkien, um dos mais ricos universos fantásticos já criados pela mente humana, faz de "Shadow of Mordor" uma deliciosa e imersiva viagem narrativa, pronta para conquistar um lugar no panteão dos jogos memoráveis, não só dessa, mas de todas as gerações de videogames.

Introdução

Num buraco no chão vivia um hobbit. Tempos depois, Sauron e o Um Anel são destruídos. É na brecha entre essas duas histórias, as de "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis", que a produtora Monolith conta a saga original de Talion, protagonista de "Shadow of Mordor", um guardião de Gondor alocado no Portão Negro de Mordor, que é obrigado a assistir ao assassinato de sua esposa e filho pelos capitães do exército de Sauron, antes dele próprio ser assassinado.

Shadow of Mordor Review 1 - Divulgação - Divulgação
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Graças a um misterioso ritual, Talion é possuído pelo espírito de um elfo morto há milhares de anos, e as duas consciências passam a habitar o mesmo corpo, agora imortal e dotado de diversos poderes sobrenaturais.

Talion e o espírito partem juntos em uma jornada de vingança, um buscando a quebra da maldição e a morte, o outro tentando recuperar a memória e a identidade. Para isso, eles precisam enfrentar hordas e mais hordas de orcs e uruks dos exércitos do Senhor do Escuro, até que finalmente consigam desafiar os Capitães Negros.

Pontos Positivos

Nemesis System

Nem só nos belos gráficos e na overdose de partículas brilhantes está o potencial da nova geração de consoles. Essa é a lição que o Nemesis System de "Shadow of Mordor" deixa para o futuro.

Com aplicação impossível nos consoles antigos, o Nemesis System dita o ritmo e as ações do jogador durante toda a experiência de jogo, fazendo com que "Shadow of Mordor" pareça moderno e inovador, ainda que se apropriando de tantos elementos consagrados por outros jogos.

Shadow of Mordor Review 2 - Divulgação - Divulgação
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Até atingir o objetivo final de formar um exército capaz de fazer frente às forças de Sauron, jogadores podem encarar o exército de Mordor, dividido em cinco níveis hierárquicos, das mais diversas maneiras.

Pensa que consegue decapitar um dos comandantes uruks, passando qualquer um que se coloque no seu caminho no fio da sua espada? Boa sorte. Pensa em acabar com os guarda-costas dos chefões antes mesmo de ir em busca dos maiorais? A escolha é sua. Prefere dizimar toda a hierarquia uruk, para garantir que nenhum capitão apareça, por coincidência, durante seus grandes confrontos? Fique à vontade.

O interessante é que cada decisão tem uma consequência em caso de fracasso. Apesar de ser imortal, Talion pode ser derrotado pelos seus adversários e demora certo tempo antes de "renascer". Nesse intervalo, qualquer uruk que tenha matado o guardião será promovido, ganhará poder, e desencadeará uma série de renovações e acontecimentos, preenchendo as lacunas organizacionais criadas pelos ataques do jogador e dando mais força aos capitães vivos.

Para tentar minimizar o crescimento das forças de Sauron, uma série de missões de intervenção ficam espalhadas pelo mapa de "Shadow of Mordor". Execuções de traidores, desafios contra bestas, duelos entre capitães e até banquetes podem ser invadidos pelo jogador. Mas a tarefa nunca é fácil. Muito pelo contrário, "Shadow of Mordor" é um jogo surpreendentemente desafiador.

Narrativa ampla e imersiva

A capacidade de imersão de "Middle-Earth: Shadow of Mordor" é louvável. Não apenas pelo excelente roteiro, assinado por Christian Cantamessa, mesmo roteirista de "Red Dead Redemption", mas pelo modo como tantos aspectos e elementos do jogo trabalham juntos na construção da narrativa de "Shadow of Mordor".

De uma maneira extremamente sensível e envolvente, o tutorial do game apresenta as principais mecânicas do jogo, ao mesmo tempo que conta a história do assassinato de Talion e sua família. O modo stealth e a mecânica de combate, por exemplo, são apresentadas não somente cortando cabeças de orcs, mas também roubando um beijo de sua esposa e ensinando seu filho a empunhar a espada, respectivamente.

Shadow of Mordor Review 3 - Divulgação - Divulgação
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As armas de Talion (espada, arco e adaga) possuem missões exclusivas, que servem para "forjar a lenda" de cada um dos itens. As missões têm descrições épicas e colocam, basicamente, o jogador frente a desafios específicos para cada tipo de equipamento. Quanto mais famosa a arma, mais temida ela será pelos uruks de Mordor e mais aterrorizante será a presença de Talion para as tropas de Sauron.

As missões que revelam a identidade do espírito, o elfo Celebrimbor, e seu envolvimento com Sauron no passado, ajudam a conceder grandiosidade à campanha do jogo, com sequências belíssimas de animação, para deleite de novos e antigos fãs do universo tolkieniano.

O próprio Nemesis System, com as curtas falas dos capitães uruks antes de cada embate com Talion, que são moldadas de acordo com as ações do jogo, ou com as motivações de cada guerreiro, ajudam o jogador a criar suas próprias histórias, entrelaçadas ao roteiro principal.

A barreira do idioma, que poderia significar a destruição de toda a experiência de jogo, consegue ser preservada para todos, já que "Shadow of Mordor" conta com localização completa para o Brasil, vozes e legendas.

Gráficos exuberantes

Visualmente, "Shadow of Mordor" é uma viagem de tirar o fôlego. Cenários, texturas, personagens e animações são representados em detalhes minuciosos. Grande parte deles, aliás, foi concebida com supervisão de Peter Jackson e da sua produtora Weta, responsáve pelos visuais das trilogias "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis" no cinema, garantindo assim uma espécie de padronização e conversa entre as produções.

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Pontos Negativos

Final pouco épico

Embora "Shadow of Mordor" se desenvolva gradativamente, com o protagonista cada vez mais poderoso, com inimigos cada vez mais fortes e hordas de orcs cada vez mais numerosas, o final do jogo corta um pouco o clima grandioso.

As batalhas finais, tanto contra os últimos chefões, quanto entre os dois exércitos uruk (anunciada desde o início do jogo), estão entre as mais fáceis e de menor escala do game.

É impossível não encarar "Shadow of Mordor" com a expectativa moldada, principalmente, pelos filmes de Peter Jackson, cujas batalhas finais sempre apresentam quantidades absurdas de personagens, e desafios aparentemente insuperáveis. Esse final não existe no jogo.

Nota: 9 (Excelente)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL