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Dead Rising

09/03/2009 18h45

Repórter em busca do 'furo'
Como já virou hábito ver jogos antigos repaginados para o Wii, ver a Capcom trabalhando em mais um remake para a plataforma não seria capaz de gerar surpresa, afinal é algo que já ficou comum depois de lançamentos como "Resident Evil 4" e "Okami".

A diferença é que desta vez a empresa foi um pouco mais ambiciosa e resolveu portar "Dead Rising", um jogo feito originalmente para demonstrar a musculatura do bem mais poderoso Xbox 360, ainda que no já distante ano de 2006.

O resultado é "Dead Rising: Chop Till You Drop", uma conversão que faz o que pode para manter a essência do original, mesmo sem alguns elementos estruturais importantes e visuais bem mais humildes. Tal base ainda garante boas horas de diversão para aqueles capazes de ignorar a existência do game lançado três anos atrás.

O despertar dos mortos

"Dead Rising" foi concebido como uma espécie de parque de diversões, cuja atração principal é a aniquilação de zumbis. Com um roteiro nitidamente inspirado no clássico filme "O Despertar dos Mortos" (ou seu remake, "Madrugada dos Mortos"), acompanhamos a aventura do fotojornalista Frank West, encurralado ao lado de alguns sobreviventes, em um shopping infestado por mortos-vivos e outras criaturas bizarras. Pena que, com seu jeitão de filme B nos diálogos estúpidos e personagens canastrões, o jogo nunca alcance o mesmo êxito das produções cinematográficas em suas críticas sociais e econômicas - e olha que bem tenta.

Comercial com banda de rock zumbi
Assim o jeito é curtir a ação, que funciona de maneira mais eficaz. Você controla Frank por todo o imenso centro de compras, encontrando novas armas e maneiras para desmantelar a horda de seres nojentos.

Vale tudo, desde lixeiras a pistolas, passando por extintores de incêndio a ursinhos de brinquedo.

Há também encontros bem tensos com humanos pirados, que tomam o papel de chefões e mostram que os seres humanos são bem mais perigosos que os débeis zumbis.

Os controles foram refeitos para explorar os pontos fortes do Wii, com um sistema de mira executado pelo Wii Remote, como em um jogo de tiro em primeira pessoa. Os sensores de movimento também são usados para salvar Frank de agarrões dos mortos-vivos - basta balançar o controle para se soltar e ter a oportunidade de revidar. É uma mudança bacana, bem natural, que traz o jogo para mais perto de seu público, tirando um pouco do ar de caça-níquel da conversão.

Visuais empobrecidos

Como ficaram os controles para armas
Se a mecânica foi bem adaptada para o Wii, aproveitando seus recursos exclusivos, os visuais tiveram que sofrer para se encaixar em um hardware bem mais humilde. Não é preciso comparar com o original de Xbox 360; "Dead Rising: Chop Till You Drop" não é nem de longe um dos jogos mais bonitos nem mesmo entre outros jogos do console da Nintendo, apresentando texturas e cores sem vida, alguns modelos bem pobres e muitos serrilhados . O pior mesmo são os tempos de carregamento, alguns que lembram exemplares mais antigos da série "Resident Evil" e suas telas de loading a cada porta, que afetam o ritmo da ação e diluem um pouco a tensão dos eventos.

A apresentação não foi a única a pagar o preço da ambição da Capcom. Elementos fundamentais do jogo de Xbox 360, como a capacidade de Frank em tirar fotos - que vira praticamente um game dentro do game - ou algumas missões de resgate foram limadas sem o menor remorso. O jogo simplesmente pula eventos em que tais características são mais importantes, ou cria meios bem menos elegantes para contorná-las. É uma versão resumida, portanto, como um filme adulto que corta os diálogos e parte direto para ação em nome da economia.

Nota: 7 (Bom)