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Devil May Cry 3: Dante's Awakening

02/03/2005 20h49

A série "Devil May Cry" nasceu como uma espécie de subproduto de "Resident Evil", quando a série de zumbis estava sendo feita para PlayStation 2. O game ficou tão diferente dos trabalhos anteriores que o pessoal da Capcom resolveu mudar de nome, colocar um novo personagem e lançar com um novo conceito. Não por acaso os dois jogos dividem algumas semelhanças, mas são as diferenças que fazem a fama de "Devil May Cry".

Esta terceira versão parece ser uma resposta da Capcom a "Ninja Gaiden" de Xbox; ambos dividem o gosto pela destruição e à filosofia de premiar os jogadores mais dedicados. No caso de "Devil May Cry 3", a dificuldade normal da versão americana é equivalente ao hard japonês, que, mesmo em sua dificuldade padrão, já é mais difícil que a média dos games do gênero.

Jovem e cheio de adrenalina

Para quem não sabe, o presente episódio se passa antes dos outros dois. Aqui o meio-humano-meio-demônio Dante é um jovem adulto e tem desavenças com o irmão Virgil. Naturalmente uma briga familiar entre esses dois personagens toma uma dimensão épica e é o ponto central do enredo. A coisa fica mais interessante quando uma garota caçadora de demônios e um careca ocultista cheio de mistérios entram na fórmula, completando o elenco.

A equipe responsável pelo game aproveitou a juventude de Dante para dar golpes mais furiosos, ações mais tresloucadas e uma personalidade ainda mais convencida. Não se espante se, nas cenas não-interativas, o rapaz de capa vermelha ficar surfando em mísseis ou correndo/caindo torre abaixo ao mesmo tempo que mata uma horda de criaturas horrendas, usando de todas as acrobacias e golpes deliciosamente exagerados. A caçadora Lady não fica atrás e possui tantos truques na manga quanto a Trinity de "Matrix". Por outro lado, o irmão Virgil é adepto do "menos é mais", como nos legítimos filmes de samurai. Com o mínimo de movimento é capaz de fazer estragos impressionantes.

Apesar de ser um jogo essencialmente voltado para a ação, o aspecto visual é destaque, apesar de deixar transparecer alguns momentos menos elegantes em termos de trabalho de câmera. E há uma diversão extra de procurar "ovos de páscoa" nas cenas, pois cada uma delas esconde um número relativo à missão.

Para profissionais

Como dito, "Devil May Cry 3" é um jogo que privilegia os mais habilidosos no controle. Não que os novatos não possam se divertir, mas é inegável que quanto melhor sua habilidade, maior o aproveitamento, devido à lógica de risco e retorno. O game equilibra um pouco a dificuldade usando um sistema de experiência e upgrades, que podem ser acumulados ao retomar as missões anteriores.

O estilo de jogo pode ser definido como ação-aventura, mas os combates tomam mais de 80% do game. Os quebra-cabeças e as cenas de plataforma são esporádicas, deixando isso como elemento periférico (apesar de recompensar o jogador muito bem). Dentro das fases se escondem missões secretas, localizadas em locais sugestivos - nem muito óbvios, nem absurdamente obscuros. Essas áreas secretas ajudam a extender a vida do game e adicionar variedade.

Os métodos de ataque de Dante são divididas entre suas armas de fogo e brancas. Cada uma delas pode ser melhorada e é obtida durantes as fases: as espadas são conseguidas ao matar alguns chefes e os projéteis em locais de acesso mais restrito, seja pela localização, seja pela necessidade de resolver um quebra-cabeça.

Escolha seu estilo

Neste terceiro episódio, a Capcom incluiu um sistema de Style, que consiste em reforçar certas habilidades do protagonista e adaptar-se ao gosto do jogador. De início, são quatro estilos disponíveis: Swordmaster, que permite golpes especiais de espada e combos aéreos; Gunslinger, que faz atirar em dois inimigos ao mesmo tempo; Royal Master, que adiciona a habilidade de defesa; e Trickster, que melhora a mobilidade. Mais para frente duas novas habilidades ficam liberadas: Quicksilver, com o poder de deixar a ação mais lenta (o manjado "Bullet Time") e a Doppleganger, que permite criar uma cópia do personagem. Cada um desses Styles podem ser desenvolvidos, liberando novos poderes.

De uma maneira geral, os iniciantes tendem a escolher Gunslinger e Swordmaster, mas como a defesa pode ser o melhor ataque, "Devil May Cry 3" oferece alternativas interessantes. Trickster permite escapar mais facilmente dos inimigos, evitando perda de energia desnecessária, enquanto Royalguard promete ser uma das preferidas dos experts por ter um meio de defender sem perder energia: a defesa normal corta 75% do ataque, mas realizar o movimento no exato momento faz com que o oponente se desetabilize, além de defender ataques que, normalmente, seriam indefensáveis. Ainda por cima, a energia dos impactos fica acumulada e pode ser expelida de uma vez, provocando grandes danos. Aqui também funciona a lógica "Onimusha": ao fazer o movimento no exato momento do ataque adversário, os danos são multiplicados. A Royal Guard é um dos Styles que mais traduz o espírito de risco e retorno. Como é possível trocar de estilo no começo das fases e em certos pontos, o game estimula a experimentação.

Revelando a forma real

Em um determinado momento Dante descobre sua forma demoníaca clássica, ainda que temporariamente. Obviamente sua força e velocidade se multiplicam, permitindo sair de algumas enrascadas. Essa função também pode ser melhorada usando power-ups específicos. Por falar em power-ups, eles são os itens principais da aventura, por melhorar diferentes habilidades do protagonista.

O aspecto visual de "Devil May Cry 3" tem aquele tom pós-apocalíptico, com ambientes destruídos e cheios de detalhes que parecem ter vindo do inferno. Certas fases vão surpreender com sua aparência orgânica, com texturas bastante convincentes. É verdade que o começo é bem modesto, mas a qualidade aumenta à medida que se progride dentro do jogo.

A equipe de designers parece ter dedicado bastante tempo para construir os inimigos, mesmo que seja o demônio mais simples. E a criatividade parece aflorar quanto se vê os detalhes que os chefes possuem, como o guardião do inferno Cerberus ou a dupla Agni e Rudra.

Nota: 8 (Ótimo)