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Bienal, 70 anos

A história dos 70 anos da Bienal de São Paulo, dividida por décadas


Bienal, 70 Anos #9: Veneza, expansão regional e o arquivo histórico

Do UOL, em São Paulo

28/08/2021 04h01

Depois de contar a história da Bienal de São Paulo, o podcast "Bienal, 70 anos" traz, em seu 9º episódio, outras iniciativas da Fundação Bienal e mostra como o trabalho vai além do que é exibido no pavilhão do Parque Ibirapuera. Com apresentação de Marina Person, o podcast —uma coprodução do UOL e da Fundação Bienal de São Paulo— tem dez episódios: a publicação do último coincide com a data de abertura da mostra, em 4 de setembro. As publicações são sempre aos sábados e você pode ouvir o episódio 9 na íntegra no arquivo acima.

bienal - Pedro Ivo Trasferetti / Fundação Bienal de São Paulo - Pedro Ivo Trasferetti / Fundação Bienal de São Paulo
Pesquisadora da FAPESP coleta amostras de fungos do ar e de documentos do Arquivo Histórico Wanda Svevo
Imagem: Pedro Ivo Trasferetti / Fundação Bienal de São Paulo

Considerada um dos principais eventos do circuito artístico internacional, a Bienal de São Paulo é realizada desde 1951 a cada dois anos --a exceção, como você ouviu no episódio 8 do podcast, foi a 34ª edição, adiada por causa da pandemia. E você sabe o que acontece nesses intervalos? Quais iniciativas além da Bienal? Conheça algumas e também a história do arquivo Wanda Svevo.

Outras bienais

O gerenciamento da participação do Brasil na Bienal de Arte de Veneza é uma das atividades realizadas fora do pavilhão. Aliás, foi inspirado nela que Ciccillo Matarazzo e sua esposa, Yolanda Penteado, decidiram fazer algo parecido em São Paulo no início da década de 50.

bienal - Vincenzo Pinto/Reuters - Vincenzo Pinto/Reuters
Criança brinca diante da escultura 'O Bicho', do brasileiro Ernesto Neto, exposta na Bienal de Veneza em 2001.
Imagem: Vincenzo Pinto/Reuters

Desde 1964 há um pavilhão brasileiro mantido pelo Ministério das Relações Exteriores na cidade italiana. A Bienal de Veneza se espalha por diferentes edifícios da cidade, e no prédio modernista Giardini Castello são exibidas as obras dos artistas brasileiros. O baiano Juraci Dórea foi um desses representantes do país: em 1988, ele exibiu o "Projeto Terra'', que mostrava histórias do sertão baiano, como a Guerra de Canudos.

No 9º episódio, a partir de 01:50, você pode ouvir Dórea contando a experiência: "As pessoas estranharam um pouco o cheiro do couro. Como eu levei também adubo de gado, dei uma ambientação no espaço. As pessoas confundiam, achavam que era adubo, mas era o cheiro do couro. E as pessoas torciam o nariz e ficavam curiosas: isso chamou atenção pelo lado do escândalo, mas a ideia não era essa. Era mostrar o Brasil de um outro aspecto, um outro Brasil. O sertão, o nordeste".

Outro evento é a Bienal de Arquitetura, que surgiu em 1973 também no pavilhão do Parque Ibirapuera --desenhado por Oscar Niemeyer, um dos maiores arquitetos do mundo. Hoje o evento é organizado pelo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).

Expansão regional

Uma preocupação da fundação foi a de estimular a presença de artistas das mais variadas regiões do país. Isso gerou algumas ações ao longo das décadas, como no caso das Bienais Nacionais, com quatro edições nos anos 70. Era uma espécie de pré-evento, que funcionava como um processo seletivo dos destaques brasileiros que iriam participar da Bienal de São Paulo no ano seguinte. O objetivo era aumentar a participação de artistas de fora do eixo Rio - São Paulo.

bienal - Nilton Santolin / Fundação Bienal de São Paulo - Nilton Santolin / Fundação Bienal de São Paulo
Obras de Sofia Borges e Alejandro Corujeira durante a itinerância da 33ª Bienal de São Paulo na Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre - RS.
Imagem: Nilton Santolin / Fundação Bienal de São Paulo

Já em 2011, a Fundação Bienal criou o Programa de Itinerâncias com o intuito de expandir o conhecimento e debate cultural. A iniciativa, que desde então se tornou permanente, começa sempre após o final da mostra em São Paulo. A curadoria propõe alguns recortes da Bienal, que viram exposições menores.

Essas mostras viajam pelo Brasil e até para o exterior. As obras já foram para Araraquara, no interior de São Paulo, Garanhuns, em Pernambuco, Bogotá, na Colômbia, e Porto, em Portugal.

Nos últimos anos, a Fundação vem também ampliando sua presença na internet, com por exemplo o site da Fundação, o Instagram, o Facebook e o Youtube.

Arquivo histórico Wanda Svevo

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Biblioteca no Arquivo Histórico Wanda Svevo
Imagem: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Uma curiosidade sobre a Bienal tem relação com seu acervo: ou melhor, com a não existência dele. Quando a mostra acaba, as obras voltam para os ateliês dos artistas ou para os donos de cada trabalho.

Apesar disso, a Fundação Bienal tem um arquivo histórico, que foi criado em 1955 por Wanda Svevo, secretária geral da Bienal e uma funcionária importante para Ciccillo Matarazzo (veja aqui um documentário sobre o tema). Chamado até 1963 de "Arquivos Históricos de Arte Contemporânea", ele foi renomeado para "Arquivo Histórico Wanda Svevo" em homenagem à criadora do arquivo depois de sua morte.

wanda bienal - Autor desconhecido/Arquivo Histórico Wanda Svevo/Fundação Bienal de São Paulo - Autor desconhecido/Arquivo Histórico Wanda Svevo/Fundação Bienal de São Paulo
Wanda Svevo (esq), secretária geral da Bienal, criou em 1955 o arquivo, que depois de sua morte foi renomeado para Arquivo Histórico Wanda Svevo
Imagem: Autor desconhecido/Arquivo Histórico Wanda Svevo/Fundação Bienal de São Paulo

A história de sua morte é contada no podcast (a partir de 11:08) por Julio Landmann, ex-presidente da Bienal e atual presidente do conselho: "Meu pai [...] ia com frequência ao Peru, duas ou três vezes por ano. E a Wanda Svevo nunca tinha ido, era o sonho dela viajar ao Peru". O pai de Landmann faria mais uma dessas viagens, mas deu sua passagem para Wanda, que realizaria o sonho de conhecer aquele país. Isso nunca aconteceu. Um acidente aéreo na Cordilheira dos Andes, com este avião rumo a Lima, matou 97 pessoas —entre elas, Wanda Svevo.

Além de muita história e curiosidades, este episódio do podcast traz entrevistas com o Dórea e três ex-presidentes da Bienal: Roberto Muylaert, Julio Landmann e Luis Terepins. No décimo e último episódio, o podcast trará respostas para perguntas do público sobre arte e também sobre o evento.

No décimo e último episódio, o podcast trará respostas para perguntas do público sobre arte e o evento. Você pode ouvir Bienal, 70 Anos no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music no Youtube e também no site bienal.org.br/70anos.