Vale o show?

Cancelamento, carreira em xeque: quão positivo é para um famoso participar do 'BBB'?

Liv Brandão, Marcela Ribeiro e Mari Monts De Splash, no Rio e em São Paulo Mauricio Fidalgo/Divulgação

O "BBB 21" foi o Big dos Bigs em todos os aspectos: foram 20 participantes, 100 dias de programa, recorde de patrocinadores, e uma audiência que bateu lá em cima.

Apesar disso, também foi o Big dos Bigs no que diz respeito às polêmicas. E quem esteve no olho do furacão dessa vez? Os famosos, incorporados ao reality show global no ano passado.

Com o sucesso da edição de 2020, que incluiu influenciadores e artistas não tão conhecidos do grande público, a Globo deu um passo mais ousado e convidou famosos no auge de suas carreiras, caso de Karol Conká e Projota.

O resultado... bem, o Brasil acompanhou de perto.

Junto do chamado "Gabinete do Ódio", completo com Nego Di e Lumena (a única pipoca do grupo), os rappers tiveram falas racistas, homofóbicas, machistas, sendo acusados até de promover tortura psicológica. A resposta veio em forma de críticas, cancelamentos e recordes de rejeição. Muitos tiveram que gerenciar a crise na carreira após o programa.

Mas a pergunta de R$ 1,5 milhão é: será que vale o risco?

Do céu ao...

  • Karol Conká (cantora)

    Bateu recorde de rejeição, eliminada com 99,17% dos votos. Brigou com vários brothers, acusou Carla Diaz de dar em cima de Bil e tretou com Lucas Penteado, disparando xingamentos contra ele.

  • Nego Di (humorista)

    Deu as costas para Lucas Penteado, menosprezou Juliette e mencionou que seria capaz de assediar uma mulher. Apelidado de "inimigo do riso", saiu com a segunda maior rejeição da história do "BBB", com 98,76% dos votos.

  • Projota (cantor)

    Ficou mal visto por ter criado uma rixa com Lucas, participante que era seu fã antes mesmo do "BBB". Endossou a exclusão de Lucas e Juliette e tramou planos infalíveis que não conseguiu executar. Saiu com 91,89%

  • Rodolffo (cantor)

    O sertanejo foi criticado por ter citado falas racistas, homofóbicas e machistas no programa. Saiu com 50,48% dos votos.

  • Viih Tube (influenciadora)

    Considerada uma das maiores jogadoras da história do "BBB", foi falsa e manipuladora com os colegas de confinamento. Terceira maior rejeição da edição, com 96,69%.

  • Pocah (cantora)

    Não chegou a ser cancelada, mas teve um começo conturbado também por causa da treta de Lucas Penteado. Muito zoada por dormir demais, mesmo assim, chegou até o quinto lugar. Saiu com 73,16%.

  • Carla Díaz (atriz)

    Foi perseguida por Karol Conká e viveu um relacionamento problemático com Arthur. O desastroso pedido de "parceria no jogo e no amor" e a falta de pulso após o quarto secreto não ajudaram em sua imagem. Eliminada com 44,96% dos votos.

  • Lucas 'Koka' Penteado (ator)

    Arrumou tretas logo na primeira festa, não aguentou a pressão psicológica que os brothers fizeram com ele e desistiu do programa ainda no começo.

  • Camilla de Lucas (influenciadora)

    Ela chegou como planta e terminou como sensata e sensitiva. Segundo lugar no pódio, com 5,23% da preferência do público.

  • Fiuk (cantor e ator)

    Protagonizou brigas por comida e um casalzinho insosso, disse que estava passando por necessidades financeira e a fala pegou mal. Ficou em terceiro lugar, com 4,62% dos votos do público.

Todo ser humano é suscetível a erros e o que devemos fazer é aprender com eles e nunca mais repeti-los.

Rodolffo, em entrevista a Splash

Tenho muita consciência e responsabilidade pelo que faço. Quando eu errar, serei a primeira a querer corrigir e melhorar.

Pocah, em entrevista a Splash

Reprodução/Instagram

Fátima Pissarra, sócia de Preta Gil na agência Mynd —que contratou Gil "do Vigor" Nogueira, Thaís Bráz, João Luiz, Camilla de Lucas e Fiuk— acredita que o autoconhecimento é importante na hora de tomar a decisão de se expôr ou não em um dos programas de maior audiência da TV brasileira.

Algumas pessoas têm mais tendência a serem polêmicas. É uma questão de questionar: 'estou preparado para estar com uma câmera na minha cabeça?'. Se você diz não, então aconselho a não participar.

Para Fabiane Abel, especialista em reputação de marca, atualmente na agência Soko, essa preparação prévia é essencial para colher bons frutos da participação no "BBB":

"Dificilmente, uma pessoa consegue sustentar um papel por mais de 10 dias com tanta observação. Hoje, por mais conversas que rolem nos bastidores, o artista parece ser aquilo que ele quer mostrar redes sociais. No 'BBB', isso cai por terra".

E se o cancelamento chegar?

O cancelamento é passageiro, mas não esquecível. A internet tem memória eterna e isso pesa, por mais tempo que passe, em qualquer relação futura da personalidade com marcas.

Pissarra lembra das máximas "é um jogo" e "errar é humano". Para trabalhar a imagem de um ex-BBB diante do público, eles devem mostrar sinceridade após sair da casa.

É importante trabalhar com verdade e de forma genuína, mostrando quem se é e endossando valores importantes que possam ser passados para a nova legião de fãs.

Em busca da visibilidade

Apesar de ter tomado um sermão ao vivo do apresentador Tiago Leifert por falas racistas e homofóbicas, Rodolffo emplacou rapidamente o hit "Batom de Cereja", lançado na primeira semana de confinamento, com direito a dancinha coreografada pelas sisters.

Acredito que foi uma participação boa, fiz aliança com o Caio, nos fortalecemos e lutamos um pelo outro. Errei e acertei, aprendi com tudo o que vivi e pretendo continuar aprendendo sempre.

Rodolffo

Rodrigo Byça, empresário da dupla Israel e Rodolffo, diz que o objetivo da participação do cantor era alavancar a imagem. Ele foi de 1,5 milhão de seguidores no Instagram para mais de oito milhões. Já "Batom de Cereja" tornou-se a mais ouvida do Brasil e uma das 50 músicas mais tocadas do mundo no Spotify.

Por consequência, [a passagem de Rodolffo pelo programa] alavancaria também a dupla. Esse foi o objetivo número um, nunca foi o prêmio. Como estratégia, até confidenciei à nossa equipe que gostaria que ele não fosse o campeão.

Fenômeno Kalimann

O empresário parece ter se inspirado na experiência da ex de Rodolffo, Rafa Kalimann, convidada para o "BBB 20" como influenciadora, ficando em segundo lugar na edição passada. Ela dividiu o pódio com as melhores amigas de confinamento: a cantora Manu Gavassi, terceiro lugar, e a médica Thelma Assis, que levou R$ 1,5 milhão para casa.

Um ano após sua participação no reality show, o sucesso de Rafa reverbera. Ela, que já acumulava mais de 3 milhões de seguidores antes do "BBB", hoje soma quase 22 milhões de fãs no Instagram —sua principal plataforma de trabalho. De quebra, ainda ganhou um programa para chamar de seu no Globoplay, o "Casa Kalimann".

Rafa conversou com Splash sobre os pontos negativos e positivos de participar do reality show. Na opinião dela, vale a pena para famosos quando se tem um objetivo certo ao entrar na casa. Seja o destaque para a carreira ou o prêmio de R$ 1,5 milhão.

Ela também citou o ex ao mencionar quem dos famosos já está colhendo bons frutos depois do "BBB 21".

O Rodolffo, por exemplo, que é músico, estourou com 'Batom de Cereja', foi um grande sucesso. A exposição do programa ajudou. Ele soube aproveitar muito bem essa janela. A Carla Díaz também está aproveitando bem.

Arte UOL Arte UOL

A edição deste ano foi muito negativa, em termos de imagem, para alguns famosos. A conta a ser feita por um famoso antes de entrar no 'BBB' é: o que eu vou ganhar com isso? Após esta edição, tenho a impressão que poucos se arriscarão.

Mauricio Stycer, colunista de Splash

O que acontece no jogo, fica no jogo

Mas, aparentemente, Boninho, o Big Boss, quer mais e mais. Especula-se que a próxima edição será ainda maior. A expectativa é que os grupos sejam separados por camarote (famosos), pipoca (anônimos) e veteranos (ex-BBBs).

Mesmo alvo de críticas, os famosos cancelados seguem na boca do povo, ainda mais depois do belo show que reuniu os cantores na final. E, por isso, ficam em alta para novos trabalhos.

Projota lançou o álbum do show "AMADMOL - A Milenar Arte de Meter o Louco", e subiu ao palco ao lado de Lucas "Koka" Penteado, de quem rapidamente passou de amigo a algoz dentro da casa. Apesar de criticado por suas "mimadices" e jogadas erradas, ele também cresceu nas redes sociais: ganhou 1 milhão de seguidores.

Já Karol aproveitou a exposição da final para lançar seu primeiro single pós-"BBB". Com uma roupa clara, de referências oníricas e angelicais, apresentou "Dilúvio" para todo Brasil. Na manhã seguinte, a faixa estava em primeiro no iTunes Brasil.

A rapper, aliás, recuperou o número de seguidores no Instagram que havia pedido durante a fase mais turbulenta do jogo, mantendo 1,6 milhão.

O próprio Lucas ganhou uma legião de fãs apesar de ter desistido do programa em sua primeira semana. Além disso, assinou contrato com a Globo e virou garoto-propaganda da Avon.

Até Nego Di, que está sendo processado pela Globo por quebra de contrato, tem colhido seus frutos. O comediante entrou no jogo com um milhão de seguidores, e ganhou 700 mil fãs.

E, apesar de tantas tretas, os camarotes Fiuk, cantor e filho de agora-você-sabe-quem, e Camilla de Lucas, influenciadora, garantiram suas vagas na final ao lado da ex-anônima Juliette.

Por mais que, de cara, a edição tenha parecido uma "roubada" para os famosos, os números e a vida aqui fora provam que não é bem assim.

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