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Fãs fazem 'peregrinação' a Camden Town 10 anos após morte de Amy Winehouse

Amy Winehouse em show de 2008 - Reprodução
Amy Winehouse em show de 2008 Imagem: Reprodução

23/07/2021 16h02

Encontrada morta há dez anos em sua casa, em Londres, a aura da cantora Amy Winehouse permanece presente no bairro de Camden Town onde ela morou, no norte da capîtal britânica. Uma estátua em sua homenagem foi erguida em 2014 e se tornou uma espécie de "altar" para fãs de diversas nacionalidades. A família da cantora diz querer se "reapropriar" de sua história, sublinhando não apenas a dependência química, mas o talento da garota de penteado retrô cuja voz estratosférica assombrou o mundo.

Encontrada morta há dez anos em sua casa, em Londres, a aura da cantora Amy Winehouse permanece presente no bairro de Camden Town onde ela morou, no norte da capital britânica. Uma estátua em sua homenagem foi erguida em 2014 e se tornou uma espécie de "altar" para fãs de diversas nacionalidades. A família da cantora diz querer se "reapropriar" de sua história, sublinhando não apenas a dependência química, mas o talento da garota de penteado retrô cuja voz estratosférica assombrou o mundo.

"Ela era uma mulher extraordinária": como outros londrinos, Reece Fielding foi até a estátua de Amy Winehouse no distrito de Camden nesta sexta-feira (23) para homenagear a diva do soul britânica, que morreu há dez anos.

Fãs da estrela conhecida por sua voz profunda, cabelo retrô e estilo de vida rock and roll viajaram para esta área do norte de Londres, onde ela morou por anos e morreu em 23 de julho de 2011, aos 27 anos, de um alcoolismo massivo.

"Quando passo por momentos difíceis, gosto de ouvir a música dela, ela me ajuda e resume o que sinto", explicou Reece, para quem a sua música foi "completamente única".

Neste triste aniversário, "é uma coisa importante para um fã lembrar de Amy por quem ela era", acrescenta o jovem de 16 anos. "O público se lembra dela como uma viciada em drogas", ele lamenta, "mas devemos nos lembrar dela por seu talento, seu estilo, sua atitude, que ninguém mais ousou ter", garante.

A britânica, que ganhou vários prêmios por seu álbum "Back to Black" em 2006, sempre colocou muito de suas experiências pessoais em suas canções, impregnadas de influências do jazz e do soul. Amy sempre falava de seus problemas com o álcool e as drogas, o que acabou afetando sua atuação e despertando o interesse dos paparazzi ávidos por uma foto sua, que os tabloides britânicos adoravam.

Depois de anos de vícios e tentativas de reabilitação de drogas, Amy Winehouse foi encontrada morta em seu apartamento em Londres, devastado pelo abuso de álcool. Mas uma década depois, a cantora ainda está muito presente nos corações.

"Uma garota vinda do jazz que fez sucesso"

Sua estátua metálica, que também ostenta o famoso penteado retrô, ficou repleta de rosas amarelas, rosa ou vermelhas nesta sexta-feira, uma homenagem àquelas que costumava usar no cabelo. "Já se passaram dez anos desde que Amy morreu, então vim aqui para ver tudo e sentir a atmosfera", disse Grace Newnham. A jovem de 21 anos planeja passear pelo Camden Market e suas lojas de moda e música "pensando em Amy", cuja personalidade ela sempre admirou.

"Ela fez o que queria fazer - nada a incomodava", explica a fã, "adorei a singularidade que ela trouxe - sinto muito a falta dela", afirmou. Assim como ela, muitos admiradores posam com a estátua de sua cantora, para sair com uma foto de lembrança de sua peregrinação.

"Vindo de Camden, sempre me senti próximo dela", confidencia Ravi Vyas, acreditando que essa "garota do jazz que fez sucesso" representava a "alma e a paixão" do bairro. Amy Winehouse "trouxe muito sentimento, realismo e honestidade para uma indústria musical rasa", acrescentou o jovem de 26 anos. "Tudo o que ela canta é sua emoção real e crua!"

"Lembro-me de chorar todas as lágrimas do meu corpo no dia em que ela morreu. Eu nem estava aqui", lamenta, mas "agora depois de 10 anos é a minha vez de lhe oferecer minhas condolências".

Família de Amy Winehouse quer "se reapropriar" de sua história

Dez anos após a morte da cantora britânica, seus parentes pedem que o mundo pare de defini-la apenas por sua luta contra as drogas e seus relacionamentos destrutivos.

Os pais da estrela participaram da realização de um documentário da BBC. Lançado nesta sexta-feira, celebrando o aniversário de sua morte, "Reclaiming Amy" de acordo com seu pai Mitchell - conhecido como Mitch - "dá uma imagem mais completa de Amy".

"Você acha que conhece minha filha - drogas, vício, relacionamentos destrutivos - mas havia muito mais", narra no documentário a mãe de Amy, Janis Winehouse-Collins.

"Reclaiming Amy" contém entrevistas com amigos de longa data, incluindo Catriona Gourley, que revela que teve um relacionamento romântico com a cantora. O filme também tenta negar as acusações de que sua família adorou seu sucesso e não fez o suficiente para ajudá-la a superar o vício.

Papel dos pais na morte da cantora

Este foi exatamente o fio condutor de "Amy", um documentário britânico vencedor do Oscar de 2015, particularmente condenatório sobre o pai de Amy Winehouse e seu ex-marido, Blake Fielder-Civil.

Mas Catriona Gourley disse à BBC que a realidade era muito diferente. "Janis e Mitch estavam lá, o tempo todo", ela insistiu, listando "as incontáveis ??vezes que Amy Winehouse foi levada para centros de reabilitação de drogas."

A amiga também acredita que hoje, graças à conscientização sobre as questões de saúde mental e dependência, a cantora não teria sofrido tamanha zombaria nos tablóides. A revista de música NME chamou o documentário de "tocante, mas defensivo", dizendo que era "uma doce homenagem a uma garota, uma amiga e um talento imprevisível".

Mas o Financial Times foi mais cético, escrevendo que os pais da cantora, e em particular "seu pai Mitch, que amava os holofotes", "sempre estiveram no coração de sua carreira".

"Ela tinha tudo"

Se nos afastarmos da confusão que foi sua vida privada, Amy Winehouse pode ter sido um dos "ícones que mudaram a música popular para sempre", diz a NME, para quem "poucas pessoas se tornaram tão famosas que Amy e seu penteado incomparável".

Em entrevista à BBC, o cantor britânico Pete Doherty, também conhecido por seus excessos, disse que "como Billie Holiday ou John Lennon, ele era alguém que tinha tudo". Amy Winehouse "poderia se apresentar no palco com uma calma assustadora", além de ser uma "compositora incrível", disse o ex-líder do Babyshambles e do The Libertines, certo de que "em 100 anos, em 200 anos, os jovens sempre se apaixonarão por sua voz e seu carisma".

A pianista Jools Holland, que muitas vezes a acompanhou em turnês, disse à BBC "que quando ela se apresentava, ela ficava mais feliz". Acrescentando: "Não acho que ela gostaria de ser lembrada como uma figura trágica".

(Com AFP)