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Ricardo Feltrin

REPORTAGEM

Tutinha segue mandando na Jovem Pan dois meses após anunciar saída

Tutinha Carvalho durante lançamento do livro "Reinventado a Si Mesmo - Uma provocação Autobiográfica" - Zanone Fraissat-8.mar.2013/Folhapress
Tutinha Carvalho durante lançamento do livro "Reinventado a Si Mesmo - Uma provocação Autobiográfica" Imagem: Zanone Fraissat-8.mar.2013/Folhapress

Colunista do UOL

08/03/2023 04h05

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Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, já está de volta às suas funções dois meses depois de pedir demissão da presidência do Grupo Jovem Pan.

O empresário já voltou a despachar normalmente de sua confortável sala no edifício Sir Winston Churchill, no nº 807, na Avenida Paulista. Roberto Araújo segue como presidente, como anunciado em janeiro, mas é Tutinha quem está dando as cartas.

Mesmo durante o período em que ficou fisicamente fora da emissora, ele continuou tomando todas as decisões, apurou a coluna. Isso inclui falar diretamente com apresentadores e comentaristas, orientando-os sobre o que e como falar a respeito de Lula e seu governo. A saída do cargo de presidente foi uma maneira de diminuir a pressão sobre a rádio, investigada pelo Ministério Público.

Jovem Pan afirma que Tutinha não é mais presidente e atua como sócio. Procurado pela coluna, o Grupo Jovem Pan reconhece que o empresário participa das decisões da empresa, mas que o faz na condição de sócio, o que não deixou de ser mesmo após se afastar da presidência.

Além disso, ele ainda é o presidente do Conselho do Grupo.

O que o MPF está investigando na Jovem Pan e o que pode acontecer:

Tutinha se "demitiu" do cargo de presidente após a abertura de investigação. No dia 9 de janeiro, o Ministério Público Federal anunciou a abertura de um inquérito para apurar a conduta da emissora durante os ataques golpistas que depredaram as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em Brasília no dia anterior.

  • O inquérito apura a conduta do canal e de seus comentaristas durante a transmissão ao vivo da invasão dos golpistas em Brasília e nos meses que antecederam os ataques aos três poderes.
  • A coluna teve acesso a um arquivo com cerca de 2.000 trechos de vídeos com falas desses comentaristas. Não só no dia 8, mas ao longo de vários meses. São comentários a favor da ditadura, da desobediência civil, de um novo golpe militar e da negação das urnas eletrônicas, além de ataques sistemáticos aos ministros do STF.
  • As punições possíveis contra a Jovem Pan podem ir de advertência à cassação das concessões públicas, no caso das rádios. Os veículos privados, como o canal pago e suas transmissões por diversas plataformas, podem sofrer sanções mais brandas, como multas.

Questionada por Splash a respeito da investigação, a Jovem Pan diz que não vai se posicionar.

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