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Ricardo Feltrin

REPORTAGEM

Com Patrícia Poeta, 'Encontro' segue enfadonho e repetitivo

Patrícia Poeta no comando do programa "Encontro" - Reprodução / TV Globo
Patrícia Poeta no comando do programa "Encontro" Imagem: Reprodução / TV Globo

Colunista do UOL

06/07/2022 00h18

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A nova fase do programa matinal "Encontro" começou na última segunda, com a entrada de Patrícia Poeta no comando.

Ao menos nos dois primeiros dias, o ibope se manteve no mesmo patamar anterior, sob Fátima Bernardes.

O programa segue sendo líder de audiência em sua faixa, com média de 7 pontos na Grande SP, onde cada ponto equivale a 78 mil domicílios, com média de 2,8 pessoas.

Até aí, ok. Historicamente, desde o fim da "TV Globinho" (2015), a emissora não sai muito desse "trilho de audiência" nas manhãs, que varia de 5 a 7 pontos (desenhos davam mais que o dobro disso).

Menos TVs ligadas

Um dos motivos é que a faixa matinal não tem tantos aparelhos de TV ligados: cerca de 29%. Só não tem menos que as madrugadas (18%).

Esse "teto" sempre impediu esse horário de decolar. Além disso, convenhamos, há "séculos" a Globo e outras TVs não produzem nada de relevante pelas manhãs.

Esse horário sempre foi pensado pelos executivos de TV para as donas de casa e crianças.

Pois o mundo mudou há tempos e nem assim as TVs se adaptaram (Globo inclusa).

Parado no tempo

No caso do "Encontro", seja com Fátima, ou agora com Patrícia Poeta, a produção monta uma pauta obsessivamente "identitária", a tal ponto que chega a cansar. Todo dia tem "palestrinha", para usar uma expressão corrente nas redes sociais.

Com Fátima já era uma chatice. Com Poeta não parece que vá mudar alguma coisa.

Falta criatividade, falta graça, falta conteúdo. A atração parece ter parado no tempo.

Para terem uma ideia, na última terça, de 1h de duração do "Encontro", quase 20 minutos foram dedicados a alguma coisa ligada à novela "Pantanal".

Umbigo global

Não tem um dia que o programa não pendure no "remake" para segurar o horário.

Além disso, surgiu uma "comentarista" de novelas, que tenta ser engraçada, mas é só mais um "peão" da máquina antropofágica da Globo.

Desde sempre a emissora só tem olhos para seu próprio umbigo. Ainda mais agora, depois de anos sem uma novela que causasse repercussão. Mas, isso cansa.

Também não deixa de ser notável que, bem na estreia, Patrícia Poeta recebeu Péricles de convidado musical.

Não tenho estatísticas precisas mas garanto que é o artista que mais vezes se apresentou no "Encontro" desde sua estreia, em 2012.

Pode-se mudar a apresentadora, mas não se pode mudar a "cultura" de um programa que já nasceu insosso, e que parece fadado a repetir seu conteúdo enfadonho até o dia em que sair do ar.

Certamente não fará falta à TV brasileira, nem às crianças e nem às donas de casa.

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