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Ricardo Feltrin

REPORTAGEM

Queda de ibope se agrava: JN tem pior quadrimestre da história

William Bonner e Renata Vasconcellos na bancada do JN - Reprodução/Globoplay
William Bonner e Renata Vasconcellos na bancada do JN Imagem: Reprodução/Globoplay

Colunista do UOL

01/06/2022 00h09

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Resumo da notícia

  • "JN" ainda é líder com folga, mas queda de ibope é consistente
  • Dos 8 piores ibopes mensais da história, 4 foram este ano
  • Falta de furos jornalísticos pode ser uma das causas
  • Outra causa pode ser explosão das redes e do streaming

Se em 2021 o "Jornal Nacional" registrou seu pior índice de ibope no país em mais de cinco décadas —como esta coluna publicou com exclusividade em dezembro—, tudo indica que em 2022 a coisa será ainda pior.

Dados exclusivos do PNT (Painel Nacional de Televisão) obtidos pela coluna mostram que o "JN" já tem o menor índice de audiência num primeiro quadrimestre desde 1969.

No PNT, cada ponto de ibope equivale a cerca de 270 mil domicílios sintonizados. A análise da Kantar Media é feita nas 15 maiores regiões metropolitanas do país, e, no caso do "JN", vale de segunda a sábado.

Números

No primeiro quadrimestre de 2022, o "JN" está com média de 21,4 pontos e 35,1% de "share". É o menor "share" (ou participação de um programa no universo de TVs ligadas) de todos os tempos.

Até então, o pior começo de ano do "JN" havia sido no ano passado (25,8 pontos e 39,2% de "share").

Para o leitor entender como a situação é complicada: os quatro primeiros meses de 2022 estão entre os oito piores já registrados pelo "JN" (veja números abaixo).

Por quê?

Não é possível apontar, com certeza, o motivo da perda de público daquele que ainda é líder, maior audiência e considerado o mais importante entre os telejornais da TV brasileira.

Porém, é possível fazer uma ilação a respeito: o "JN" pode estar perdendo relevância porque, nos últimos anos, deixou de dar grandes furos jornalísticos.

A verdade é que boa parte do que o telejornal exibe já foi publicada na internet durante o dia.

A linha editorial também parece estar engessada há anos (quiçá, décadas); falta maleabilidade e às vezes nota-se um viés predeterminado (pela visão Globo do mundo)

Além disso, nos últimos dez anos houve uma explosão nas redes sociais, bem como o surgimento do streaming. Ou seja, as pessoas agora têm outras formas de se informar ou de passar o tempo.

Os números mostram que a queda de audiência definitivamente se aprofunda entre o ano passado e 2022.

A coluna procurou a Globo para um posicionamento. O espaço segue aberto.

Os 8 piores meses da história do "JN"

Em "share" (%) e pontos*

  • Fevereiro 2022 - 34,4% e 20,9 pontos
  • Janeiro 2022 - 34,4% e 21,1
  • Março 2022 - 34,7% e 21,1
  • Dezembro 2021 - 35,1% e 20,4
  • Novembro 2021 - 35,4% e 22,1
  • Outubro 2021 - 35,6% e 22,3
  • Abril 2022 - 36,8% e 22,6
  • Setembro 2014 - 36,9% e 23,3

Os 8 piores janeiro-abril do "JN"

Em "share" (%) e pontos*

  • 2022 - 35,1% e 21,4 pontos
  • 2021 - 39,2% e 25,8
  • 2019 - 41,6% e 26,7
  • 2017 - 43,0% e 28,4
  • 2016 - 43,7% e 28,0
  • 2015 - 44,4% e 26,4
  • 2014 - 44,5% e 25,5
  • 2018 - 46,9% e 30,8

Fonte: Dados consolidados da Kantar, obtidos pela coluna

* foi usado o "share" como indicador porque esse índice (participação do programa no universo de TVs ligadas) jamais se altera; ao contrário do ponto de ibope, que sofre alterações todos os anos devido aos ajustes e mudanças populacionais no país.

Outro lado

A coluna consultou a Globo para saber se a emissora gostaria de fazer comentários a respeito deste texto. Se e quando a Globo responder, terá seu lado incluído neste texto.

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