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Ricardo Feltrin

OPINIÃO

Opinião: Internet mostra que SBT deveria ter seu próprio streaming

Elenco da novelinha "Carrossel", um sucesso de cliques na Netflix e no YouTubeT - Divulgação/SBT
Elenco da novelinha "Carrossel", um sucesso de cliques na Netflix e no YouTubeT Imagem: Divulgação/SBT

Colunista do UOL

01/02/2022 00h09

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A demonstração hoje, por esta coluna, dos números da audiência e visualizações de produções do SBT em duas das maiores plataformas da internet, comprova um sucesso que outras emissoras abertas não podem se gabar:

Mesmo sem ter sue próprio serviço de streaming, os resultados do SBT no YouTube provam que boa parte de seu público infanto-juvenil já esqueceu que existe TV aberta, mas continua consumindo o conteúdo da emissora de Silvio Santos na web.

Um único capítulo de "Chiquititas" (o nº 1), por exemplo, tem hoje 3,69 milhões de visualizações no YouTube.

É apenas uma ilação (com uma metodologia imaginária e sem base científica, leitores), mas, se fôssemos transformar esses 3,69 milhões de visualizações em guris e gurias (1 para cada domicílio), em pontos de ibope, isso representaria mais de 14 pontos no PNT (Painel Nacional de Televisão).

Ainda que dividíssemos 2 crianças em cada domicílio, vendo em um só aparelho (laptop, tablet, celular ou o "device" que o valha), ainda assim seriam 7 pontos. O mesmo que o SBT poderia obter na TV aberta no país.

Sim, a Globo também tem hoje grande público que acessa seu serviço Globoplay. Mas está investindo centenas de milhões de reais na plataforma e em conteúdo para ela. O SBT está fazendo só o "arroz com feijão" e vem obtendo sucesso semelhante (mas obtendo muito menos receita, claro).

Além disso os números "parrudos" do SBT podem ser um dos motivos para Erick Bretas, executivo do Grupo Globo, não descartar uma parceria futura com a emissora de Silvio Santos, como o jornalista Guilherme Ravache publicou no "Notícias da TV".

Por que não um SBTFLIX?

O SBT deveria considerar fortemente investir na criação de sua própria plataforma de streaming e vídeo cobrando um valor menor ainda que o da Amazon (R$ 9,90).

Apesar de ter de recomeçar tudo do zero, o tamanho de seu público só na Netflix e no YouTube já garantiriam um novo e enorme público (ainda mais se o valor cobrado for simbólico).

É preciso lembrar que o SBT é remunerado, sim, tanto por YouTube como por Netflix.

Mas, sem dúvida, o grosso das receitas fica com essas empresas, e não o SBT, que é o autor das produções.

E mais ou menos a injustiça que já ocorre há décadas no mundo literário nacional: o escritor se mata, passa meses ou até anos escrevendo uma obra, e ganha no máximo 10% do valor de capa.

Somente com isso em pouco tempo o SBT certamente já estará faturando muito mais do que a receita que obtém com YouTube e Netflix.

Afinal, o público já migrou uma vez. Certamente boa parte de fãs / torcedores não hesitará em migrar novamente.

Não deixa de ser curioso que um canal, cujo dono que nunca valorizou a internet, tenha se tornado um dos maiores fenômenos dela.

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