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Ricardo Feltrin

OPINIÃO

Opinião: Evaristo Costa e CNN Brasil estão errando feio

Evaristo Costa (Reprodução/Instagram) - Reprodução / Internet
Evaristo Costa (Reprodução/Instagram) Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

14/09/2021 12h33

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Temos acompanhado com interesse o mais recente entrevero da TV brasileira: a demissão de Evaristo Costa pela CNN Brasil, sem aviso prévio.

Magoado, o apresentador e jornalista diz que ficou sabendo da demissão pelo noticiário.

Afirma ainda que foi "chutado pela porta dos fundos" porque a emissora não tinha mais interesse nele. Evaristo, 44, é um dos nomes "fundadores" da CNN Brasil.

Ele foi contratado pelo antigo CEO, Douglas Tavolaro, no início do ano passado. A nova CEO, Renata Afonso, optou pelo corte pois Evaristo tinha um dos maiores salários da casa e também uma das "menores" funções.

É aqui que a coisa começa a "pegar" em todo o caso.

Evaristo erra

Evaristo Costa está errando feio ao atacar publicamente a CNN Brasil e agir como o "alecrim dourado" ou o cristal que ninguém pode tocar —para usar termos correntes e jocosos das redes sociais. Ele parece agir como insubstituível e não é. Ninguém é.

Ok, como diz o surrado ditado, "o combinado não sai caro", e ele foi contratado por um salário altíssimo para não trabalhar muito, mas a nova direção também tem direito a ter novas prioridades e decisões.

Se a coisa vai ou não terminar na Justiça, não sei, pois não tenho acesso aos termos do contrato, mas uma coisa é óbvia: Evaristo ganhava muito e fazia pouco para quaisquer padrões corporativos.

Desde que está na CNN —aliás, desde que entrou na bancada do "Jornal Hoje", da Globo— praticamente nunca mais fez uma reportagem ou algo mais relevante para o jornalismo além de ler o "teleprompter" (na Globo) e fazer as "cabeças" ('chamadas") das matérias que outros apuravam na CNN.

Repito, isso foi o acordo dele com Tavolaro e, se ele teve essa prerrogativa, essa benesse, foi de forma absolutamente profissional (não vou dizer "merecida" porque isso é um juízo de valor de cada contratante).

Mas, do ponto de vista da administração, ter um funcionário assim é uma enorme dor de cabeça e também um desperdício de dinheiro.

Dor de cabeça porque você cria uma sensação permanente de injustiça na equipe (por que ele ganha tanto e trabalha tão pouco, e eu trabalho tanto e ganho tão pouco?)

Desperdício de dinheiro porque, óbvio: Evaristo tem uma carreira vitoriosa, mas não é o último floco de cereal do pacote da TV brasileira. Ninguém é.

Além disso, com sua atitude belicosa contra a CNN ele provavelmente está afastando muitas outras emissoras ou empresas que talvez quisessem contratá-lo no futuro.

Pega mal profissionalmente, sem sombra de dúvida.

CNN errou feio também

Só que, por outro lado, não dá para apoiar ou elogiar a atitude da nova direção da CNN Brasil neste caso.

Não custava nada avisá-lo antecipadamente da demissão ou quem sabe tentar um novo acordo para mantê-lo na equipe, mudar suas funções ("que tal trabalhar mais um pouco, amigo?") ou TENTAR alterar valores contratuais.

Nada justifica o "vazamento" da informação da demissão à imprensa antes que ao maior envolvido. É óbvio que o vazamento partiu da emissora —seja quem for— e que isso não tem cabimento e nenhuma justificativa.

Afinal, Evaristo é um dos nomes "fundadores". Trabalhando muito ou pouco, emprestou seu nome e prestígio à nova casa.

Renata Afonso, a nova CEO, afirmou em entrevistas que faria uma gestão transparente e que tinha como objetivo não só lidar com jornalismo, mas com pessoas.

Bom, neste caso definitivamente o lado humano e profissional não foram olhados.

Evaristo acabou saindo de forma espalhafatosa, e desnecessariamente.

Sem contar a humilhação profissional de ser o último a saber dos rumos da própria carreira. Ou de sabê-lo pela imprensa, e não pelo empregador.

Ninguém merece isso.

Outro lado

Por meio de sua assessoria, a CNN Brasil nega que a informação sobre a demissão de Evaristo tenha partido da emissora, e afirma que foram tentados acordos e mudanças de funções com Evaristo, as quais ele não aceitou.

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