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Ricardo Feltrin

ANÁLISE

Assista: Uma fila atrás da vaga de Mion em "A Fazenda"

Colunista do UOL

17/02/2021 10h53

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Um chiste que tem sido repetido nos corredores da Record nas últimas semanas diz que, se alguém enfileirar todos os currículos que estão sendo enviados para a vaga de apresentador de "A Fazenda", seria possível chegar da Barra Funda à sede da Globo no Brooklin.

Brincadeiras à parte, apresentadores empregados, desempregados, jornalistas, funcionários da própria Record e até uma corrente unida de mulheres que defende que chegou a hora delas apresentarem o reality show estão de olho gordo na vaga recém-aberta.

Por trás disso tudo está a surpreendente rescisão de contrato de Marcos Mion pela Record, quase um ano antes de o vínculo expirar.

Várias coisas chamam a atenção nessa demissão repentina e incomum —especialmente na Record.

A coluna ouviu vários funcionários da Record e há um sem-número de "justificativas" para a inédita quebra contratual.

Por exemplo, há quem diga que o sucesso subiu à cabeça de Mion.

Há quem diga que a direção da casa ficou enciumada com a atenção e os elogios que o "host" recebeu da mídia.

Outro argumento diz que ele e o diretor do programa (Rodrigo Carelli) se desentenderam ao ponto de ruptura.

E há também o eterno argumento de que "nenhum apresentador é maior que o programa ou que a própria Record".

Velha ladainha

Como colunista que trabalha na TV há 24 anos, só duvido de uma tese: que o sucesso tenha subido à cabeça de Mion ao ponto de mudar sua personalidade.

Marcos Chaib Mion, 41 anos, tem mais de 20 anos de carreira na TV, com vários sucessos. Se nunca subiu antes, não teria o porquê de ocorrer isso agora.

Mais que isso: tem mais de 10 desses 41 anos dedicados com afinco à Record.

E convenhamos: se tem um nome que ajudou a mudar a imagem "caretona" que a Record sempre teve, certamente foi ele com o inovador "Legendários".

Mion nunca se furtou a trabalhar, nunca reclamou das muitas mudanças de horário ou de fazer "hora extra" como ator .

Aliás, "A Fazenda" caiu em seu colo quando a Record não tinha muitas opções para o posto.

Pois ele foi lá e segurou a onda e ainda melhorou e deu mais química ao reality de confinamento.

Ao ponto de esta última edição ter sido a mais bem-sucedida comercialmente da história da emissora.

(nota: curiosamente, agora que ele saiu já tem gente dizendo que não é bem assim, que não foi esse sucesso todo , não etc e tal)

Por fim fica o que esta coluna considera um "desrespeito" profissional inédito numa casa onde vive se ouvindo falar em "bondade" ou "perdão" (dada sua relação umbilical com uma igreja).

Nem Britto Jr nem Chris Flores, mesmo já afastados de um programa, foram tão maltratados e humilhados como ocorreu com Mion. Ficou feio para a Record

Como já disse no vídeo acima, não sou amigo de Marcos Mion, não temos ou jamais tivemos nenhuma relação de amizade ou intimidade. E que eu saiba isso não é pessoal: Mion naturalmente sempre evitou amizade com jornalistas —e eu o entendo perfeitamente.

Mas, como colunista, é impossível não ter respeito com ele: um artista que nunca usou assessoria de imprensa para se autopromover (aliás, pelo contrário), que não se envolve em escândalos fora ou dentro da emissora e que ainda está e sempre esteve disponível para participar de trabalhos sociais.

Não bastasse tudo isso, ainda é um competente, versátil e brilhante apresentador, humorista (e ator nas horas vagas).

"Ninguém é maior do que a Record", deve ter sido o surrado argumento final para sacá-lo.

Pois dessa vez a Record é que se apequenou. Lugar para ele na TV certamente não faltará.

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