Exclusivo: TV aberta perdeu quase metade do público em 20 anos
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Resumo da notícia
- A cada ano as pessoas veem menos TV aberta, mostra estudo da Kantar Ibope
- As TVs sofrem dura concorrência de outras mídias, como internet e streaming
- Outro problema é o comportamento do jovem, que se afasta cada vez mais da TV
Um abrangente e completo estudo sobre audiência da TV aberta brasileira mostra que, se essa mídia ainda tem grande força junto à população e ao mercado, por outro lado ela parece estar sendo levada às cordas (como se usa no jargão do boxe).
Dados exclusivos de audiência medida pela Kantar Ibope Media mostram que. neste século, com exceção da RecordTV, todas as emissoras abertas perderam público em volumes avassaladores.
Para onde está indo esse contingente de telespectadores que fugiu da frente da tela? Bem, certamente não foi para as bibliotecas públicas ou os livros.
A fuga tem ocorrido para justamente outras telas e mídias: para os celulares, tablets, redes sociais, a internet, os games e os agora temíveis e poderosos serviços de streaming.
Mesmo assim não custa repetir: a TV aberta ainda é uma potência e ainda tem o maior alcance de público entre todas as mídias. Que mídia tem o poder de exibir um evento e ele ser visto ao mesmo tempo por dezenas de milhões de brasileiros ao vivo? Sim, é a TV.
Há duas formas de medir a audiência de TVs (e rádios etc):
1- pelo famoso pontos de ibope —um índice em que o ponto tem um valor diferente em cada região do país, devido às diferenças demográficas;
2 - Ou pelo "share". Share é a participação que uma emissora tem no universo de TVs ligadas; se uma TV por exemplo tem 30% de share numa região ou na média nacional, isso significa que 30 em cada 100 aparelhos nessa região ou país estão sintonizados nela.
Neste estudo optamos por analisar o "share".
Aos números
Por exemplo: numericamente RedeTV e o SBT são os canais abertos que mais perderam telespectadores (share) nos últimos 20 anos (século 21).
A RedeTV perdeu cerca de 57% em participação no total de TVs ligadas no mercado nacional nas 24 horas do dia.
Já o SBT também não fica muito atrás: perdeu 52% de seu público desde 2001.
Até a líder Globo também está "penando", embora ao menos tenha a (correta) estratégia de estar presente em outras mídias como a TV paga ou o streaming (além do cinema).
Ainda assim ela também está encolhendo
A Globo já perdeu desde 2001 cerca de 1 em cada 3 telespectadores.
Mesmo se gente fizer a análise dos pontos de audiência (e não do share), ela também mostra a perda de poder da Globo: em 2001 sua média nas 24 horas do dia em rede nacional era de 20,5 pontos. Hoje essa média é de 15,3 pontos.
A Band também não tem nada que comemorar: perdeu cerca de 37% do público no século 21.
Só a Record se salvou por ora
Sim, por mais que muita gente duvide, a Record foi a única neste século a seguir na direção contrária: das emissoras abertas, é a única que mostrou crescimento de público —mesmo tendo igreja ocupando uma parte de sua programação nas madrugadas.
Motivo para isso? Bem, a emissora fez uma série de investimentos nos últimos 20 anos que a levou de uma posição quase irrelevante na TV aberta para tirar a eterna vice-liderança do SBT de Silvio Santos.
Entre esses investimentos estão os reality shows, as novelas bíblicas bem produzidas, o jornalismo e a compra de formatos e contratação de estrelas para sua linha de shows.
Para exemplificar com números: em 2001 o "share" da Record nas 24 horas do dia era de 9,2%. Ou seja, cerca de 9,2 em cada 100 aparelhos de TV ligados no país sintonizavam a TV da Barra Funda.
No mesmo ano de 2001, por sua vez, o SBT de Silvio Santos tinha quase 25% de share (ou melhor. 25 em cada 100 TVs ligadas).
Pois em 20 anos esse quadro se inverteu: hoje nas 24 horas a Record atinge 11,8% de share (crescimento de 28%), enquanto o SBT despencou para 11,4% (uma queda de 51%), amargando o terceiro lugar.
Um outro fenômeno que vem ocorrendo é o "encolhimento" do número de telespectadores dentro dos lares brasileiros, como esta coluna publicou com exclusividade em dezembro.
Outros argumentos
Muita gente pode pensar: Ah, mas o público está saindo da TV aberta porque ele está assistindo os programas de TV no celular ou no computador.
Não é o que o cotidiano mostra: com exceção da Globo, nenhuma emissora está investindo pesado em novas mídias.
E, mesmo as que estão fazendo isso ainda de forma incipiente (SBT, RedeTV, Band e Record), os números de "views" de seus programas ainda são muito pálidos.
Um dos problemas a ser incluído na equação é que o jovem telespectador brasileiro não assiste mais TV aberta —exceto um ou outro reality show, ou jogos de futebol pelo seu time (como mostrou a audiência da final da Libertadores no SBT).
Mas, a programação precisa ir muito além disso. Se esse veículo quiser sobreviver.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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