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Ricardo Feltrin

Total de TVs ligadas cresce, mas "Bom Dia SP" dorme no ibope

Rodrigo Bocardi, apresentador do "Bom Dia São Paulo" - Reprodução/TV Globo
Rodrigo Bocardi, apresentador do "Bom Dia São Paulo" Imagem: Reprodução/TV Globo

Colunista do UOL

24/09/2020 00h09

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Segundo registros obtidos com exclusividade por esta coluna, o "Bom Dia São Paulo", jornalístico matinal e diário da Globo, tem praticamente o mesmo ibope há pelo menos uma década.

Chova ou faça sol, com ou sem pandemia, esteja o trânsito caótico ou tranquilo, o telejornal da Globo segue com 8 pontos de audiência em São Paulo, mesma coisa que registrava em 2009, por exemplo.

Cada ponto de ibope em SP equivale a cerca de 75 mil domicílios. A medição é feita pela Kantar Ibope Media.

Apesar de ainda ser líder em pontos de ibope, na participação no universo de TVs ligadas o "Bom Dia SP" vai de mal a pior: 47,3% das TVs ligadas em 2009 sintonizavam o jornalístico (quase metade dos aparelhos, portanto).

Hoje esse índice é de cerca de 37%

O que é mais curioso: dez anos atrás o total de TVs ligadas em São Paulo no horário do "Bom Dia São Paulo" era de 17% (ou seja, 17 em cada 100 aparelhos de TV ligados).

Neste ano esse total subiu para 21% (no ano passado foi de 23%).

Em outras palavras, há mais público diante das TVs, mas o telejornal da Globo segue perdendo espaço.

O que chama a atenção ainda mais é que o "BDSP" não tem praticamente concorrente.

Os telejornais das outras TVs abertas são fraquíssimos, quando não sensacionalistas e constrangedores (vide "Primeiro Impacto", do SBT).

Motivos possíveis para a estagnação do "Bom Dia SP":

- a concorrência da internet na notícia em tempo real;

- pouco jornalismo de verdade e excesso de assuntos comezinhas e redundantes, como previsão do tempo (que está na tela inicial de qualquer celular) ou as famosas "imagens de trânsito" da CET;

- clima de "descontração forçado e desnecessário;

- formato do produto e de apresentação sem quaisquer novidades;

E mais: tudo isso é agravado pelo fato de que, ao lado das madrugadas, a faixa matinal na TV tem uma espécie de "teto" de público. Muito mais que isso é impossível também (exceto quando ocorrem tragédias locais).

Resumindo: os telejornais locais e matinais da Globo (o problema se estende a outras praças) precisam de um "chacoalhão" ou seguirão quase sem relevância.

O telespectador merece mais, e o anunciante também.

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