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Ricardo Feltrin

Fim do mundo? Nº de assinantes de TV paga volta a dezembro de 2012

TV por assinatura afunda no país com cada vez menos assinantes - iStock/Getty
TV por assinatura afunda no país com cada vez menos assinantes Imagem: iStock/Getty

Colunista do UOL

04/09/2020 00h54

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Em dezembro de 2012, quando todas as atenções da mídia planetária estavam voltadas para o fim do mundo —que jamais foi previsto pelos maias, é bom lembrar—, a TV paga no Brasil tinha cerca de 15 milhões de assinantes.

É praticamente o número de assinantes hoje, oito anos depois.

Naquele mesmo ano o então presidente da ABTA (Associação Brasileira de TVs por Assinatura), Alexandre Annenberg (nota: pai de Sandra), estava otimista.

Segundo publicou à época o veículo "Meio & Mensagem" naquele ano, Annenberg estimou que em cinco anos a TV paga teria até 40 milhões de assinantes e faturaria R$ 40 bilhões no ano de 2017.

Para comparação, o "M&M" publicou que naquele primeiro trimestre de 2012 a TV paga havia faturado R$ 5,4 bilhões entre venda de pacotes e publicidade. A TV aberta no mesmo período havia faturado R$ 4,2 bilhões (só com publicidade, claro).

Annenberg, assim como as operadoras, tinham certeza que o setor não voltaria no tempo e que a Copa do Mundo no Brasil dois anos depois iria bombá-lo ainda mais.

7 x 1

Faltou apenas combinar com a realidade de um país que só faz conviver com a crise econômica, o desemprego e seu futebol instável e que deixou a Copa de 2014 em casa humilhado com o 7 x 1 contra a Alemanha.

Desde então a TV por assinatura no Brasil acompanhou a Seleção ladeira abaixo.

Não é o caso de rir ou criticar a previsão do ex-presidente da ABTA.

Afinal todos nós fazemos previsões ou estimativas, "volta e meia".

Esta coluna mesmo, recentemente, fez uma projeção do que pode ocorrer com a TV paga nos próximos anos.

Inclusive "antecipando" que —talvez— a própria expressão "TV paga" desapareça um dia, engolida pelos serviços de streaming.

Como esta coluna "previu", quiçá a própria TV paga se torne um streaming também, o que já vem ocorrendo de certa forma. Mas, sempre é preciso tomar cuidado.

Vale para o jornalismo também

O caso serve como exemplo de como os executivos (e jornalistas) devem tomar cuidados e precauções antes de se enveredarem pelas profecias ou se deixarem envolver no otimismo momentâneo.

Recentemente, em plena pandemia, um colega jornalista também encheu de loas, mimos e elogios a então nascente moda das "lives" na internet.

Segundo ele, as "lives" eram o novo paradigma, a revolução, o marco de uma nova era para artistas que não dependeriam mais de divulgação em TVs. Era praticamente o fim do poder da Globo junto à música.

Mais uma vez a realidade esmagou a pretensão profética: menos de dois meses após esse texto as "lives" já haviam enchido o saco de todo mundo.

Quem não quer saber de artista fazendo "live" hoje são os diretores de TVs, e não os artistas.

Além, claro, dos internautas empanzinados de tantos shows de baixa qualidade técnica e musical na internet

Esses são dois casos em que a realidade atropelou os "Neostradamus" do século 21.

Que fiquem de lembrança.

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