Palestra, "merchan", evento? O que jornalistas da Globo podem ou não fazer
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Conforme esta coluna informou ontem, o jornalista Evaristo Costa teve de recusar ofertas de anunciantes em suas redes sociais porque ele ainda tem vínculo contratual com a Globo.
A coluna apurou o que os jornalistas podem ou não fazer, de acordo com as normas internas da Globo. Vamos à lista:
Propaganda e merchandising: Duas ações totalmente proibidas. Embora não seja uma regra oficial, há inclusive uma recomendação velada para que nem nas redes sociais os jornalistas da emissora ostentem roupas ou produtos com grifes estampadas.
Essa regra é válida apenas para profissionais lotados no Departamento de Jornalismo, claro. Jornalista que migrou para o entretenimento não está submetido.
Mas não é uma permissão ao deus-dará. A Fatima Bernardes não pode decidir, por exemplo, fazer “merchan” em seu Instagram privado sem avisar a Globo. Tudo deve ser submetido à emissora.
Em programas de entrevistas da casa, como o "Conversa com com Bial", "Encontro com Fátima" e "Altas Horas", por exemplo, até os convidados são avisados com antecedência que, no dia da gravação, não devem usar camisetas, bonés ou roupas com logotipo de nenhuma grife. Se o convidado esquecer ou insistir, ele terá de usar uma outra roupa cedida pelo figurino da casa.
Palestras: A Globo até permite que seus profissionais de jornalismo deem palestras, com a condição de que o assunto não seja política; além disso o evento não pode ter cobertura de outras emissoras de TV; aliás, de preferência, de nenhum tipo de imprensa.
Palestras sobre política são muitas vezes vetadas e, mesmo que o assunto seja outro, os profissionais não podem expressar suas ideologias pessoais publicamente. Nem mesmo em redes sociais. Você dificilmente vai ver um jornalista da Globo postando #ForaTemer ou coisa do gênero. Mas isso não significa que não possam se manifestar ou mesmo se revoltar publicamente com a situação política do país (ou com os políticos). Taí o atuante Chico Pinheiro no twitter, entre outros, que não me deixa mentir.
Mestre de cerimônias e eventos: Com raras exceções, os jornalistas da Globo podem ser mestres de cerimônias e eventos, mas aqui vale a mesma regra das palestras: o evento não pode ter cobertura da imprensa e o profissional não pode dar entrevistas a outros veículos. Ele (ela) vai até o local, apresenta o evento, e tchau.
Media training: Mais ou menos até a década passada isso era permitido e alguns jornalistas da Globo fizeram fortuna com media training --grosso modo, um treinamento de porta-vozes e jornalistas focado geralmente em situações de crise. Diz a lenda, William Waack, antes de assumir a bancada do “Jornal da Globo”, chegava a ganhar R$ 70 mil por uma sessão de cinco ou seis horas com jornalistas de empresas privadas. Hoje essa atividade extra-profissional não é aceita pela emissora, mas sabe-se que ainda há quem faça às escondidas.
Mediação de debates: Vale a mesma regra que para palestras e mestre de cerimônias. Não pode ter cobertura da mídia em geral, o profissional não pode divulgar sua ideologia política, preferências partidárias etc., e tampouco dar entrevistas durante ou após o evento.
Canal no You Tube: Para jornalistas, não é permitido. Antigamente a emissora não queria nem que artistas tivessem canais, já que o You Tube é considerado um rival midiático do Grupo Globo.
O problema é que nos últimos tempos quase todo o estafe de dramaturgia da casa está recebendo apenas por obra; não existem mais contratos de longa duração. Então fica difícil proibir artistas de abrirem seus próprios canais privados. Caio Castro e Sophia Abrahão, por exemplo, são youtubers ativos.
Participação em conselhos de empresas: Um jornalista da Globo até pode fazer parte, por exemplo, do conselho de uma Santa Casa de Misericórdia ou uma ONG educacional, desde que seja pró-bono (sem receber), como um trabalho voluntário.
Mas, recentemente, descobriu-se que uma jornalista da Globonews integrava o conselho de uma dessas empresas de "consultoria" ou "aconselhamento" de investimentos. Obviamente não era um trabalho voluntário, e sim remunerado. Seu nome constava inclusive no expediente do site da empresa. Hoje não mais. Isso causou grande bafafá e ela teve de deixar o cargo "extra", a despeito de ser contratada pela Globo como pessoa jurídica.
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