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Ricardo Feltrin

Record, SBT e RedeTV cortam sinal para 16 milhões de pessoas na Grande SP

Os "parceiros" de Simba Silvio Santos, do SBT, e Edir Macedo, da Record - Divulgação/Record
Os "parceiros" de Simba Silvio Santos, do SBT, e Edir Macedo, da Record Imagem: Divulgação/Record

Colunista do UOL

30/03/2017 00h07Atualizada em 02/04/2017 17h36

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A Simba, empresa criada para representar SBT, Record e RedeTV!, materializou suas ameaças e cortou seu sinal das operadoras Net-Claro e Sky nesta madrugada do dia 30 de março de 2017 em toda a Grande São Paulo. Elas já haviam cortado o sinal no Distrito Federal.

A decisão de cortar o sinal, cabe avisar, foi dos canais, e não das operadoras.

A Net encerrou a transmissão dos canais e, em seu lugar, colocou um aviso de que continua a negociar para prosseguir a transmissão. Assinantes da Sky relataram que o sinal das três continuavam meia hora após o desligamento, porém. 

A Grande São Paulo tem cerca de 4 milhões de pontos de TV. A Net representa a maioria.

Porém, somando os sinais perdidos também pela população que tem pontos piratas, o bloqueio do sinal dessas três TVs significa o desaparecimento de suas marcas para um público estimado em ao menos 16 milhões de pessoas.

A coluna havia anteriormente estimado esse universo em 20 milhões, mas obteve números mais detalhados e atualizou este texto.

No momento mais importante da TV desde seu nascimento, cerca de 68 anos atrás, esta noite marcou o fim do sinal analógico em transmissões de TV.

Como entidade, porém, a banda usada hoje para o sinal analógico renascerá em breve como duto para internet rápida.

O fim do sinal analógico e sua gratuidade abriu a possibilidade legal para que todas as TVs pudessem vender seus sinais HD. Efeito da nova TV digital.

A exigência da Simba não é em vão ou um capricho. Afinal as operadoras já desembolsam bilhões de reais em remuneração a outros grupos de mídia.

Globo e Band, por exemplo, são pagas há anos por Sky, Net e Cia. Só que ambas incluem seus sinais abertos em uma enorme cesta com seus canais pagos, e é essa cesta que é comprada pelas operadoras.

Só a Net remunerou os quase 50 canais Globosat (inclusive os PPV) em 2013 em mais de R$ 1,4 bilhão.

Com a Simba, as três novas sócias SBT, Record e RedeTV uniram forças para reivindicar seu quinhão nesse mercado bilionário. Não há valores oficiais, mas estima-se que queiram mais de R$ 840 milhões das operadoras anualmente por seus sinais.

Em entrevista a Maurício Stycer, no UOL, o vice-presidente da RedeTV!, Marcelo de Carvalho, defendeu que as operadoras têm “gordura” suficiente para aceitar a reivindicação da Simba.

As operadoras têm opinião oposta, e ela foi expressa em uma entrevista exclusiva de Oscar Simões, presidente da Associação Brasileira de TVs por Assinatura, ao UOL.

Para ele, o momento de crise econômica é o pior possível para esse tipo de reivindicação.

Em outras palavras, o setor certamente não vai absorver um gasto desse tamanho sem repassá-lo ou ao menos dividi-lo com os assinantes. 

CRISE SÓ COMEÇOU

A guerra entre TVs abertas e operadoras não só ainda está longe de terminar como  tem a partir de hoje um novo protagonista: o governo federal.

Por meio da Anatel, o governo já abriu  uma espécie de processo administrativo questionando as operadoras sobre os motivos de os canais estarem sendo tirados do assinante. No caso de entender que houve algum desrespeito às leis, as operadoras podem inclusive sofrer multas milionárias.

Para as operadoras, a situação é considerada absurda, pois não foram elas que bloquearam o acesso aos canais, foram os próprios canais.

A Anatel porém pode alegar que elas deveriam ter procurado os canais para conversar e se entender antes, mas acontece que meses atrás as operadoras estavam tentando impedir que a Simba existisse, no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), e não negociar.

Restará a elas tentar explicar tudo isso ao governo… E aos seus milhões de assinantes.

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