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Ricardo Feltrin

Sem dinheiro de igrejas, Record, Band e RedeTV! não fechariam orçamento

Bispo Márcio Carotti, da Igreja Universal, no "Fala que Eu te Escuto", programa da Record - Reprodução/TV Record
Bispo Márcio Carotti, da Igreja Universal, no "Fala que Eu te Escuto", programa da Record Imagem: Reprodução/TV Record

24/01/2017 04h00

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Logo no início do ano, meu colega Flávio Ricco escreveu neste UOL um texto criticando a venda de horários de TV para igrejas.

De fato, Ricco aponta para um problema recorrente e até hoje sem solução: graças a uma legislação sobre mídia atrasada, confusa e em muitos casos omissa, a venda de horários por emissoras de TV no Brasil, seja para empresas sérias, produtoras caça-níqueis ou igrejas está ao deus-dará (sem trocadilho).
 
O problema é que do ponto de vista pragmático muitas TVs abertas e suas afiliadas não fecham mais as contas e em alguns casos correriam até risco de insolvência sem a venda desses horários. É um dinheiro sagrado (com trocadilho).
 
Os orçamentos de Record, Band e RedeTV! (e Gazeta, em SP) hoje dependem das igrejas quase que como estas dependem de seus fiéis. A coluna obteve estimativas junto a pessoas a par do mercado. Vamos aos números:
 
Cerca de 30% do faturamento total (R$ 1,8 bilhão) da Record vem da Igreja Universal, conforme esta coluna informou recentemente.
 
Dos cerca de R$ 500 milhões que o Grupo Band fatura por ano, provavelmente um terço também venha de igrejas, inclusive o arrendamento do canal 21 para a Igreja Universal.
 
No caso da RedeTV!, a estimativa é que a venda de grade represente até 35% dos cerca de R$ 400 milhões em receitas previstas para este ano.
 
A despeito das críticas contra esse comércio, se esse dinheiro sumisse começariam cortes, demissões em massa e ameaça até de continuidade da operação dessas emissoras e de muitas de suas afiliadas.
 

QUASE EXCEÇÃO

 
 
Nesses tempos bicudos, até mesmo afiliadas da Globo já têm aceitado de mãos abertas anúncios da Igreja Universal de Edir Macedo.
 

TEM COMO NÃO VENDER?

Marcelo de Carvalho, vice-presidente da RedeTV! e único executivo que fala sobre o assunto afirma que o mercado publicitário nacional tem "discrepâncias" que simplesmente obrigam as TVs a vender horários.
 
"Além disso vamos deixar claro que só existe programação religiosa porque há público para assistir."
 
Ele questiona como emissoras como a dele vão sobreviver sem as igrejas se a maioria absoluta do bolo publicitário brasileiro fica só para a Globo. Ninguém quer falar sobre isso, lamenta Carvalho.
 
@feltrinoficial