Sem dinheiro de igrejas, Record, Band e RedeTV! não fechariam orçamento
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Logo no início do ano, meu colega Flávio Ricco escreveu neste UOL um texto criticando a venda de horários de TV para igrejas.
De fato, Ricco aponta para um problema recorrente e até hoje sem solução: graças a uma legislação sobre mídia atrasada, confusa e em muitos casos omissa, a venda de horários por emissoras de TV no Brasil, seja para empresas sérias, produtoras caça-níqueis ou igrejas está ao deus-dará (sem trocadilho).
O problema é que do ponto de vista pragmático muitas TVs abertas e suas afiliadas não fecham mais as contas e em alguns casos correriam até risco de insolvência sem a venda desses horários. É um dinheiro sagrado (com trocadilho).
Os orçamentos de Record, Band e RedeTV! (e Gazeta, em SP) hoje dependem das igrejas quase que como estas dependem de seus fiéis. A coluna obteve estimativas junto a pessoas a par do mercado. Vamos aos números:
Cerca de 30% do faturamento total (R$ 1,8 bilhão) da Record vem da Igreja Universal, conforme esta coluna informou recentemente.
Dos cerca de R$ 500 milhões que o Grupo Band fatura por ano, provavelmente um terço também venha de igrejas, inclusive o arrendamento do canal 21 para a Igreja Universal.
No caso da RedeTV!, a estimativa é que a venda de grade represente até 35% dos cerca de R$ 400 milhões em receitas previstas para este ano.
A despeito das críticas contra esse comércio, se esse dinheiro sumisse começariam cortes, demissões em massa e ameaça até de continuidade da operação dessas emissoras e de muitas de suas afiliadas.
QUASE EXCEÇÃO
O SBT é uma exceção, pois se recusa a vender horários para igrejas até hoje.
No entanto, algumas afiliadas da emissora sobrevivem também vendendo grade para pastores e outros evangelizadores, conhecidos e desconhecidos.
Nesses tempos bicudos, até mesmo afiliadas da Globo já têm aceitado de mãos abertas anúncios da Igreja Universal de Edir Macedo.
TEM COMO NÃO VENDER?
Marcelo de Carvalho, vice-presidente da RedeTV! e único executivo que fala sobre o assunto afirma que o mercado publicitário nacional tem "discrepâncias" que simplesmente obrigam as TVs a vender horários.
"Além disso vamos deixar claro que só existe programação religiosa porque há público para assistir."
Ele questiona como emissoras como a dele vão sobreviver sem as igrejas se a maioria absoluta do bolo publicitário brasileiro fica só para a Globo. Ninguém quer falar sobre isso, lamenta Carvalho.
@feltrinoficial
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