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Trabalhos sobre reivindicações sociais faturam Prêmios Rei da Espanha

04/03/2021 01h27

Madri, 3 mar (EFE).- Trabalhos sobre reivindicações sociais na América Latina levaram a melhor nesta quarta-feira em várias categorias da XXXVIII edição do Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha.

Um júri formado por destacados profissionais internacionais de jornalismo escolheu os vencedores da premiação, que contou com 155 candidaturas procedentes de 20 países da América Latina.

A reunião do júri foi realizada pela primeira vez de forma virtual devido às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, que também marcou o curso de alguns dos trabalhos vencedores.

Os Prêmios Internacionais de Jornalismo Rei da Espanha são concedidos anualmente desde 1983, quando foram criados pela Agência Efe e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID). O objetivo é reconhecer o trabalho informativo dos profissionais de jornalismo nos idiomas espanhol e português dos países que compõem a Comunidade Ibero-Americana de Nações e daqueles com as quais a Espanha tem vínculos de natureza histórica e de relações e cooperação cultural.

Nesta ocasião, o júri escolheu a qualidade dos trabalhos relacionados aos movimentos sociais na América Latina, como "Los vídeos del estallido social", publicado pelo jornal digital chileno La Tercera, que recebeu o Prêmio Rei da Espanha de Jornalismo Digital por seu trabalho de verificação e visão crítica em meio às mobilizações sociais naquele país.

O júri premiou, por maioria, a produção da jornalista Tania Soledad Opazo Guerrero e sua equipe, considerando que "reflete que os tempos do jornalismo estão mudando".

A reportagem compila e conta as histórias por trás dos vídeos gravados por meio de telefones celulares durante a explosão social que ocorreu no Chile em 2019 e 2020 e que viralizaram nas redes sociais.

Já o feminismo esteve presente como tema de "Calladitas nunca más", da Univisión Noticias Digital, do México. O trabalho, em formato podcast, foi vencedor do Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha na categoria Desenvolvimento Cultural e Social.

O júri ressaltou que a produção premiada "revive as manifestações das mulheres mexicanas, nas quais pela primeira vez na história elas se fazem ouvir nas ruas para reivindicar sua luta contra a violência de gênero".

O trabalho foi publicado em 4 de março de 2020 e mostra uma grande compilação de arquivos com sons ao vivo, música, entrevistas com testemunhas, mulheres jovens, mães, jornalistas e mulheres em cargos públicos.

A grande migração venezuelana para a Colômbia foi destacada com o Prêmio Ibero-Americano de Jornalismo com "Migrantes: resistir en medio de la pandemia", uma reportagem publicada pelo jornal colombiano El Tiempo.

O trabalho premiado foi realizado por Jhon Torres Martínez e sua equipe, e o júri valorizou o fato de que explica "muito bem uma situação de êxodo e que serve para chamar a atenção para esta tragédia".

Uma imagem intitulada "The Last Embrace", do fotógrafo colombiano Carlos Alberto Emilio Velásquez Piedrahita, ganhou o Prêmio Internacional de Jornalismo do Rei da Espanha na categoria Fotografia.

O júri destacou em sua decisão a força e as informações refletidas em uma única imagem, que resume o evento informativo e o impacto de algo tão desolador quanto a perda de um irmão.

Uma entrevista ao vivo à W Radio, da Colômbia, recebeu o prêmio na categoria Rádio por "Cliver Alcalá: El general (r) venezolano que confesó su plan para asesinar a Nicolás Maduro", uma entrevista ao vivo de Juan David Cardozo.

A jornalista portuguesa Catarina Isabel Canelas Gonçalves venceu o Prêmio Especial Ibero-Americano de Jornalismo Ambiental e Desenvolvimento Sustentável por

"Plástico: o novo continente", reportagem exibida pelo canal português "TVI" em 10 de agosto de 2020 e que mostra "imagens chocantes que refletem um enorme problema global, o da invasão do plástico nos mares".

A obra "Leonardo Padura, una historia escuálida y conmovedora", do jornalista cubano Nayare Menoyo, recebeu o Prêmio Internacional de Jornalismo do Rei da Espanha na categoria Televisão.

O júri destacou em sua decisão que o prêmio reconhece "uma história muito bem contada com uma evidente falta de meios que o prende", sobre o escritor, jornalista e roteirista cubano Leonardo Padura, Prêmio Princesa das Astúrias de Literatura.

O júri também premiou o jornal El Periódico, da Guatemala, na categoria Mídia Destacada da Ibero-América, por seu "trabalho incansável de jornalismo investigativo pelo qual seu diretor e equipe sofreram ataques, perseguições, campanhas de difamação e até bloqueios comerciais".

Na categoria Imprensa, o vencedor foi o jornalista espanhol Pedro Simón, do jornal El Mundo, por sua reportagem intitulada "Hugo, historia de un corazón".

Já o cubano Carlos Manuel Álvarez Rodríguez ganhou o Prêmio Dom Quixote de Jornalismo, em sua 17ª edição, pelo artigo "Tres niñas cubanas", publicado na revista El Estornudo, de Cuba, em 23 de fevereiro de 2020.

O autor conta o desabamento de uma sacada em uma rua de Havana Velha que causou a morte de três meninas que voltavam da escola para casa. O caso serviu para destacar a deterioração de edifícios em muitos bairros da cidade.

Os Prêmios Internacionais de Jornalismo Rei da Espanha são patrocinados pelo grupo industrial Suez e ofereciam nesta edição aos vencedores 6.000 euros e uma escultura do artista Joaquín Vaquero. Já o ganhador do Prêmio Dom Quixote faturou 9.000 euros e uma escultura de Xema Teno.

Os prêmios são entregues desde sua criação pelo rei e a rainha da Espanha - primeiro pelo agora rei emérito Juan Carlos I e a rainha Sofia, e depois por Felipe VI e a rainha Letizia.

Entre os vencedores estão escritores como Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura, e o espanhol Arturo Pérez Reverte.