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Cazaquistão usa famosa frase de Borat para promover turismo

29/10/2020 14h50

Kulpash Konirova.

Nursultan, 28 out (EFE).- O Cazaquistão decidiu usar como estratégia para promover o turismo no país o bordão do protagonista de "Borat", polêmico filme do britânico Sacha Baron Cohen sobre um jornalista cazaque fictício, conhecido difamar a ex-república soviética.

"Very nice! (Muito legal!)" é a "frase chiclete" usada pelo personagem no segundo filme da franquia, que estreou no dia 23 de outubro na plataforma de streaming Amazon Prime Video e que agora se tornou o novo slogan da campanha nacional para atrair turistas para o país da Ásia Central.

"A reação violenta (das autoridades) só aumenta o interesse pelo filme e favorece o jogo para o time de Cohen. Por isso, decidimos usar o inevitável a nosso favor. Apoiamos essa campanha e assumimos sua promoção internacional", disse em entrevista à Agência Efe o vice-presidente da Companhia Nacional de Turismo do Cazaquistão, Kairat Sadvakassov.

Como "Borat Subsequent Moviefilm: Delivery of Prodigious Bribe to American Regime for Make Benefit Once Glorious Nation of Kazakhstan" (Borat, Filme Subsequente: Entrega de um Suborno Prodigioso ao Regime Americano para Beneficiar a uma Vez Gloriosa Nação do Cazaquistão, em tradução livre), foi lançado pela Amazon, o Ministério da Cultura do Cazaquistão não pôde proibí-lo, como fez em 2006, quando o primeiro filme da saga, gravado como se fosse um documentário fictício, teve sua distribuição vetada pelo governo.

ATITUDE INESPERADA.

Desde a estreia do segundo filme de Borat, que mais uma vez passa uma imagem negativa do país, a Companhia Nacional de Turismo lançou uma série de vídeos comerciais sobre a natureza, o povo e a gastronomia do país, que contam também com a participação de estrangeiros que moram no Cazaquistão.

O primeiro vídeo publicado no canal da empresa estatal no Youtube, Kazakhstan Travel, no dia 26 de outubro, já teve mais de 780.000 visualizações.

O responsável pela ideia foi Dennis Keen, um americano, da Califórnia, que mora no Cazaquistão, onde trabalha como etnógrafo e guia turístico em Almaty, a segunda maior cidade do país.

"A campanha 'Very nice' não fala sobre o filme em si. É sobre pegar uma imagem negativa do Cazaquistão e transformá-la em algo positivo", disse à Efe o também responsável pelo projeto WalkingAlmaty.com.

FRASE PERFEITA.

De acordo com Keen, o Cazaquistão deveria "adotar uma abordagem alegre do filme e do bordão de Borat".

"Muito legal! Essa frase é perfeita para descrever o país. A frase é tão versátil: os cazaques são amigáveis (Very nice!), a gastronomia é espetacular (Very nice!), a natureza é impressionante (Very nice!). Simplesmente funciona, embora ainda seja uma irônia referente ao filme que todos conhecem ", afirmou o especilista.

O americano relembrou, ainda, uma viagem que fez à Califórnia. Cada vez que mencionava o Cazaquistão escutava frases do filme, que eram pronunciadas com a mesma entonação de Borat, e daí surgiu a ideia de criar a campanha.

CAZAQUISTÃO REAL.

Segundo o jornal americano The New York Times, o próprio Sacha Baron Cohen já conhece essa ação promocional que utiliza a frase de Borat, enviou um pronunciamento por e-mail no qual insiste em que seus filmes não tem como objetivo ofender o Cazaquistão.

"É uma comédia, e o Cazaquistão do filme não tem nada a ver com o país real. Eu escolhi o Cazaquistão porque quase nos ninguém sabia algo sobre ele, o que nos permitiu criar um mundo falso selvagem e cômico. O verdadeiro Cazaquistão é um país magnífico com um povo moderno e orgulhoso", defendeu o ator e roteirista de 46 anos no texto.

No entanto, o vice-presidente da Companhia Nacional de Turismo do Cazaquistão não está satisfeito com esse pronunciamento, e disse à Efe que está tentando entrar em contato com Cohen para que ele participe da campanha.

"Queremos propor várias formas de cooperação, como viajar ao Cazaquistão para que ele possa ver o país com seus próprios olhos, e lançarmos um projeto conjunto", revelou Sadvakassov, que acredita que Cohen aceitará a proposta. EFE

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