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Após bloqueio, dois portais russos críticos do Kremlin decidem fechar

05/08/2021 07h48

Moscou, 5 Ago 2021 (AFP) - Dois veículos de comunicação russos ligados ao opositor Mikhail Khodorkovsky anunciaram, nesta quinta-feira (5), o encerramento de suas atividades, depois de terem seus portais de Internet bloqueados pelas autoridades.

Na quarta-feira (4), as autoridades russas bloquearam o acesso aos sites de dois meios de comunicação e de uma organização de direitos humanos ligados a este ex-oligarca exilado na Europa.

"Depois que todas as organizações do (opositor Alexei) Navalny foram declaradas 'extremistas', as autoridades também bloquearam o MBKh Media, a Open Media e a organização de apoio jurídico" Pravozachita Otkritki, tuitou este antigo adversário do presidente russo, Vladimir Putin.

"As autoridades não querem projetos de mídia que tenham um olhar crítico sobre o que acontece no país", escreveu a Open Media, nesta quinta, em sua conta no Twitter.

"Decidimos, junto com o investidor, encerrar o trabalho, porque os riscos para o pessoal do projeto são grandes demais", explicou o veículo, que disse ter recebido, em 2017, uma bolsa para um período de cinco anos de Khodorkovsky.

"O projeto MBKh está em processo de encerramento" por medo de processos criminais contra seus funcionários, anunciou no Facebook a então editora-chefe do veículo, Veronika Kutsillo.

"O país afunda rapidamente em uma inacreditável escuridão feudal", acrescentou.

Na manhã desta quinta, na Rússia, os sites de ambos os veículos podiam ser acessados apenas por meio de um VPN (rede privada virtual). Já a página da organização de defesa de direitos parecia não existir mais.

O ente regulador russo do setor das comunicações, Roskomnadzor, disse à agência de notícias Interfax ter realizado este bloqueio a pedido do procurador-geral do país.

Vários meios de comunicação independentes e outros grupos críticos do poder foram banidos na Rússia, recentemente, em meio a uma repressão crescente da oposição diante da proximidade das eleições legislativas de setembro.

A organização Open Russia, de Khodorkovsky, foi classificada como "indesejável" em 2017, antes de se dissolver em 2019.

Mikhail Khodorkovsky foi detido em 2003 e passou dez anos preso. Indultado em 2013, exilou-se na Europa, onde fundou vários movimentos de oposição a Putin.

apo/alf/mba/me/es/tt

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