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Tenor italiano Andrea Bocelli dá concerto inédito em Hegra, no deserto saudita

Andrea Bocelli durante show em 2015 - Brian Rasic/Getty Images
Andrea Bocelli durante show em 2015 Imagem: Brian Rasic/Getty Images

Em Al-Ula (Arábia Saudita)

09/04/2021 10h58

O tenor italiano Andrea Bocelli ofereceu um concerto inédito ontem à noite em Hegra, uma cidade histórica no oeste da Arábia Saudita, localizada no meio do deserto.

O concerto teve como cenário os túmulos nabateus esculpidos na rocha cor caramelo e nas famosas ruínas da cidade, um impressionante conjunto histórico descoberto no século XIX e frequentemente comparado a Petra, na Jordânia.

O cantor, que já se apresentou pelo menos duas vezes na Arábia Saudita, tornou-se "o primeiro artista da história a dar um concerto na cidade de Hegra", declararam os organizadores do evento, transmitido pela televisão.

Hegra faz parte do patrimônio mundial da Unesco e está localizada na região de Al Ula, que é considerada, praticamente, como um museu a céu aberto.

Entre outras canções, Bocelli cantou "Hallelujah", de Leonard Cohen, em dueto com sua filha Virginia, diante de um público limitado a menos de 300 pessoas, devido à pandemia do coronavírus.

Este imenso tesouro histórico é uma das atrações turísticas sauditas. O reino flexibilizou as restrições em vigor há décadas em matéria de lazer para oferecer a imagem de um país mais aberto e atrair turistas.

A Arábia Saudita começou a conceder vistos de turista pela primeira vez em 2019, no âmbito das reformas para diversificar sua economia, muito dependente do petróleo.

Com esse intuito, o país dedicou bilhões ao desenvolvimento de lugares icônicos como Al Ula. Também convidou músicos internacionais, como Janet Jackson, o grupo pop coreano BTS, ou o rapper 50 Cent, para fazerem shows até pouco tempo inimagináveis neste país muito conservador.

A pandemia conteve, porém, as ambições de Riade. Até agora, a Arábia Saudita registrou mais de 395.000 infecções por COVID-19 e 6.700 mortes.

O país também é, com frequência, criticado por sua política de direitos humanos, sobretudo, após o assassinato em 2018 do jornalista Jamal Khashoggi, um grande crítico do governo. Ele foi morto por agentes sauditas no consulado de Riad, em Istambul.