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Jornalistas afegãs se escondem por medo de serem mortas

08/03/2021 12h50

Jalalabad, Afeganistão, 8 Mar 2021 (AFP) - As mulheres que trabalham na emissora Enekaas TV em Jalalabad, no Afeganistão, não puderam ir trabalhar nesta segunda-feira (8) após o assassinato de três de suas colegas na semana passada.

Como resultado do aumento desse tipo de crime no país, a presença de mulheres na mídia afegã caiu 18% nos últimos seis meses, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas Afegãos (AJSC).

No total, 300 trabalhadoras da mídia perderam seus empregos, de acordo com o organismo.

"Minha família me pediu para não voltar à rede de televisão", disse à AFP Nadia Momand, apresentadora da Enekaas TV.

O diretor da empresa também pediu a seis trabalhadoras que "ficassem" em casa, acrescentou.

"Acho muito improvável que voltemos. Perdemos nossos empregos", lamentou.

Três de suas colegas de trabalho foram mortas a tiros em 2 de março, ao deixarem os escritórios.

Menos de três meses antes, outra funcionária da rede sofreu o mesmo destino.

"Amo o jornalismo, mas também quero continuar viva. Não sairei mais, a menos que me mandem um veículo blindado", acrescentou Momand.

"Como não temos meios de protegê-las, pedimos a todas as nossas funcionárias que ficassem em casa até que a situação melhore", disse Zalmai Latifi, diretor da Enekaas TV.

"Também decidimos não contratar mais mulheres", acrescentou.

Nos últimos meses, o Afeganistão tem visto uma onda crescente de assassinatos seletivos de jornalistas e outras figuras proeminentes da sociedade civil, apesar do início das negociações de paz entre o governo e o Talibã em setembro.

O Afeganistão comemora o Dia Internacional da Mulher este ano em meio a ameaças crescentes a jornalistas e profissionais da mídia, especialmente mulheres, denunciou o AJSC.

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