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Semana da Moda de Milão é abalada pelo dramático ano de 2020

23/09/2020 14h52

Milão, 23 Set 2020 (AFP) - Embora a pandemia tenha colocado em dúvida a ocorrência ou não dos desfiles, um terço das grandes marcas de moda assumiu o desafio de participar da Semana de Moda de Milão, na qual o dramático ano de 2020 será lembrado, marcado pela pandemia da covid-19.

Depois de Londres e Nova York, Milão estreou nesta quarta-feira com os desfiles da Missoni e Fendi.

As famosas grifes italianas apresentaram suas novas coleções, uma virtual e outra física.

Para o ano de 2021, a estilista Silvia Venturini Fendi resolveu homenagear a família e o lar. Cerca de cem convidados, devidamente distanciados, sentados em imponentes sofás e com máscaras, puderam admirar com conforto a nova coleção.

Trajes masculinos e femininos, para todas as idades, com ternos estruturados, confeccionados em materiais como linho, algodão, plumas e peles.

Geométricas ou com flores, muitas são inspirados em outra época, lembram os tapetes ou toalhas de mesa de casa, vestimentas que passaram de geração em geração, como calças largas e jaquetas, mangas largas, mules.

No total, mais de 40 marcas participam do total de 64 desfiles masculinos e femininos para apresentar a coleção primavera/verão 2021.

Moschino, Versace e Prada também apresentarão suas novas coleções, entre elas a primeira assinada por Raf Simons e desenhada em conjunto com Miuccia Prada, uma parceria entre dois idealizadores que simboliza um evento para a indústria da moda.

Grandes marcas usarão diversos canais de comunicação, como páginas na internet, canais no YouTube e redes sociais, para apresentar suas novas propostas.

De 23 a 28 de setembro, também haverá um debate sobre as mudanças, erros e discriminações pelas quais passa a indústria, também afetada pela pandemia.

Giorgio Armani anunciou que apresentará sua nova coleção na noite de sábado, em horário nobre, no canal La 7 da televisão italiana.

É a primeira vez que o mestre da moda italiano opta por apresentar sua coleção em um programa de televisão, lançando o conceito de "moda democrática".

- Poucos lugares - Outras vinte e duas grifes optaram por desfilar presencialmente, como Dolce & Gabbana, Etro, Ferragamo e Max Mara.

Será muito difícil conseguir um lugar neste ano por causa das regras duras de distanciamento impostas pela pandemia, com exames obrigatórios para todos os viajantes vindos da França.

Todos os participantes passarão por uma medição da temperatura, terão que desinfetar suas mãos e usar máscaras.

"Organizar um evento com público neste momento é uma verdadeira dor de cabeça. O número de cadeiras foi drasticamente reduzido e isso é uma bagunça diplomática. Devemos evitar ofender", confessou um dos organizadores.

A ausência de compradores chineses, coreanos e americanos, que não podem viajar para a Europa, vai vagar lugares, mas ao mesmo tempo piora a crise do setor, apesar da recuperação registrada na China nos últimos meses.

O faturamento da moda italiana caiu 30% no primeiro semestre de 2020, com forte queda no segundo trimestre.

As casas de moda estão cruzando os dedos para que a circulação do vírus na Itália seja relativamente controlada e não sejam obrigadas a mudar de última hora, como aconteceu em fevereiro, quando Armani teve que desfilar a portas fechadas.

- Com Valentino, sem Gucci -Valentino, que decidiu excepcionalmente desfilar neste ano em Milão em vez de Paris, deixou claro que a empresa priorizou a segurança de sua equipe.

Ao evitar que seus funcionários tenham que pegar aviões, se hospedar em hotéis e se aglomerar nos bastidores, a Valentino tem como objetivo preservar a saúde dos seus funcionários.

A grande ausente será a Gucci, que optou por reduzir o número de desfiles de cinco para dois por ano e organizá-los fora do calendário oficial.

bur-kv/zm-mar/bn/cc