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'Uma rola gigantesca para fora': noite na boate para gays tem sexo ao vivo

"Delícia, delícia, delícia! Vem cá, deixa eu ver se você tá suadinho", diz o apresentador do show para o gogoboy sarado, que abaixa a sunga cavada para "um confere" antes de retornar ao camarim.

Quem faz essa "vistoria" e dá uma agitada nos clientes é o apresentador e produtor Emerson Marcellino. Ao lado do companheiro Anderson Azevedo, ele comanda a Hot House, casa noturna exclusiva para homens no centro de São Paulo.

O lado empreendedor do casal começou na TV Papo Mix, um site e canal de entrevistas fundado por eles para cobrir a noite gay paulistana. Mas o talento de Anderson e Emerson para criação era tanto que eles passaram a promover eventos e shows nas baladas que percorriam. Em 2021, com a reabertura dos estabelecimentos após a covid-19, Emerson teve a ideia de criar sua própria casa de shows, com os mesmos espetáculos que promoviam nas boates, mas com um toque especial.

A portinha discreta da rua Nestor Pestana se transforma em um inferninho de teto baixo, jogos de luzes, música dançante e garçons de sunga servindo drinks aos clientes, que assistem a uma sequência de shows de dança, striptease e até sexo explícito, em dias específicos. Tem de tudo ali: famoso da Globo, jogador de futebol assumidamente gay, médicos de hospital da elite paulistana e motoristas de Uber.

O show dos gogos

Sábado é o dia mais quente na Hot House - o trocadilho não é à toa. Às 22h, dois gogoboys saradíssimos já mostravam seus músculos dançando no palco, enquanto o espaço intimista ia ficando mais cheio. Um deles é Lucas Lino*, uma das estrelas da casa. Há 11 anos dançando na noite e há seis como criador de conteúdo adulto, o moreno de pernas e ombros definidos se delicia nas apresentações.

Olhando assim, por cima da sunga, não achei nada de mais. Mas eu estava muito enganada. Depois da sessão de dança, vem o striptease. Lucas sobe no palco com uma fantasia de rei e vai se despindo aos poucos. Por mais clichê que seja a cena, também é divertido ver um gostoso tirar a roupa aos poucos. Ele tira a sunga, esconde o pau por trás da capa da fantasia e volta para o camarim ao som de aplausos. É um dos momentos mais aguardados pelo público: a hora do PD —momento em que os gogos são tocados, apenas com as mãos e com consentimento, e dançam para cada um dos clientes. Essa apresentação é um dos diferenciais da Hot House, inclusive.

Minutos depois, Lucas retorna e, para minha surpresa, com uma rola gigantesca para fora. Com a sunga na mão, ele caminha em direção à mesa mais próxima do palco, entregando a peça de roupa a um homem na faixa dos 40 anos. O cliente acaricia aquele pau com cara de quem gostaria de cair de boca ali, mas se contém e veste o gogoboy tentando fazer aquela rola dura e grande caber numa minisunga.

Enquanto ele passeia pelo salão, outras duplas de googoboys já estão no palco ou no camarim se trocando - digo, tirando a roupa e vestindo a sunga. Entre eles, um cubano delicioso que estreava no palco da casa e falava o famoso portunhol, o que dava a ele ainda mais charme. Outro é Marlon Salles, um bombado que já posou para a saudosa G Magazine na sessão de "novinhos" da época. Em um canto do salão, existe uma ducha e é onde acontece um número especial: Marlon, de pau duro, se ensaboa e deixa a água cair no peitoral definido. Depois, os clientes que se sentirem à vontade podem secá-lo com as toalhas distribuídas pela produção.

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Marlon Salles já posou para a G Magazine
Marlon Salles já posou para a G Magazine Imagem: Divulgação

Outros dois gogoboys que chegaram para o turno seguinte de apresentações são dois irmãos. Isso mesmo. Marcelo e Marcos dividem o palco e algumas histórias picantes. Marcelo começou a dançar na noite incentivado por um amigo da faculdade que era gogoboy. Tempos depois, quando Marcos perdeu o emprego e precisou de um trabalho temporário, o irmão o ajudou. Eles já estão há seis e quatro anos, respectivamente, se apresentando nas baladas gays.

"A gente tem bastante intimidade e fica de boa dividindo o palco. É apenas parte do trabalho. A galera tem bastante fetiche na gente, mesmo. Já rolou convite para festinhas privadas e tal", conta Marcelo.

Pausa na putaria para receber o show da madrinha da casa: Kylie Hickmann. A artista trans é jornalista, trabalha na secretaria de Coordenação de Políticas LGBTI+ para a Prefeitura de São Paulo e faz performances como drag queen.

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Após a apresentação de Kylie, os garotos voltam para o palco e é a vez do cubano "tímido". Ele encarna o latin lover, tira o chapéu e também a roupa. Se joga no chão e rebola como se estivesse metendo em alguém. Eu e todos ali bem que queríamos estar por baixo dele. A maioria dos gogoboys se dizem hétero, mas claramente ficam confortáveis com outros homens os desejando, alisando e brincando com suas rolas.

O Grand Finale

São quase três da manhã e volto ao camarim para conhecer melhor as últimas estrelas da noite: Arthur e Ramon. Os dois farão a performance de sexo explícito. "É a hora que a putaria rola mesmo, e quem se anima vai para o dark room", conta Anderson. "A maioria vem para assistir os boys, mas tem dia que isso aqui pega fogo", concluiu.

Há menos de dois anos no ramo, Ramon é de Foz do Iguaçu e estava em "turnê" em São Paulo e Paraná. Ele confessa que fica com receio de o pau falhar na hora e toma um viagra. Já Arthur prefere não tomar nada e me conta que em paralelo à sua carreira como psicólogo, em São Paulo, é garoto de programa e gosta de fazer apresentações ao vivo.

Arthur e Ramon
Arthur e Ramon Imagem: Divulgação

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"Tenho um prazer na performance, em ser visto, de estar em um palco. Gosto de fazer performances aqui, porque posso retocar a xuca se precisar, ter banheiro pertinho do palco facilita. Eu sou flex, mas hoje vou de passivo", diz Arthur.

Um sofá surge no palco. Por cerca de dez minutos Arthur e Ramon se pegam sob as luzes acesas do palco. Camisinhas ficam ali pelas mesas disponíveis, e o grand finale começa, as luzes se apagam, e quem quiser pode interagir e ir para o dark.

Fui embora, porque o público claramente estava incomodado de ter uma mulher ali. Mas, pelo que vi de Arthur e Ramon o tesão de um pelo outro ia contagiar aquele salão inteiro e não ia faltar rola para quem quisesse sentar.

*Os nomes foram trocados.

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